QUARENTA E CINCO

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                  Wang Yibo


Foda! Foda!
Isto não está acontecendo, porra
Atenda o celular, Zhan, atenda!
Toca e nada.

Insisto, rezando para que ela ainda não tenha encontrado Paula.
— Oi, senhor — atende e só pela sua forma de responder, sei que algo está errado.
— Zhan — digo, tentando soar calmo —, você está no viva-voz?
— Não, senhor.
Perfeito, embora não queira dizer que esteja sozinho.
— Paula está envolvida em tudo, você está entendendo? Ela, Pain e Morte estão juntos nisso. Me diga que você ainda não está com ela...

— Receio que não seja possível, senhor — diz e esmurro a mesa.
Caralho.
— Acho que só à tarde devemos voltar — continua e sei que está acompanhada.
— Sim, estamos nos divertindo muito. Até às seis, acho que estou de volta. Não se preocupe, outro dia vamos ao zoológico. Ótima ideia, pode pedir para mim, um duplo cheeseburguer. Com certeza, com muito picles.

Ouvir sua palavra de segurança me quebra.
Eu preciso encontrá-lo.
Não posso falhar.

— Eu vou te achar, Zhan... Você está me ouvindo? Porra!! — digo, firme.
— Conto com isso, senhor — diz e tudo fica mudo.
Respire, porra!
Pense, pense!
Nunca houve encontro de estagiários, foi tudo um pretexto para pegá-los.
Mas por que se arriscar desta forma? Não é o modo de operação deles.
Alguma coisa está muito errada.
Vou descobrir as respostas, mas primeiro preciso encontrá-lo.

Xiao Zhan é minha prioridade.
A USC tem uma nova missão:
Salvar meu submisso... o meu moreno.

Ligo para Tristan e coloco no viva-voz, enquanto me troco.
Não há tempo a perder.
— Hey, W, o que manda?
— Eles o pegaram cara! — começo, transtornado.
— Como assim, porra?
Explico o que encontrei no notebook e celular de Pain, a indicação de que estamos lidando com uma quadrilha internacional de tráfico sexual, o envolvimento da estagiária do clube, e que Xiao Zhan está com ela, indo para sabe Deus onde.
— Eu preciso de ajuda, Tris — peço e minha voz falha.
Caralho, respire.
— Eu não posso... falhar não é uma opção.

— Você não está sozinho, W. Nós vamos te ajudar a trazer seu homem de volta.

Nem o corrijo, pois ele é exatamente isso... meu, não importa o nome.

— Estou chamando Yannik e Sven aqui. Estamos indo agora para aí.
Espere por nós. Sei que está nervoso, mas não podemos nos precipitar. Você sabe que planejamento e estratégia são tudo.
— Eu sei, cara, mas, porra... Zhan está com eles, Tris. Não sei o que os fodidos planejam, eles torturam, marcam homens e mulheres feito gado.
— W, me escuta! Faça sua mágica, você é o cara. Veja se consegue rastrear o veículo e as câmeras de segurança. Isto nos dará vantagem e já saberemos onde atacar.

— Considere feito — confirmo, tentando controlar minhas emoções.
— Hey, Tris. Vou esperar vocês neste endereço.
Antes que ele pergunte, eu explico.
— É a residência do Pain, nem fodendo que vou deixá-lo escapar. Ele vai nos dar tudo que precisamos, por bem ou por mal — finalizo e desligo.

Termino de me trocar em minutos.
Por sorte, minha outra mochila, a com armas, munição e meu rifle de precisão, está comigo.
Respiro fundo, antes de sair do hotel.
Eu não estou mais sozinho.
Tenho a minha família comigo, a USC, e nós cuidamos uns dos outros.
Estaciono o carro a poucos metros da casa de Pain. De onde estou, consigo ver a entrada e os fundos. Seu carro está na garagem e eu acabei de ver o puto pegando uma correspondência.
Seguro-me para não entrar e arrancar tudo que preciso.
Os caras estão quase chegando.
Em menos de dez minutos, Pain cuspirá seus segredos mais sujos.
Como eu já imaginava, ele não contava que descobríssemos o sumiço do Zhan tão cedo.
— O que está acontecendo aqui? Mestre W, que porra é essa? Eu vou chamar a polícia.

— Onde ele está, porra? — digo, prensando o filho da puta contra a parede, enquanto Yannik e Sven checam o resto da casa.

— Ele quem? Não sei do que está falando... — fala com a voz entrecortada.
— Seu fodido, eu...

Tristan apoia a mão sobre meu ombro e me afasto o suficiente para o doente poder respirar e nos dar as informações que precisamos.
— Eu vou te dizer o que está acontecendo, seu doente do caralho. Nós descobrimos tudo! Você está fodido! Já falamos com o promotor. Não precisa chamar a polícia, porque eles já estão a caminho.

O velho fica branco como papel.
— Ainda não lembra? Vou refrescar a porra da sua memória!
Começo a mostrar as fotos e vídeos dele e seus comparsas se divertindo enquanto drogavam, torturavam e estupravam mulheres e homens. Os malditos ainda se vangloriavam para a câmera.
— Você vai para a cadeia, Pain. Vai passar o resto da sua vida sendo comido por outros detentos. Sua vida acabou, seu bosta.

— W, deixa que Yannik explique o que acontecerá, caso ele não coopere conosco.

Começo a me afastar, pois estou a um segundo de esmurrá-lo.
Precisamos que ele fale... Morto ele não vale nada para mim.
Consegui hackear o sistema de câmeras das avenidas partindo do hotel, e acompanhei o carro de Ava por várias quadras, mas quando chegou próximo ao porto, o veículo entrou em algum ponto cego e fodidamente
desapareceu.
Temos uma ideia da localização, mas ainda assim, são dezenas de galpões para averiguar e não temos tempo para isso.
Pain precisa falar o que sabe.

O filho da puta começa a chorar, pedindo perdão.
Perdão você pede para Deus, aqui você vai pagar, cretino.
Por cada vida destruída.

— Chega deste teatrinho, Pain. — Seguro seu pescoço. — Para onde a Paula os levou? O que está acontecendo? Resolveram mudar a forma de atuar, é? Agora sequestram ao invés de fingir que é uma viagem de turismo e então desaparecem com a pessoa.

— Eu não tive culpa — começa, tremendo.
— Fala logo, porra — digo, pressionando mais forte meus dedos.
Sirenes ao fundo indicam que nossos contatos estão chegando.
— Os federais estão aí. Última chance. Ou você abre o bico, ou a notícia do que você fazia vai se espalhar fácil no presídio e você vai estar muito FODIDO.
É o gatilho que precisávamos, Pain revela absolutamente tudo!

Só espero que não seja tarde demais.

(....)

DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora