QUARENTA E TRÊS

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                        Wang Yibo


   Xiao Zhan foi comemorar com as meninas o final do torneio.
Estava preocupado se isso seria um problema, e tive que assegurá-lo que não.
Vou estar vidrado no computador a manhã inteira e o plano já era sair do hotel só à tarde.
Insisti que ele fosse de carro, mas Ava passou aqui para pegá-lo. Iam pegar Paula e depois ir para a festa, na casa de uma outra sub.

Vou até o notebook e vejo que o programa instalado está fazendo o esperado.
Tenho completo acesso ao notebook de Pain, posso abrir documentos daqui se quiser, mas resolvo apenas copiar os dados salvos no HD e coloco alguns bots para pesquisar por termos e atividades suspeitas.

Nossa última esperança está nestes dados. Encontrar alguma resposta, ou uma pista que nos leve a uma nova trilha na investigação.
Informações sobre algum patrocinador suspeito, algum fodido vestígio.
Nossa estadia em Frankfurt está acabando e até agora temos poucas respostas.

Meu celular toca e atendo no primeiro toque.
— Chefe — digo ao ver o nome de Tristan na tela.
— E aí, Yibo, como estão as coisas? Descobriu alguma porra?
— Nada ainda, mas os bots estão trabalhando em algo neste momento, e minha intuição diz que vem merda das grandes.
— Porra — retruca.
— Sim...
— Você sabe que estamos aqui...

Sim, eu sei!
—  Notícias do Y? — questiono.
— Ainda está no vinhedo. Puto com a demora dos federais e por terem mexido na casa dele, mas não tem o que fazer.
— Yannik ou Sven podem rendê-lo.
— Até parece que você não o conhece, W. O puto quase me matou quando sugeri isso.
Tento resistir, mas rio.
É a cara de Yizhou fazer isso.
Por mais que esteja irritado de estar de babá de Zanjin, ele quer a missão concluída.

— Você sabe como ele é ciumento, com suas missões. Ele começa e termina.
— Te vemos na segunda?
— Tudo isso é saudade?
— Vai se foder!
— Segunda, estou aí, Tris.
— Se cuida, Yibo.
— Você também!

Vinte minutos depois, a varredura do celular e notebook está concluída.
Há uma série de inconsistências e padrões que chamam a atenção logo de cara.
Inúmeras ligações e mensagens de Pain para o mesmo celular.
A maioria está criptografada, mas quebro esta merda com o pé nas costas.
Conforme analiso, tensão me domina.
Dezenas de conversas sobre encomendas a serem entregues.
Não há detalhes.
As descrições são siglas, seguidas de letras, que deduzo ser o país destinatário.
Começo a cavar, olho tudo, reviro suas finanças, redes sociais, fotos, e quando acesso uma das últimas pastas de arquivos, tudo começa a fazer sentido.
Puta que pariu.

Há uma série de pagamentos, sempre para o mesmo código numérico
“166253”.
Em outros arquivos, este número vem sempre acompanhado de uma caveira e uma sequência de treze algarismos (“551930254483”).
O padrão se repete, em diferentes meses.
Sempre há saída de valores astronômicos.
Já vi este número antes, porra.
Meu coração acelera no peito, ao mesmo tempo em que agarro meu celular, e olhos meus arquivos.
Foda, cadê a porra da foto?

Nem fodendo.
166253 é o mesmo número que o amigo de Zhan anotou pouco antes de ser assassinado.
Jogo a sequência de 13 dígitos que sempre o acompanha no Google e procuro qualquer correspondência.
Coordenadas, número de documentos, conhecimento de transporte,
telefone, qualquer coisa...
Caralho, esta merda é um telefone.
Só pode ser.
Refaço a pesquisa, considerando que o número começa com cinquenta e cinco, o código do país, dezenove o código da cidade, e o restante como sendo o número.
Na mosca!
O telefone é da secretaria de segurança pública, sala 42.
Superintendência da Polícia Civil, Sr. Fernando Ferraz Rocha.
Uma pesquisa superficial confirma minha suspeita.
Fernando Rocha é um policial de carreira, com mais de quinze anos na ativa, subiu rápido na instituição. Conhecido por sua inteligência, técnica e precisão. A pontaria certeira e o alto índice de baixas quando estava nas ruas, lhe rendeu um apelido.
“Morte.”
O número do distintivo:
166253
Não posso acreditar no que vejo.
Tudo se encaixa.

YuBin deve ter relacionado o nome mencionado por Celeste, ao fodido e à tentativa de arquivar o caso.
Caralho.
Continuo esmiuçando todos os arquivos da máquina de Pain, quando uma pasta lotada de fotografias faz meu coração parar.
Dezenas de fotos dele junto a outros fodidos, se divertindo enquanto torturam várias mulheres, reconheço fotos das vítimas.

Numa delas é possível ver com nitidez Heide e Raika sendo torturadas, por ninguém menos que Paula, a estagiária do clube, submissa de Pain.
Porra, porra, porra. .

Levanto da cadeira num pulo e começo a discar desesperado para Xiao Zhan.

Ele está indo direto para o inimigo.

(.....)

DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora