Capítulo 46

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Miguel

Me levanto do meu lugar me sentindo sufocado de tantas informações. Quero gritar e surtar, mas sei que não tenho tempo para isso, preciso encontrar minha mulher primeiro e agora tenho certeza de quem pode nos ajudar.

" - Violet está em um lugar que foi minha prisão durante muito tempo. Precisa libertá-la antes que seja tarde de mais..."

Recordo do sonho que tive com minha mãe e essa frase que ela disse ecoa na minha mente. O cabrón do Terence sequestrou Violet e a levou para casa onde foi criado junto de mamãe.

- Você sabe onde fica a casa que o deputado foi criado? Acredito que ele tenha levado Violet pra lá. - Me viro para Ivan e pergunto.

- Não consta em nenhum lugar e nem me preocupei em pegar, porque não imaginava que seria útil. - Ele cerra as sobrancelhas. - Por que acredita que sua mulher esteja lá?

- É só um palpite, mas é melhor do que nada. - Decido não falar sobre o sonho. - Até ontem não tinha a mínima ideia de onde encontrá-la, agora pelo menos, temos essa desconfiança. Terence perdeu quase tudo quando foi exposto pela mídia, a única coisa que sobrou foi a casa de seus pais adotivos. Eles não teriam outro lugar para levar Violet.

Sinto a ansiedade percorrer minhas veias, pois sei que estou mais próximo do que nunca de encontrá-la. Depois que tudo estiver resolvido, vou ter tempo de sentar e montar esse quebra-cabeças que está minha mente no momento.

Foram muitas informações chocantes para um dia só. Saber que minha mãe de certa forma tem um parentesco com esse desgraçado e que ela e meu pai foram assassinados a mando dele é como sentir alguém cutucar minhas feridas mais profundas.

Passei anos em busca do assassino de papai e mamãe e agora tenho tudo para acabar com ele. No entanto, sei que Chase não é o único responsável, alguém teve que sujar as mãos e puxar o gatilho. Covarde do jeito que é, nunca faria algo assim, ele precisou de alguém. Já tenho um suspeito, mas não quero me precipitar e me decepcionar mais ainda.

- E como vamos encontrar essa casa? De acordo com as informações, a família de Chase se mudou diversas e só depois de anos encontraram uma casa e ficaram definitivamente. - Ivan pergunta e pela primeira vez, me sinto no controle da situação. Dou um sorriso sombrio.

- Eu sei quem pode nos ajudar. - Faço um sinal para Alfonso, que estava no canto da sala a postos, se aproximar. - Traga Lupe aqui urgentemente.

 - Traga Lupe aqui urgentemente

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Violet

San Diego, Califórnia - EUA


Olho para o teto do quarto me sentindo em choque com tudo que li. Meus olhos ardem, porque passei a madrugada inteira lendo cada página do diário de Ella. Cheguei a ler algumas passagens mais de uma vez pela forma que me impactaram.

Assim como eu, Ella Rose cresceu em uma família em que as aparências importavam muito mais do que amor. Seus pais a mantinham presa em casa para que não saísse do controle deles. Depois que meu pai foi adotado, foi pior ainda, pois era mais alguém de olho em cada passo que ela dava.

Saber que meu pai perseguia sua meia irmã e não deixava ninguém se aproximar dela, não me surpreende. Sempre achei que seu mau-caratismo e perversão eram patológicos.

Querido diário,

Sinto seus olhos em mim em todo lugar. A cada passo que dou, a cada palavra que falo ou a cada sorriso que aparece em meu rosto, ele está lá observando. A princípio acreditei que era como meus pais, estava apenas cuidando de mim. No entanto, vejo que é muito mais do que isso. Terry não me vê como irmã, ele me vê como sua posse. Não aguento mais isso, preciso fazer algo a respeito.

Com amor,
Ella.

Já li essa passagem tantas vezes que acabei perdendo a conta, porque nela, Ella descreve como planejou sua fuga detalhadamente. Ela conta que na sala de jantar há uma passagem atrás da cristaleira que liga ao porão e lá há um portão de madeira nos fundos que sempre esteve quebrado, ninguém nunca o consertou. A jovem escapou por ali de madrugada quando todos estavam dormindo.

Confesso que pensei muitas coisas quando li essa parte. Muitos questionamentos surgem em minha mente. Sei que deve ser mais difícil ainda fugir por lá hoje em dia, deve ter muitos seguranças vigiando aquela região da casa e além disso o portão já pode ter sido consertado. Mas algo dentro de mim questiona e se ainda estiver do mesmo jeito? O que custa tentar.

Dou um salto da cama quando ouço a porta sendo aberta. K2 aparece com uma bandeja que provavelmente tem meu almoço. Escondo o diário rapidamente debaixo do travesseiro, antes que ele perceba.

- Hoje o jantar vai ser na mesma sala de ontem, porém seus pais não vão poder te acompanhar. - Ele informa. - Eles permitiram que eu ligasse o rádio para que não sentisse sozinha.

Até parece que vou cair nessa tentiva de serem gentis comigo. Sei que devem estar ocupados resolvendo coisas do meu sequestro.

- Tudo bem, obrigada. - Digo vagamente.

- Coma todo seu almoço, patricinha. - K2 deixa a bandeja em cima da mesa de cabeceira e em seguida sai do quarto, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Pego o diário novamente e abro na página que estava antes. Pelo que estou vendo, foi a última coisa que Ella escreveu, é um parágrafo curto que parece que foi sublinhado muitas vezes quase rasgando o papel.

Querido diário,

Hoje é minha fuga dessa prisão enlouquecedora. Se eu pudesse, colocaria fogo em tudo, até restar apenas cinzas. Assim, eu poderia ficar finalmente em paz comigo mesma.

Adeus,
Ella.

Meu Deus! Sinto que sei o que devo fazer, mas falta coragem. Será que Miguel já sabe onde estou? Acaricio minha barriga e converso comigo mesma.

- Ah, filho, o que mamãe deve fazer? Me ajude!

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora