Destemido

VINTE E SEIS

               Wang Yibo

Estou na varanda, observando o movimento, enquanto espero Xiao Zhan  se arrumar.
Ontem dormimos novamente juntos.
Não sei o que pensar a respeito disso.
Eu não durmo junto.
Não faço coisas de casal.
Mas também nunca tive um submisso em casa comigo.
Eu nunca quis, mas ele, eu quero.
Foda, preciso colocar minhas ideias no lugar, mas quanto mais eu o tenho, mais ele entra sob a minha pele.

Se Yizhou estivesse aqui, ele saberia o que me dizer, ou não. O puto provavelmente iria me zoar pra caralho, falando que virei cadelinho igual o Tristan.
Ele que não nos escute, mas ele come na mão da ruiva.
Não é o meu caso.

Xiao Zhan  é meu amigo, apenas isso.

Você está fodido. Reconheça.
O caralho que estou!

Amanhã vou ligar para o Y, ver como anda o caso dos federais e trocar uma ideia sobre o fodido número, que não sai da minha cabeça.
Preciso pensar em algo que não seja o moreno de olhos cor de ônix.
A porta do quarto se abre, atraindo minha atenção.
— Porra!

— O que acha? — pergunta, caminhando ao meu encontro, absolutamente deslumbrante. — Guardei o colete para o clube — diz, inseguro.
— Estou pensando em cancelar esta merda, te amarrar aqui mesmo e foder a noite inteira, Zhan.
Ele sorri e meu pau ganha vida.
— Você está maravilhoso — elogio, puxando-o para perto de mim e beijando seu pescoço.
— Não sei quanto tempo vou conseguir manter minhas mãos longe de você.

— Não mantenha.
— Não me provoque, Xiao Zhan ... Você não sabe do que sou capaz — digo, colocando minha mão por dentro da sua calça, apenas para encontrá-lo sem cueca, tal como pedi.
— Vejo que se lembrou do que eu disse... — sopro no seu ouvido, passando meu indicador pela dobra de sua bunda.
— Sim, senhor... — retruca, fechando os olhos.
Morde os lábios ligeiramente corado e me seguro para não o beijar e arruinar nossa saída.
Foda.
Não entendo nada de moda, mas Zhan tem bom gosto, a calça azul-marinho  ficou perfeita e a vontade de foder com ele é forte pra caralho.
Meu pau pressiona contra o zíper da calça.
A noite promete.
— Senhor?
— Pode me chamar de Yibo agora, moreno.
— Yibo, o seu amigo...
— Max — digo, lembrando seu nome.
— Ele é casado?
— Ele e Corina estão juntos há mais de quinze anos. Não sei dizer se chegaram a casar no civil. Alguns casais, fazem uma cerimônia de
“encoleiramento”, em que a submissa ou submisso recebe a coleira do seu dono.
— Igual aquelas que vimos na loja?
— Sim, como aquelas, mas há muitos modelos. Na verdade, isto depende muito do relacionamento entre amo e submissp, alguns não usam nada, para outros é importante demonstrar que o submisso lhe pertence. Você deve entender, moreno, que para o submisso usar a coleira ou um sinal distintivo do seu amo, é motivo de felicidade, de pertencer. Dizem que um amo só entrega seu coração uma vez.
— Entendo.
— Lá haverá outros casais de amigos, vai ser bom para interagirmos com outras pessoas da comunidade BDSM. Você se lembra dos protocolos?
— Sim, a maioria.
— Estarei lá para orientá-lo, não se preocupe. Não é tão formal quanto no clube.
— Permanecer em silêncio, a menos que seja para pedir permissão para algo importante, ou dúvidas sobre uma tarefa, exceto se você autorizar a conversar com uma pessoa ou grupo. Esta regra não se aplica para a palavra de segurança, ou caso algum outro dominador tente me abordar, certo?
— Exato, moreno. Vou estar o tempo todo com você, mas caso outro dom fale com você, deve pedir que fale comigo.
— Ele não pode argumentar que não tenho coleira, ou algo que me identifique como seu?
— Acredite, eu vou deixar bem claro que você é meu — disparo e rubor tinge seu rosto.

Lindo.

— Devo manter os olhos baixos. Só posso olhar outros submissos nos olhos — diz, fechando os olhos, tenso.
— Relaxa, Zhan.
— Não quero fazer você passar vergonha.
— Você é novo neste universo, está aprendendo. Todos compreenderão... Fique sempre próximo de mim, vamos ficar bem.
— Ok.

          ❍❍❍❖❍❍❍

Chegamos à casa de Max em pouco mais de quinze minutos.
Situada num condomínio de alto padrão, o local, além de arborizado, não tem vizinhos próximos, o que é ótimo, se você pretende amarrar seu submisso no quintal e fodê-lo como se não houvesse amanhã.
Exatamente o caso do meu amigo.
Comprou o lote alguns anos atrás e diz que foi sua melhor aquisição, o vizinho mais próximo está a mais de um quilômetro de distância, ele e Corina têm toda privacidade que precisam, assim como seus convidados.

— Uau, que lugar lindo — dispara Xiao Zhan , olhando as construções luxuosas se destacarem em meio ao verde. — Seu amigo parece ter muito dinheiro para morar neste lugar.
— Ele é um grande investidor, mas o que tem de dinheiro, tem de simplicidade e carisma.

Chegamos — digo, já estacionando.

Contorno o carro e ajudo Xiao Zhan  a descer.

— Assim que entrarmos por aquela porta, deixo de ser apenas o Yibo, moreno. Você entende isso? — questiono, lhe observando com atenção.
Gesticula que sim, mirando meus olhos.
— Eu já disse o quanto você está lindo nesta roupa?
— Sim, senhor — responde, sorrindo com o elogio inesperado.
— Nunca é demais te lembrar — digo, roçando os lábios nos seus.
Retribui o beijo, segurando meu rosto entre suas mãos.
E, porra, o toque dos seus dedos me deixa ainda mais duro. De repente, só quero pegar meu garoto e ir para casa.
Foda.
Afasto-me e apoio minha testa na sua, tentando controlar a necessidade que Xiao Zhan  desperta em mim.
— Não se preocupe tanto com a etiqueta. Aproveite para observar...  no fim do dia, são adultos se divertindo. Tudo deve ser são, seguro e consensual.
— São, seguro e consensual — repete.
— Perfeito! Pronto para se divertir, moreno?

— Prontíssimo!

(....)