TRÊS

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    Três
Wang Yibo
 Agarro o meu celular, já sabendo que é Tristan

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    Três


Wang Yibo



Agarro o meu celular, já sabendo que é Tristan.
Ele deve estar voltando do apartamento do seu irmão Nickolas, que recentemente foi nomeado como CEO da Ulbrech, localizada aqui, no Brasil.
Muito merecido, o cara é foda nesta parada de administração e gestão.
Toda família Ulbrech é do caralho.
Quando os conheci, por um segundo até pensei por que não tive a mesma sorte, mas não adianta ficar com essa porra na cabeça. Merda acontece, simples assim!
O que importa é que através de Tristan, eu os conheci e não poderia estar mais feliz. Dona Emma trata toda equipe como parte da família e sempre temos uma desculpa ou outra para visitá-la.
Somos todos uma grande família, como gosta de dizer Haiukan. E não é da boca para fora.
— Alguma novidade, Yibo?
— Nada ainda. O puto não postou nada nas redes sociais na última semana — digo, martelando as teclas do notebook, direto do quarto de hotel que conseguimos na cidade.
— Na rua, circula que a dívida dele já é de quase setecentos mil, para um traficante local.
Incrível a ganância das pessoas, ter um bom cargo numa empresa multinacional não foi o suficiente para o infeliz. Ele teve que desviar milhões, perdeu tudo, e agora, demitido e lotado de dívidas junto ao tráfico, resolve, num ato de desespero, ameaçar a namorada do dono da empresa.
Um gênio, só que não.
O cara é um escroto, mas o medo faz as pessoas agirem de forma imprevisível, o que é perigoso.
Tudo pode dar merda, em questão de segundos.
Tristan sabe disso, por isso, nem pensamos duas vezes, viemos direto da Colômbia para cá.
Família sempre em primeiro lugar. Nós cuidamos uns dos outros.
O filho da puta do Carlos está no vento, mas nós vamos pegá-lo.
— Juliana saiu do apartamento — dispara Yizhou, direto como sempre.
— Um mal-entendido qualquer. Acredito que ela tenha ido para o apartamento da amiga. Confirme a localização para mim e me envie as coordenadas.
Com um clique, confirmo o palpite de Tristan.
— O rastreador indica que ela está lá.
Escuto-o avisando o irmão sobre a localização da Juliana e aguardo na linha.
— Hey, W.
— Fala, chefe.
— Fique de prontidão.
Porra,  quando Tristan diz isto, a merda é certa. Ele tem um sexto sentido que é do caralho. Já salvou nosso traseiro inúmeras vezes.
Atualizo Yizhou sobre os últimos acontecimentos e mal colocamos nossa roupa tática, quando a ligação chega.
As notícias não são boas.
O filha da puta tem bolas, tenho que admitir. Invadir o apartamento e sequestrar as garotas é um grande movimento, ainda mais em plena luz do dia, com inúmeras testemunhas.
Entramos no elevador já no modo missão, mas não posso evitar de reparar na letra da música que toca baixinho “I wanna know what love is” da banda Foreign, e pensar que deste mal realmente não sofro.
“I wanna know what love is,
(Eu quero saber o que é o amor)
I want you to show me,
(Eu quero que você me mostre)
I want feel what love is…”
(Eu quero sentir o que é o amor…)
Definitivamente, não corro risco nenhum, simplesmente porque...
Eu não acredito no amor.
A pessoa que dizia me amar, me fazia de saco de pancadas e matou a minha mãe.
Acredito no bem e em pessoas de bem.
Pessoas que eu daria a minha vida, sem nem pensar.
Aquelas que fazem a diferença no mundo.
Mas há tantos monstros...
No passado, eu tinha medo, mas não mais. Acho que é por isso que eu gosto tanto do meu trabalho.
Dizem que você deve trabalhar com o que gosta.
A verdade é que eu me divirto fodendo com estes filhos da puta.

• • • ◕◕════♣♣════◕◕ • •*

— Tem certeza de que não quer ir? É próximo do hotel, podemos ir caminhando — questiono Yizhou, já de banho tomado e pronto para sair.
— Tenho, cara. Vai lá, só quero me jogar na cama.
— Você está ficando mole, Y.
— Vai se foder, Yibo.
Mostro o dedo do meio para ele e saio com um sorriso no rosto.
Eu adoro infernizar.
De nós quatro, ele é o mais velho, com trinta e oito anos, mas não se engane, o filho da puta está melhor do que quando tinha vinte e poucos. Um condicionamento físico de deixar os novatos da USC com inveja, além de toda experiência que só os fios brancos te dão.
Também estou cansado, mas não conseguiria dormir e relaxar agora nem que quisesse, a adrenalina ainda está a mil.
Conseguimos!
Juliana e a amiga estão em segurança.
Nickolas já levou sua namorada para casa, enquanto Tristan está cuidando da amiga ruiva, que teve o apartamento invadido e revirado.
Normalmente, nossa parte acaba quando entregamos a vítima para a família ou governo, mas este caso é mais pessoal e Tristan resolveu cuidar ele mesmo da segurança de Viviane, pelo menos, até instalar um sistema de monitoramento decente no local.
Foi por pouco, mas com o suporte da polícia local, cortesia de alguns contatos que possuímos no país, conseguimos cercar o armazém e invadir o lugar com precisão.
A missão de hoje estava cumprida: alguns monstros a menos em circulação. Bora beber e comemorar.
• • • ◕◕════♣♣════◕◕ • •*
O cara da recepção recomendou muito o lugar e disse que tem um chope fantástico.
Com o calor que faz hoje à noite, mal posso esperar para prová-lo.
O lugar ainda está vazio, então sigo para uma mesa de canto, ao fundo. Alguns hábitos ficam enraizados na gente, não importa onde eu esteja, preciso ter visão da entrada e saber onde estão as saídas.
Ignoro os olhares curiosos das mulheres da mesa ao lado, hoje só quero beber.
Já estou acostumado com a curiosidade. A camiseta preta deixa à mostra grande parte das tatuagens que cobrem meus braços e parte do pescoço. Já as outras estão escondidas sob as roupas.
Fiz a primeira com dezenove anos, logo depois de entrar na polícia, a Fênix, que representa o meu passado e onde estou, eu sobrevivi.
Peguei gosto pela tinta e então já vieram as próximas, não parei mais.
Cada uma delas tem um significado, um propósito.
O movimento na entrada atrai minha atenção e, puta que pariu, que visão do caralho.
Cerro o maxilar e observo o moreno  caminhar em direção ao bar, totalmente alheio aos olhares que atrai.
Gostoso.
Pouco mais de um metro e oitenta, cabelos pretos , olhos escuros, mas eu aposto que de perto são como breu.
Agarro o copo na minha frente, decidido a parar de olhar naquela direção, mas meus olhos traiçoeiros insistem em observá-lo.
Até meu pau se animou só de olhar para o moreno, e olha que geralmente tenho muito controle sobre ele. Porra, preciso foder.
O telefone vibra no meu bolso e o puxo.
— Chefe.
— Yibo, quando você for ao apartamento instalar o sistema de segurança, preciso que pegue umas peças de roupas e traga para cá. Dispara, direto e objetivo.
— Considere feito.
— E, Yibo, não demore.
— A ruiva está te deixando doido, chefe? — provoco, sem conseguir me conter.
— Apenas traga as fodidas roupas — retruca e desliga.
Com um sorriso, guardo o celular no bolso e já que estou com zero sono, resolvo buscar as roupas no apartamento da mulher que está tirando Tristan do eixo, hoje mesmo.
Hilário.
Peço a conta e vejo que o moreno tem companhia, mas ele não está nada feliz com a atenção que está recebendo.
Meu sangue automaticamente ferve. Eu não deveria me envolver, ele está dispensando os otários, mas um dos caras é insistente. Ele toca seu cabelo.
Foda-se!
Quando dou por mim, estou caminhando naquela direção.
Ignoro os escrotos e paro próximo dele, atraindo imediatamente sua atenção.
Olhos escuros como breu , como eu suspeitava.
Lindo.
— Você está bem? — pergunto em inglês, torcendo para que ele me compreenda, já que meu português é uma merda, consigo compreender um pouco, mas falar é mais complicado.
Ele me olha, surpresa inundando sua íris, mas então sorri e, porra, eu não estava preparado para isso.
— Estou ótimo, querido — retruca, se aproximando mais e apoiando a mão no meu bíceps.
Namorado de mentira. O rapaz é ligeiro e esperto. Gostei.
Os caras atrás de mim começam a balbuciar em português. Volto minha atenção para eles, que me encaram, assustados.
Com 1,90 e muitas visitas à academia, me orgulho do corpo que conquistei. Não sou mais um menino assustado.
— Foi mal, cara... — começa um, levantando as mãos.
— Não sabíamos que ele estava com você — complementa o outro, antes de saírem de perto, como se nada tivesse acontecido.
Respiro fundo e volto a atenção para o moreno sem nome que, só então, se afasta ligeiramente, com o rosto levemente corado.

Foda.

(....)


DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora