QUINZE

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Xiao Zhan

O portão se abre e um homem atencioso me recepciona.

Sou direcionado até uma área toda envidraçada, que suponho ser a recepção.

Quando as portas de vidro se abrem, dou de cara com uma ruiva sorridente, que só posso imaginar que seja a famosa Vivi.

Numa situação normal, eu sorriria e teria muito que conversar, mas eu só quero encontrar Yibo.

Eu preciso dele.

— Xiao Zhan, meu nome é Viviane, mas me chamam de...

— Vivi.

— Sim — ela concorda, sorrindo.

— Eu já chamei Yibo, ok?! Ele está vindo. Você aceita algo? Um café, uma água?

Estou a ponto de recusar, quando eu o vejo.

Vejo surpresa cruzar seu olhar.

Quem pode culpá-lo, mas apesar da surpresa, posso ver que ele está feliz.

Alívio preenche meu coração e quando dou por mim, estou correndo em sua direção.

Nem penso, quão estranho isso possa parecer.

Eu simplesmente preciso disso.

Dele!

Toda tensão, todo medo das últimas horas vêm à tona com tudo.

Não consigo mais segurar.

Eu choro em seus braços.

— O que houve, Zhan? Me diga? — pergunta, mas não consigo sequer falar uma palavra.

Respire, Zhan.

Fecho os olhos, tentando deixar o ar entrar e sair, devagar.

— Eu... eu preciso da sua ajuda, Yibo — digo, entre soluços.

— Eu vou te ajudar, moreno— diz, afastando meu cabelo, que a esta altura está grudado no rosto molhado. — Mas você precisa me falar, o que te trouxe aqui, o que aconteceu no Brasil?

Viviane me oferece um copo de água com açúcar, que eu aceito.

Minhas mãos tremem, e levo o copo aos lábios com cuidado.

Deus, que situação.

— Por mais que eu esteja puto de felicidade de te ver aqui, eu preciso saber o que houve. O que te fez viajar mais de nove mil quilômetros, assim, do nada?

Entrego o copo vazio para a Vivi e então começo a contar tudo para eles.

Absolutamente, tudo.

Sinto o olhar de Yibo sobre mim, mas ele apenas escuta, me deixando falar.

Conto como tudo começou, de como descobri sobre as tatuagens idênticas, as pulseiras do BDSM, até o encontro com a Celeste no último sábado.

Quando chega a hora de contar sobre o que ocorreu no apartamento, começo a tremer.

Yibo segura minhas mãos, me dando forças para continuar meu relato.

Não estou mais sozinho.

— Nós estávamos conversando. Bin tinha pedido uma pizza, e quando terminei de contar sobre a conversa com Celeste, ele ficou transtornado. Me pediu para pegar a cópia do inquérito na minha bolsa, enquanto ele continuava alguma pesquisa no notebook. A campainha tocou e ele deve ter achado que era a pizza — narro, tremendo. — Eu também achei que fosse... Até que eu ouvi o disparo. — Fecho os olhos e aperto mais forte a mão de Yibo.

Você está seguro.

— Quando eu escutei o tiro, eu... só pensei em me esconder.

— Você fez bem, moreno — Yibo retruca e não posso deixar de olhar para ele.

Ele não me julga, parece compreender.

— Eu me escondi embaixo da cama, e então eu os vi, apenas os sapatos. Um deles entrou no quarto onde eu estava, enquanto os outros, andaram pelo apartamento. Eles... estavam me procurando.

— Como você sabe que estavam atrás de você? — pergunta um loiro alto, que está ao lado de Viviane, e suponho que seja Tristan.

— O que estava no corredor gritou que o viadinho não estava —relembro. — E o que estava no quarto, onde eu estava escondido, disse para pegarem o notebook e que...

Respire, Zhan.

— Ele disse que queria matar o viadinho hoje mesmo, e que os outros poderiam foder o jornalista depois que ele mesmo tivesse...

— Nós entendemos, Zhan — interrompe Yibo, secando uma lágrima teimosa com seu polegar.

— Quando eu vi que eles tinham ido embora, eu saí debaixo da cama.

YuBin estava... morto na sala — continuo e um soluço escapa. — Eu peguei minhas coisas e saí do apartamento sem olhar para atrás, eu o deixei ali.

Sinto mais lágrimas escaparem. Não consigo me segurar.

— Eu sabia que não podia ficar, que a polícia iria chegar e eu... não tinha para onde ir, Yibo. Eu não podia ir para casa, nem colocar ninguém do jornal em risco. Por sorte, meu passaporte estava na minha bolsa, então me lembrei de você, de que trabalha com segurança... — digo, esperando que ele não esteja puto comigo. — Me desculpe vir assim, sem avisar... e trazer toda esta confusão até você, até vocês. Miro quem eu suponho ser Tristan e Yizhou.

Yibo ameaça falar algo, mas continuo, eu preciso pôr tudo para fora:

— Eu... eu não tenho muito dinheiro, a bem da verdade, gastei quase todo meu limite vindo direto para cá, mas eu... gostaria que você me ajudasse, Yibo.

A intensidade no olhar dele faz meu coração bater acelerado em expectativa.

— Eu vou te ajudar, Zhan — garante, sem desviar o olhar do meu. —quem matou seu amigo, e as mulheres.

—Porra, sim! — dizem Yizhou e Tristan ao mesmo tempo.

Oh Deus, obrigado!

Meu peito falta explodir de felicidade.

— Obrigado — digo num sopro de voz, mordendo os lábios que insistem em tremer.

Então Yibo me puxa para seus braços e me abraça.

Eu ainda não sei como iremos descobrir os responsáveis por toda esta confusão.

Só sei que parece certo estar aqui, com ele.

Com ele, me sinto seguro.

Eu não estou mais sozinho.

(....)

DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora