𝕱𝖆𝖙𝖍𝖊𝖗

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Matteo Romaxini



    - O que tanto olha pala janela ?. - Lucas Eduard, meu irmão, pergunta ao concertar o colarinho de sua roupa. O que conseguir ver, graças ao seu reflexo refletido sobre o enorme vidro fumê do largo escritório.

- O Jardim parece maior. - Não, eu não olhava para o jardim em si, cada mínima parte daquele lugar era podre, escuro sem vida. Eu não o via, não a beleza que deveria existir. Mais as minha concentração não estava em nada além daquele jardim, comentar sobre ele, seria uma boa alternativa a essa manhã.

- Podemos... - Travo, de imediato, colocando cada mão no bolso do meu terno cinza, escolhido pelos alfaiates contratados pelo meu pai em enterros de supostos familiares, do quais não ousávamos nos aproximar, por exigências do mesmo.

- Vamos descer. - Me viro agora, para ele, capitando seu olhar. - Como um bom filho, eu tenho que comparecer ao enterro do meu querido pai. - Avistando o cansaço em cada parte do seu rosto, percebi que ele não havia dormido, como mandei que fizesse. As olheiras profundas, diziam que, talvez ele não houvesse dormido nas noites passadas. - Acho melhor descermos, para agradar aqueles... - Suspiro , passando a minha mão sobre o meu cabelo cortado pelo cabeleireiro da família a pouco menos de seis horas atrás. - Todos estão a nossa espera, não acha ?.

- Você decide. Por mim, eu não iria a esse enterro.- Ouço a porta ser aberta, rangendo sobre o carpete, atraindo minha atenção, como a de meu irmão na direção a mesma.

- Aí está vocês. - Antonella, atravessa a porta, segurando em sua mão uma taça, com o líquido transparente borbulhante. - Subir essas escadas ainda acabará com as minhas pernas.

- Você está grávida. - Lucas, em uma tentativa falha quase consegue arrancar a taça da mão da irmã. - Eu não sei o que é pior, você estar grávida com dezesseis ou você estar matando essa criança aos poucos. - Como sempre, ignorando os meus alertas, ela entorna o copo sobre os lábios, engolindo o restante do líquido. - Deus, eu não quero matar essa criança. - Lucas não consegue se segurar em rir do meu comentário, fazendo Antonella lançar sobre si um olhar mortal.

- Tenho algo a comemorar. - Ignorando os risos do meu irmão é a minha frase sobre si mesma ela anuncia. Alterno o meu olhar em direção ao meu irmão, o único capaz de ser obediente e responsável. - Fiquem tranquilos, esse bebê tem mais saúde do que vocês dois juntos. - Reviro os olhos para o que ela diz, no ritmo, essa criança não chegaria aos três meses. - Meu querido marido. - Se refere ao homem alguns anos mais velho. - Duarte, comprou uma filial na Finlândia. - Sorri, feliz pelo feito do marido. - Vamos nos mudar em alguns dias. - Olho para a sua mão, depositando cuidadosamente sobre a barriga. - Será melhor para criarmos a nossa menina. - Surpreso, por saber o sexo do bebê, eu elevo as sobrancelhas, mais não esboço nada além da surpresa.

- Não irá para Finlândia. - Lucas intervém. - Está louca se acha que permitirei. - A sua autoridade não valia a Antonella, ela mal ouviria sua fala.

- Nenhum de vocês dois tentou mover um dedo, quando fui obrigada a me casar. - Seu rosto está sério. - E agora, que estou bem e feliz com o meu esposo, querem dizer que devo ou não fazer. - Ignorando seu momento de histeria, em seus hormônios da gravidez. Busco lembrar que ele era uma adolescente.

- Não pode viajar sem uma permissão. - Em minha última alternativa, uso como desculpa algo que iria acima dos seus quereres. - E Finlândia fica longe da Noruega. Longe o bastante para você ir com um adulto que não seja da sua família.

𝗔 𝗙𝗿𝗲𝗶𝗿𝗮  Onde histórias criam vida. Descubra agora