QUARENTA E SETE

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                Wang Yibo

Conseguimos arrancar tudo de Pain.
Fodido filho da puta!

La Muerte ou apenas Morte é o superintendente da Polícia Civil de São Paulo.
Isto eu já havia descoberto, mas a novidade é que o filho da puta é um sádico que possui uma posição central na quadrilha. Ele é o adestrador.
Morte é o responsável por treinar os submissos e marcá-los, para só então serem entregues a sádicos num mercado de tráfico de escravos sexuais, que tem clientes por toda América latina, Europa e Ásia.
A quadrilha passou a utilizar o torneio para selecionar os produtos.
Fotos dos estagiários circulavam na dark web, em sites que só podem ser acessados com um navegador especializado e que são usados, na maioria das vezes, para atividades ilegais. Lá os compradores avaliavam a mercadoria e sinalizam o interesse.
Foda... toda esta merda me deixa doente.
Pain era o responsável pela filial de Frankfurt, enquanto os mestres Agony e Téngtòng cuidam dos assuntos da quadrilha nas filiais do Brasil e Ásia.

Os fodidos conseguiram se infiltrar no Sanctuary de uma forma que é assustadora pra caralho.
Os estagiários que se destacam nas atividades e mostram resistência para algumas práticas apreciadas pelos loucos, são escolhidos e vendidos.
Com o negócio fechado, vem a parte da logística.
É mais fácil simular uma viagem de turismo, uma premiação, do que um sequestro em si. Chama menos atenção.
A pessoa vai, e não volta.
Além do que, geralmente optam por pessoas que moram sozinhas.
Até a família dar falta, ou acionar as autoridades, consulado etc., a vítima já está com o abusador, sendo mantida em cárcere e torturada.
Estes loucos não são praticantes de BDSM, mas sim, bandidos infiltrados na comunidade, que utilizam de um ambiente que deveria ser seguro, um local para ser livre, para praticar estas atrocidades.
Com as vítimas selecionadas no torneio, chega a parte do Morte. Sua função é muito específica: tortura pura e simples. Escravos devem ser entregues já quebradas aos futuros donos. Assim dão menos trabalho, se não obedecerem ou tentarem fugir, encontram a morte.

Foi o que aconteceu com Heide e Raika.
Vieram para o Brasil, acreditando estar a turismo, mas foram enganadas.
Chegaram, fizeram algumas cenas com o mestre Agony, tudo sendo visto de perto por ele, a Morte.
E então, a “coleta” é feita.
São levadas para um calabouço, um porão localizado no subsolo de uma fazenda situada a pouco mais de 50 quilômetros de Campinas.
No fim, Pain mantinha registros de conversas e fotos, como segurança contra cada um de seus comparsas. O fodido nos entregou tudo que precisávamos.
Agora estamos aqui, nos posicionando em volta do galpão localizado próximo ao pátio de containers.
Sua última informação foi a mais valiosa.
A localização de Xiao Zhan.
Paula mandou a foto dos estagiários do torneio, incluindo a de Xiao Zhan, como de praxe, o que eles não contavam é que Morte fosse reconhecê-lo, como sendo o jornalista que ele estava procurando em São Paulo.
Fodido azar.

Ele fez questão de vir atrás dele.
E esta informação me deixou nervoso pra caralho. Minha vontade é derrubar a porta deste fodido armazém e invadir, mas temos que ser certeiros, não há espaço para erros.
Tristan organizou tudo em tempo recorde e contamos com o suporte da polícia local.
Está tudo cercado.
Já identificamos quatro seguranças, além de Paula, mas não sabemos se tem mais alguém lá dentro.
É arriscado, mas não temos escolha.
Yannik está posicionado no telhado do prédio vizinho com um rifle de precisão, enquanto eu, Sven e Stef nos preparamos para entrar ao sinal dele.
A cavalaria vem na sequência.

— Vejo Xiao Zhan, W. Estão carregando-o...
Prendo o ar.
O Deus, por favor... não!

— Ele está vivo, W — sussurra Yannik no comunicador. —Ele está a uma hora, leste.
Solto o ar que nem sabia estar segurando.
Obrigado.
— Ok, vamos invadir, Y. Dê cobertura — diz Tris.
— Conte com isso — retruca, dando um urra.

— Pronto para pegar seu garoto, W? — pergunta meu irmão,
agarrando minha nuca, me olhando com atenção.
— Porra, sim!!! — confirmo, batendo meu pulso no seu.

— Ok, pessoal. Hora de chutar uns traseiros — diz Tristan no comunicador.
— Fiquem bem, não quero carregar a bunda de ninguém!
— Hurra!
— Hurra! — todos respondem, então tudo vira caos.

Jogamos algumas bombas de fumaça e de efeito moral, os caras são surpreendidos e até tentam atirar às cegas, mas são facilmente derrubados.
Paula tenta fugir pela esquerda, mas vejo que Sven está no seu encalço.
Corro na direção para onde Zhan foi levado.

Derrubo mais um filho da puta, que surge com uma pistola.
Quando abro a porta, o vejo.
Sinto como se tivesse sido golpeado no estômago, mas tenho que me manter forte.
Suas pernas estão sujas de sangue, cortes, algumas contusões e uma fodida tatuagem se destaca no seu braço direito.
Eles o marcaram!

Xiao Zhan parece desorientado e não sei se o drogaram.
O filho da puta está o usando como escudo, enquanto mantém uma pistola pressionada contra sua cabeça.
— Está tudo cercado. Você não tem para onde fugir, Morte!

Olha-me, surpreso, quando digo seu nome.
— Sim, nós já sabemos tudo sobre você, seu amiguinho já contou tudo, e ainda falará muito mais... Deixe-o ir...
— Vou matar o viadinho !— esbraveja, colocando o dedo sobre o gatilho.
Porra.
— Preciso que ele dê um passo para trás, W — Yannik diz no comunicador.

— Matá-lo só vai piorar sua situação... — digo, dando um passo para frente, arma em punho.
— Você sabe como funciona o sistema. Só vai aumentar sua pena.

— Como se eu tivesse alguma chance de sair vivo da cadeia — diz rindo e vejo que o cara realmente não tem nada a perder.

Dou mais um passo em sua direção e vejo quando ele dá um passo para trás ficando exatamente onde preciso.
Tudo acontece rápido.
O barulho, o vidro estilhaçando e seu corpo caindo sem vida no chão.
Corro na direção deles e arranco o cadáver de cima de Xiao Zhan.
Um tiro preciso.
Alívio enche meu peito.

Ele está bem...
Oh Deus, obrigado!!
Corto a corda em seu pulso e removo a fita adesiva do seu rosto.

— Você veio... — diz, chorando, antes de enlaçar seus braços no meu pescoço.
— Eu disse que ia te encontrar, moreno! — Abraço-o forte. — Vai ficar tudo bem... Acabou, nós os pegamos — conto, acariciando seus cabelos.

— Sim — afirma, entre soluços.
Seguro seu rosto em minhas mãos, afastando os fios grudados e encontro seus olhos... cheios de lágrimas, assim como os meus.
— Porra, moreno, você me assustou pra caralho... — digo, roçando meus lábios nos seus, desejando dizer tudo que eu preciso e que não tenho coragem.

— Tudo limpo. Pegamos todos — informa Tristan, entrando na sala.
— As ambulâncias estão a caminho.
— Eu estou bem — tenta argumentar, mas ignoro.
— Você e Ava vão para o hospital, não há discussão.

— Oh Deus, Ava — diz e seus lábios começam a tremer, procurando pela amiga.
— Ela está lá fora, Sven já está cuidando dela.
— Eles, eles... — Sua voz falha e sei que a notícia não é boa, a garota estava em péssimo estado.
— Eu sei, eu sei...— digo, abraçando-o.

Levanto, pegando-o no colo, e um gemido de dor escapa.
— Vou cuidar de você, moreno... me desculpe por não chegar mais cedo.
— Você me encontrou, Yibo... — diz, emocionado. —Você me salvou! — Apoia a cabeça no meu peito.

Relaxo, sentindo seu corpo contra o meu.
Ele está comigo...
É tudo que eu preciso.
Hora de voltar para casa!

(....)

DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora