Violet
Em algum lugar de San Diego, Califórnia - EUA
Abro os olhos lentamente como se tivesse despertado de um sono profundo. Sinto minha cabeça doer e meu corpo mole quando me sento com dificuldade na cama em que estou deitada. Olho em volta completamente desorientada e sem entender onde estou.
É um quarto pequeno decorado com papel de parede florido que dá um aspecto de antigo. Há poucos móveis, apenas um cama de solteiro, um guarda roupa de madeira, uma escrivaninha e uma porta, além da de entrada, que deve dar para um banheiro.
Começo a me sentir sufocada por ser um lugar apertado com apenas uma janela minúscula no lado direito do recinto. É tão pequena que somente uma criança conseguiria passar por ela. Me levanto para abri-la, está um pouco emperrada, então precisei fazer um pouco de força, o que me deixou tonta por alguns segundos. Nem sei quanto tempo faz desde a última vez que comi. Sinto brisa invadir o quarto e aproveito para fechar os olhos e senti-la. Depois de alguns minutos assim, já me sinto revigorada.
Em seguida, vou um pouco cambaleante em direção a porta de entrada e como já esperava, está trancada. Tento não me sentir desesperada, quero apenas encontrar uma forma de sair daqui, mas pelo visto me colocaram neste cômodo justamente por não ter uma saída possível para quem está dentro.
Tento repassar tudo o que me lembro que aconteceu e a última coisa que me recordo é o rosto triste de K2, enquanto sou levada quase inconsciente ao carro que estava estacionado em frente a cafeteira. Acreditava que ele gostava de mim de verdade, que era apenas um cara fechado, mas que no fundo tinha um certo carinho por ter passado tantos anos fazendo minha segurança.
Fiquei em choque quando descobri que na verdade era infiltrado e fazia parte da gangue, no entanto, mesmo assim continuei nutrindo um carinho por ele.
Meus pensamentos são interrompidos por barulho de chaves, alguém está abrindo a porta. Meu coração quase sai pela boca. Seguro minha barriga automaticamente como forma de proteção ao meu bebê. Independente do que acontecer, irei proteger meu filho com todas as forças.
A porta se abre e quem aparece é K2. Não escondo o olhar de desgosto e decepção. Nada me fará perdoá-lo.
- Violet, como está? Está se sentindo bem? Sei que o éter tem vários efeitos colaterais. - Então, a substância que estava no pano que me deixou inconsciente era o éter. Torço para que não afete meu bebê de nenhuma forma.
- Você ainda pergunta, K2? Como acha que estou? - Meus olhos lacrimejam. - Fui sequestrada! Como espera que eu me sinta?
- Sinto muito e digo isso com sinceridade. Eu precisava muito do dinheiro, não tive escolha. Minha mãe está muito doente e precisava pagar sua cirurgia. - Por um instante, sinto meu coração amolecer e minha pose altiva se desfaz um pouco, porém logo me lembro que ele fez.
- Sinto muito pela sua mãe e espero que ela se recupere rápido, mas isso não justifica. Sabe muito bem que Miguel o ajudaria com toda certeza, mas preferiu ir pelo pior caminho.
- Eu já tinha pedido dinheiro para ele, para comprar alguns remédios. Não queria que Miguel achasse que estou o usurpando. - Para mim, isso são apenas desculpas. Meu namorado nunca acharia isso, ele gosta de ajudar a todos e não se importaria em ajudar K2. - Recebi essa proposta e caiu como uma luva nesse momento. Me desculpe, mas eu precisava muito.
- Então, você não queria que ele achasse que estava o usurpando e decidiu que era melhor ser cúmplice do sequestro da mulher dele? - Solto uma risada sarcástica ao mesmo tempo que K2 engole em seco.
- Foi o melhor que pude fazer, me perdoe. - Ele fala sem remorso algum. Sua frieza não me abala.
- Me poupe de suas desculpas. - Reviro meus olhos. - Tem ideia do que Miguel fará com você depois que descobrir? Você é a peça mais fraca do jogo, K2, será o primeiro a ser descartado.
Por um instante, vejo um deslumbre de arrependimento e medo em seu olhar, porém dura apenas um segundo. Logo ele retorna para sua indiferença e frieza habitual.
- Bem que sua mãe disse que você é dramática demais. Chega desse showzinho, eles estão te aguardando lá embaixo.
K2 me pega pelo braço enquanto sua arma está apontada para minha cabeça. Tento fingir que estou tranquila por fora, mas a verdade é que por dentro estou surtando.
Descemos as escadas lentamente até chegarmos a uma sala de estar que possui o mesmo aspecto do meu cativeiro. Parece que voltamos no tempo e estamos em uma casa dos anos oitenta. Observo os porta retratos antigos espalhados pelo cômodo. Há uma família neles, composta por um casal que deve ser os pais, um menino e uma menina de cabelos lisos e loiros, também há mais fotos dela sozinha. Quando tento me aproximar para ver mais de perto, K2 volta a me puxar pelo braço com a arma apontada para mim e me leva até a uma sala de jantar.
A mesa está posta para três pessoas.
- Que loucura é essa? - Murmuro para mim mesma.
- Eles já estão vindo. - K2 declara e em seguida sai da sala, trancando a porta.
Escuto uma movimentação logo em seguida e já me preparo para recebe-los. Tenho certeza de que meus pais entrarão por essa porta em segundos. Só eles poderiam ter feito tudo isso.
A porta se abre novamente e como havia dito, Terence e Salma Chase entram por ela com a cara mais lavada do mundo. Não estou nem um pouco surpresa.
- Violet, querida. - Minha mãe corre para me abraçar com seu jeito falso.
Dou um passo para trás me afastando dela e cruzo meus braços para reforçar nossa distância.
- Que comportamento é esse, filha? Você ainda deve estar confusa. - Salma deve achar que sou uma idiota, porque suas atitudes não fazem sentindo algum. Ela realmente acha que vim aqui de bom grado e por vontade própria?
- Você deve estar louca, não é possível. - Reviro os olhos. - Acha mesmo que vou cair nesse teatro todo, Salma? Não precisam mais fingir, sei que vocês não me suportam.
Meu pai permanece quieto como se estivesse em outro mundo.
- Me falem logo o porquê me sequestraram. Podiam ter feito isso há muito tempo, mas por que escolheram logo agora? - Os dois se entreolham e depois voltam a me encarar. - Juancho e María estão envolvidos nessa sujeira também?
O silêncio continua no ambiente. Perco minha paciência por completo.
- Vocês não vão falar nada?! São tão incompetentes assim? - Grito.
- Chega de drama, garota. - Meu pai se pronuncia pela primeira vez de maneira raivosa. Parecia que estava se segurando e agora finalmente tirou a máscara. - Você vai se sentar aí e escutar tudo o que temos pra dizer, e depois fará tudo o que nós mandarmos. Ouviu bem?
Ele retira uma arma da cintura e a coloca em cima da mesa como uma ameaça velada.
Nota da autora:
- Gente, quero desejar um feliz ano novo para todas vocês! Muito obrigada por comentarem e votarem nessa história, vocês não sabem o quanto isso me motiva a escrever mais. Que 2024 venha com muita paz, alegria e é claro muitas novas histórias e inspirações.
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A Mulher do Chefe
Любовные романыEla é filha de um milionário e se encontra presa num casamento arranjado. Ele é líder de de uma gangue e não quer se envolver com nenhuma mulher. Ela foge em busca de sua liberdade. Ele oferece proteção. Ambos não conseguem evitar a atração que sent...