Wang Yibo
Depois da última conversa com Zhan, agendei um horário com meu terapeuta.
O cara me atende há anos e é de confiança. Sabe todas minhas merdas e vai reclamar pra cacete, já que faz uns bons meses que não apareço em seu consultório.
Como eu suspeitei, primeiro veio o puxão de orelha. Merecido.Depois, começamos a conversar sobre tudo, trabalho, rotina e, claro, os últimos eventos, o que efetivamente me motivou a ir lá.
Contei para ele sobre a briga no barzinho, e da sensação de opressão que senti no peito, a falta de ar repentina durante a conversa com o moreno.
O gatilho foi presenciar a agressão da mulher.
Quão fodido é isso?Mesmo conseguindo ajudá-la, tudo contribuiu para desencadear lembranças e o sentimento de não ser suficiente, de falhar.
Fez algumas perguntas sobre o meu relacionamento com Zhan, e tomou notas. Expliquei que somos apenas colegas, mas o filho da puta não pareceu acreditar muito nisso.
Porra, se eu sei o que somos!
Só sei que ele é especial, pra caralho e eu...
Ah, foda, eu não quero pensar nesta merda.
Saio do consultório e vou direto para a academia da USC.
Para minha surpresa, não estou sozinho.
— Ainda por aqui, Y — digo ao me aproximar de Yizhou, que dá socos e chutes alternados no saco de pancadas.
— Achei que você já tinha ido — retruca, secando o suor que escorre por sua testa, antes de retomar os golpes.Agarro o saco, ajudando a mantê-lo firme, enquanto ele segue golpeando.
— Eu tinha, mas...
— Mas também precisava extravasar, certo?
— Foda, sim!Pela próxima hora, treinamos no saco, meus braços e pernas queimam, mas liberei toda raiva que estava dentro de mim.
— O que há de errado, WY?
— Ah, nada — solto de pronto.
— Corta a merda, nós te conhecemos. Eu sei que a cena do bar mexeu pra caralho com você. Sabe que estamos aqui para você, certo? Pode falar com a gente. Somos família, porra!
Passo as mãos pelos cabelos encharcados de suor, e olho para o meu irmão.
Eu sei que eles estão aqui para mim, mas eu não quero demonstrar fraqueza, eu quero ser sempre forte.
— É uma raiva que queima dentro de mim, Y, eu não sei explicar. O quão fodido é isso?
— É normal sentir raiva, WY. Nenhuma criança deveria passar pelo que você passou.
— Eu fui fraco — cuspo com vergonha.
— Oh, caralho que foi! — retruca Yizhou, se aproximando.
— Você foi corajoso pra porra! Você protegeu sua mãe inúmeras vezes, Yibo. Apoia a mão no meu ombro.
— Não o suficiente!
— Você era uma fodida criança! Você fez o que estava ao seu alcance, cara.
— Será que um dia a dor vai embora, Y?
— Queria ter esta resposta também, WY.
— Melhor irmos embora, irmão, ou o equipamento não vai aguentar . — mudo de assunto.
— Caralho, vamos, do contrário, Tristan vai encher o saco.
— Ele vai mesmo, afinal, como diz a Vivi, ele é muito rabugento — digo e nós dois começamos a rir.
— Obrigado, Yizhou — agradeço, jogando meu braço sobre seu ombro. — Eu estava precisando. .— Sempre às ordens, Yibo. Agora vamos embora, vou te pagar uma cerveja.
— Porra, sim!
— Só uma, todas as outras são por sua conta — brinca.
— Quantas você quiser! — digo e o sigo em direção à saída.❍❍❍❖❍❍❍
Chego à empresa um pouco mais tarde do que de costume.
Demorei para dormir e acabei perdendo a hora.
Estaciono o carro e caminho acelerado em direção à recepção que já está nova em folha.
O maior estrago foi no portão principal, mas vários vidros e móveis tiveram que ser trocados aqui.
O que demorou mais para trocar foram os móveis, para que pudesse ser mantido o padrão com os demais.
Felizmente, está tudo em ordem, pois não aguentava mais ter que
coordenar esta merda.
A porta automática se abre e, para minha surpresa, dou de cara com Vivi.
Mas que porra!— Yibo!!! Que saudade — diz, se aproximando e me engolindo num abraço.
— Você não deveria estar de repouso? — questiono, surpreso, medindo-a, ela emagreceu um pouco e ainda está abatida, mas para quem quase foi desta para uma melhor, está bem pra cacete.
— E você acha que Viviane consegue ficar quieta, Yibo? — diz Tristan que surge saindo da sua sala, com vários envelopes e pastas na mão.— Ei, cara — cumprimento-o, sorrindo com seu comentário.
— Eu já estou bem — retruca Vivi. — Tive alta, Yibo —
complementa com um sorriso no rosto.— Isto não significa que deva abusar — resmunga Tristan.
— Como você pode ver, Yibo, Tristan continua rabugento como sempre — diz e dá uma piscadinha na direção dele.
— Eu não sou rabugento, ruiva — retruca, puxando-a para seus braços. — Eu só me preocupo com você, pra caralho — diz, beijando-a.— Eiii, arrumem um quarto — brinco, com um grande sorriso.
É bom vê-los assim. Eles parecem felizes.
— Vim só buscar algumas pastas, WY. Devo continuar trabalhando de casa mais uns dias, até Viviane estar 100%.
— Se depender dele, fico para sempre no apartamento, Yibo! — resmunga, sorrindo na sequência.A ruiva adora provocá-lo, é hilário.
— Mas me conta, como estão as coisas com o rapaz? Continua arrasando no português com ele?— Que rapaz? — pergunta Tristan.
— É o crush do Yibo. Ele o conheceu quando nos salvou em Campinas. Detonando com os bandidos e corações.
Ignoro o comentário de Vivi e a surpresa no rosto dele.
— Ele é meu amigo — friso — e sim, está tudo certo. Zhan tem me ensinado novas palavras e regras gramaticais. Temos progredido mais no português do que no alemão — conto, lembrando-me das queixas da moreno sobre só termos consoantes nas palavras.— Quem pode culpá-lo, né?
— Português também é difícil pra caralho! — argumento e ela sorri, concordando.
Vivi vai até a copa buscar um copo de água e ficamos apenas eu e Tristan na recepção.
Stefan continua me olhando e sei o quanto deve estar curioso.
— Como está sendo trabalhar de casa, cara? — disparo, mudando o foco.
— Tudo certo! A mulher me deixa louco, mas eu não poderia estar mais feliz.
— Eu falei que você estava de quatro.
— Vai se foder, Yibo — xinga, mas ao final sorri, o puto sabe que estou certo.
— A sua hora vai chegar.Rio do seu comentário e me despeço.
O papo está bom, mas o dever me chama!(....)
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Destemido
FanfictionUm agente,com um passado sombrio.. Um jornalista que ao tentar achar seu caminho se torna alvo de algo perigoso...... Atenção: Contém cenas de violência doméstica, abuso, sexo explícito, violência, estupro e uso corriqueiro de palavrões. Algumas pod...