TREZE

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 Xiao Zhan

Só consigo respirar, aliviado, quando o avião finalmente decola às vinte e uma horas de Viracopos rumo a Alemanha onde Yibo está.

Nunca estive tão tenso na vida, mas consegui chegar em segurança no aeroporto.

Após caminhar por quase dois quarteirões, com a sensação de que alguém iria surgir na próxima esquina, consegui pegar um táxi e em meia hora já estava comprando minha passagem.

Usei quase todo o limite do cartão, mas isso é o de menos, só preciso sair daqui.

Ligo rapidamente o celular, tenho só cinco por cento de bateria e não tenho o carregador comigo.

Merda.

Procuro o endereço da empresa onde Yibo trabalha, e anoto o endereço e o seu celular, e desligo novamente o aparelho.

O plano é ir direto para a USC, encontrar Yibo e ver o que fazer.

Ele trabalha com segurança, coisa da pesada, e saberá como me ajudar.

Eu tenho que acreditar nisso.

Não tenho alternativa.

Meus olhos enchem de lágrimas ao me lembrar do corpo do YuBin caído no chão da sala.

Ainda não acredito que tudo isto esteja acontecendo.

É um grande pesadelo.

Toda minha vida virou do avesso em menos de vinte quatro horas.

Respiro fundo e seco com o polegar uma lágrima teimosa que escorre pela lateral do meu rosto.

Tenho que ser forte.

Tenho que encontrar os responsáveis pelos assassinatos.

Já era algo importante para mim, mas agora é pessoal.

A sua morte não ficará impune, YuBin. Eu prometo.

O multimídia à minha frente marca que estamos sobrevoando o oceano neste momento, previsão de chegada às treze horas, horário local.

Estou esgotado, mas o sono demora a vir.

Quando finalmente adormeço, tenho sonhos agitados, nos quais sou perseguido por um homem sem rosto.

É tão real que desperto, assustado.

Ele estava quase me alcançando.

Jesus.

Nem acredito que faltam pouco mais de duas horas para chegarmos.

Vou até o banheiro do avião, antes que todos despertem e se torne impossível.

Meu reflexo é exatamente como me sinto, péssimo.

Forço-me a comer uns biscoitos de água e sal, pois o estômago queima, já que não consegui comer nada ontem.

Desembarco em Frankfurt e, por sorte, o tempo está bom.

Tudo que eu não precisava era ter que comprar correndo alguma blusa de frio, nas lojas do aeroporto.

Eu só quero chegar logo.

Quando o táxi me deixa em frente ao portão da USC, sinto minhas mãos geladas e, por uma fração de segundos, reflito se a melhor decisão foi vir para cá.

E se Yibo não estiver aqui?

Respire, Xiao Zhan.

Agarro as alças da mochila como se minha vida dependesse disso.

Caminho até o grande portão preto, que deve possuir mais de três metros de altura, e não deixa ver nada do interior.

O muro alto segue circundando a propriedade e não consigo ver seu fim.

Yibo disse que o complexo era grande, mas eu não imaginei algo deste porte.

Aperto o botão do interfone estrategicamente instalado num dos cantos do portão e sou prontamente atendido por alguém falando em alemão.

Estou tão nervoso, que não lembro sequer como falar olá no idioma.

— Boa tarde, Gostaria de falar com Wang Yibo — digo em inglês, tentando manter a voz firme, mas me sinto a ponto de explodir.

— Quem gostaria?

— Xiao Zhan. Sou uma amigo dele.

Após alguns segundos, o portão desliza, liberando meu acesso.

Hora da verdade!

(....)

DestemidoOnde histórias criam vida. Descubra agora