Wang Yibo
Xiao Zhan está jogado sobre meu corpo, entregue.
— Você tem um belo, submisso, W — diz Greta, retirando o cinto e ajeitando suas próprias coisas.
— Obrigado, domme.
— Não precisa agradecer. Só deixe-o saber. Ele não faz ideia — diz em alemão e então se afasta.
Mantenho Xiao Zhan no meu colo, acariciando seus cabelos, até que nossas respirações normalizem.
As palavras de Greta não saem da minha cabeça.
Como falar com ele, se ainda luto uma batalha interna?
Não sou o que ele precisa.
Sou quebrado.
— Yibo— sussurra.
— Moreno — digo, afastando uma mecha do seu cabelo e mergulhando nos seus olhos escuros.
— O que houve?
— Estamos descansando... Você foi incrível.
— Foi... intenso.
— Eu sei, moreno — digo, beijando sua testa.
— Nós perdemos? — pergunta e vejo o quanto a cena o afetou.
— Nós conseguimos, Zhan.
Abre um sorriso e sorrio junto.
— O que acha de encerramos mais cedo hoje? Já estamos na final e só conseguiremos falar com J amanhã.
❍❍❍❖❍❍❍
O caminho até o hotel é feito em silêncio, no rádio “Say you won’t letgo” toca.
Estaciono e vejo que Xiao Zhan adormeceu.
Lindo.
Nem penso muito, pego-o no colo e ele se aconchega em mim.
Coloco-o na cama, tiro seus sapatos, retiro sua roupa, deixando-o só de cueca.
— Deite comigo, Yibo — diz com a voz carregada de sono.
Como resistir ao seu pedido?
Dispo-me, ficando apenas com a boxer e me deito ao seu lado.
Ele se aproxima, me abraça, apoiando a cabeça no meu ombro e então relaxa.
Vejo seu peito subir e descer.
Fico ali apenas observando-o, pensando no quanto minha vida mudou nos últimos dias.
Mesmo com todos os problemas e incertezas, os últimos dias com Xiao Zhan só me provaram uma coisa.
O quanto a minha vida é vazia sem ele.
Tristan tem razão, a minha hora chegou.
❍❍❍❖❍❍❍
Não sei que horas são.
Só sei que dormimos pra caralho.
Nossa, faz anos que não sei o que é isso.
Zhan se espreguiça e o lençol desce revelando seu corpo incrível.
Respiro fundo, mas é inútil.
Só um olhar para ele e meu pau acorda.
— Bom dia, moreno — digo, depositando um beijo na sua testa.
— Bom dia, senhor — diz, acariciando meu peito.
— Você é tão lindo! Não me canso de explorar suas tatuagens... — complementa, virando de bruços e passando o indicador pela minha pele.
— Você é lindo...— Ergo seu queixo.
Cora e, porra, fica ainda mais belo.
— Vou pedir alguma coisa para comermos. Você quer algo?
— Surpreenda-me! — diz, levantando da cama. — Vou tomar uma ducha. Ainda não acredito que dormi sem tomar banho. Eu realmente estava esgotado.
— Você estava...
— Obrigado por cuidar de mim.
— Vá antes que eu resolva ignorar minhas boas intenções e decida te fazer companhia.
Ele corre em direção ao banheiro, rindo e me pego pensando como deve ser acordar todo dia com esta sensação boa no peito.
Meu celular apita, sinalizando uma mensagem de J.
“Tudo bem com vc, W?
Ontem mal te vi, porra!
Hoje consigo chegar cedo, para conversarmos.
Abraço, J.”
Digito uma resposta curta dizendo que está tudo bem e que nos vemos mais tarde.
Mal posso esperar por esta conversa.
O resto do dia passa num piscar de olhos.
Fiz umas ligações, respondi uns e-mails e depois ficamos jogados na cama, assistindo às Branquelas, com os irmãos Wayans, além de umas comédias antigas que estavam passando na TV.
Ri como há tempos não fazia.
Quando não estou trabalhando, ou visito meus pais ou estou no clube.
É difícil pegar umas horas para fazer nada e aproveitar o dia.
Saímos do hotel às 19h. Quero falar com J antes da confusão do torneio tomar conta.
Não tenho nem palavras para descrever como Xiao está perfeito.
Estou duro desde que o vi.
O body preto rendado, lembra mais um espartilho, abraçando suas curvas e não deixa muito para a imaginação.
Meu homem está quente pra caralho.
E eu me sinto um fodido sortudo.
O clube está vazio, apenas alguns funcionários.
Encontro J. num dos sofás próximo ao bar.
Está distraído no celular e nem vê nossa aproximação.
Xiao Zhan se ajoelha aos meus pés, conforme combinamos.
Não ligo para estes protocolos, mas para não chamar a atenção, é melhor seguirmos desta forma.
Além do que, ele quer ouvir a conversa.
— W, porra, que susto!
— Se não estivesse no celular, teria me visto — provoco.
— Nem fodendo, nunca vi alguém se aproximar em silêncio como você. O que quer falar? Se mudou de ideia e está a fim de um ménage, a resposta é sim.
— Vou ignorar apenas porque te conheço há mais de dez anos — Digo, sério, para que não haja dúvidas quanto ao assunto.
— Porra, W, tô te zoando, cara.
— Vamos ao que interessa, sobre o torneio, fiquei curioso com alguns detalhes.
— Não sei se consigo te ajudar muito. Quem cuida deste assunto é Pain.
— Faz tempo que não leio os relatórios que são enviados pela administração — começo de forma a não levantar suspeitas.
— Porra, não leio nem os do meu condomínio. Fiquei preocupado de termos um reajuste, em função destas premiações.
— Ahhh, é sobre isso? Fica em paz, W. Também tive esta preocupação, ano passado — retruca, rindo. — A mensalidade não vai aumentar. Pain pode ser o que for, mas conseguiu trazer fodidos patrocinadores, você acredita.
— Quem?
— Aí que fica melhor, não sei. São anônimos. Pessoas que curtem nosso estilo de vida, mas não querem ser expostas, quem se importa?
Essa história está mal contada.
Caralho...
Não gosto do rumo dos meus pensamentos.
Lembro-me de ter passado pelas finanças de Pain e aparentemente está tudo regular, embora sua situação financeira tenha melhorado nos últimos anos, não é nada absurdo. Ele continua tendo apenas o emprego como professor titular na universidade de Frankfurt.
— Falando nele, você tem o celular dele? Perdi meus contatos e estou adicionando todos novamente.
— Porra, peraí — diz, fuçando no aparelho. — Lembro que ele tem dois aparelhos, mas um é pessoal. Pronto, é este que ele usa para assuntos do
Clube e profissionais.
Fica cada vez melhor.
— Te passei o contato.
— Valeu, cara, e obrigado. Já achei que ia ter que pedir um aumento, só para continuar frequentando aqui.
— Não por isso, W.
Levanto-me com uma nova missão em mente.
— E, W, boa sorte na final. Espero que você detone o traseiro velho de Pain.
— Será um prazer — digo e quero dizer cada fodida palavra.
Não demoro muito para descobrir que não só Pain tem um outro aparelho, como um notebook que carrega para cima e para baixo.
Preciso grampear esta merda.
Não temos mais tempo, é o último dia do torneio.
Ordem das cenas sorteadas, aproveito que somos uma das últimas duplas para colocar o plano em prática.
— Você tem certeza sobre isso?
— Não temos alternativa, moreno.
— Ok, vamos.
Todos estão distraídos com a cena de Pain e Paula no segundo piso.
Momento perfeito!
Zhan fica no corredor, vendo se ninguém surge, enquanto entro no escritório dele.
Como mestre responsável pela parte administrativa/marketing ele tem esse luxo. Os demais, apenas a sala de descanso, com alguns armários e frigobar.
O notebook está apoiado sobre a mesa.
Se ele estiver envolvido nesta merda, ou ele é muito estupido ou ingênuo, não consigo me decidir.
Plugo o pen drive e enquanto o vírus é carregado, procuro pelo
Aparelho celular.
Tem que estar aqui em algum lugar.
Não é como se ele pudesse levar no bolso, não numa cena de sexo grupal, como a que está.
Porra, cadê esta merda?
Disco para o número que J me deu, e na mosca.
Os dois aparelhos estão guardados na primeira gaveta, embaixo de uma série de papéis.
Teve mais cuidado para guardar os celulares.
Faltam cinco por cento para concluir o upload do programa indetectável que uso, quando escuto vozes no corredor. Xiao Zhan está conversando com alguém.
Transmissão concluída. Coloco os aparelhos exatamente na mesma posição e me apresso em direção à porta, mas então entro no banheiro privativo da sala, molho o rosto e dou descarga.
Pronto.
Saio e me deparo com mestre Felix ao lado de Zhan, com um olhar, eu diria, curioso.
— Senhor, espero que esteja melhor — diz ele, me olhando aflito.
— Sim, estou melhor. Mestre Felix, boa noite! Os camarões me estragaram, tive que entrar na primeira sala que vi.
— Que merda, hein, mestre W. Melhoras, se precisar de algum remédio, devemos ter algo na recepção.
— Ah, obrigado. Espero não precisar — digo e caminhamos em sentido oposto a ele, de volta para a área principal.
— Deu certo? — sussurra.
— Tudo encaminhado, Zhan. Amanhã devemos ter as respostas que procuramos.
— Oh... assim espero! — Faz figas com os dedos. — Você realmente acredita que ele possa estar envolvido? Ele não parece, sei lá... criminoso.
— Você se surpreenderia com os tipos que já pegamos. Não há restrição, de sexo, origem, idade. Às vezes, o envolvido é o típico pai de família, aquele que ninguém suspeitaria. Não há limites para a maldade e ganância do ser humano. Então, sim, eu acredito que possa estar envolvido, de alguma forma... São coincidências demais.
O público começa a voltar para a área principal do clube e mestre Axel sinaliza que restam apenas mais duas duplas para competirem, nós e Ava com mestre Tobias.
Se todos completarem a cena com sucesso, a decisão será por pontos.
Votação dos jurados e público.
Tensão enche a sala, enquanto as últimas bolas são sorteadas.
— Fisting + mesa de bondage + 2 orgasmos + 30 minutos.
— Puta que pariu. Nem fodendo.
Xiao Zhan permanece em silêncio.
Seguro seus ombros e o viro para mim.
— Olhe para mim, moreno — digo.
Ele me olha, ainda desnorteado.
Também estou em choque.
Caralho, que azar da porra.
— Acabou, Zhan! Está me ouvindo? Vou avisar que não vamos participar da última cena. Nós já conseguimos o que precisávamos. Agora é só esperar os dados e voltarmos para casa.
— Senhor — diz, mas ignoro, preciso que ele entenda que não estou bravo...
— É um limite rígido seu. Não precisa ter vergonha, ou se desculpar.
Você foi incrível, moreno.
— Senhor — repete, aumentando o tom de voz e atraindo minha atenção.
—Eu quero tentar — diz de forma pausada, nervoso.
Que brincadeira é essa?
— Zhan, você não precisa — digo segurando seu rosto.
— Você não tem nada a provar.
—Eu quero... com você — diz, me fitando e não há dúvidas no seu olhar. — Eu confio em você, senhor.
Porra...
Sinto meu peito a ponto de explodir.
Ele... confia em mim.
— Se eu achar que é demais, eu uso minha palavra de segurança — Afirma, apoiando a mão sobre meu peito.
— Promete? — pergunto, erguendo seu queixo e mirando diretamente em seus olhos.
— Eu prometo, Yibo.
(.....)
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Destemido
FanfictionUm agente,com um passado sombrio.. Um jornalista que ao tentar achar seu caminho se torna alvo de algo perigoso...... Atenção: Contém cenas de violência doméstica, abuso, sexo explícito, violência, estupro e uso corriqueiro de palavrões. Algumas pod...