Escovo os dentes com destreza e empolgação. Conseguia ser perfeccionista com a minha boca durante todos esses anos que estou na irmandade. Escovava em cima a baixo principalmente os lugares inalcançáveis. A nossa refeição essa manhã foi carne ensopada com pão. O que fez com que muitos, minúsculos, pedaços se prendessem nas pequenas aberturas, a sensação de passar a língua no dente para retirar a carne não era nada agradável. Olho para o ralo da pia, essa era a única visão que se poderia ter do meu banheiro, nada de espelhos ou vidros que refletissem, apenas o ralo. Mais ele não era brilhante o suficiente para que eu conseguisse escovar usando o reflexo.
Enxaguando a boca, eu cuspo, livrando-a de qualquer resquícios do café da manhã. Aproveito e lavo o rosto, algo, como um costume que sempre fiz. Independente do horário que eu vá escovar, sempre lavo o rosto.Eu não consegui olhar para matteo ontem o dia todo. Talvez receio de que ele vá me ignorar. Ou que simplesmente ele não está com ânimo para uma conversa. Não imagino o que se passou em sua cabeça ao me mostrar e falar o que estava escrito naquele diário. Sua ideia de me fazer mudar de opinião sobre a irmandade foi desrespeitosa. Ele não pensou se aquilo me afetaria. É afetou.
O seu modo agressivo, foi de longe o que me assustou. Mais vê-lo quase bater, na madre Estefânia foi capaz me deixar com medo da sua aproximação, evitei contato com ele, desde o início até agora. Minha vontade de ficar em silêncio foi cortada está manhã. Terei que chamá-lo, a pedido do padre, o que foi bom, em certo ponto de vista, foi um motivo de não arrumar uma desculpa para voltar a falar com ele. O padre conseguiu ajudar nessa parte.
Sem tirar a parte que não consegui olhar nos olhos de madre Estefânia. Não ousei me aproximar, qualquer motivo que eu desse, seria um castigo aplicado, bastasse eu olhar para ela.
Avistei matteo. Uma corda em sua mão. Descia em direção ao fundo poço, abastecido por água. Então com pouca força ele puxa a corda para cima novamente, com um balde, que respingava o líquido por todos os lados, molhado sua roupa.- O padre pediu que você fosse a até o escritório. - Vejo ele puxar mais um balde. Antes de finalmente olhar para mim. - Parece ser importante. - Informo, na esperança que palavras coerentes saiam de sua boca.
- Sempre é importante. - O balde e depositado sobre o chão, enquanto ele olha para mim. - O que meu pai quer dessa vez ?. - Ele tinha tanta certeza que era seu pai que não precisei responder, sua conclusão era a mesma que ele tinha. Em todas as vezes que era chamado. - Nada, como sempre. - Ele carrega os baldes, levando para a lavanderia. Deposita na porta, não entrando. - Vamos ?. - incentiva para que eu o acompanhe. Faço o que ele pede, caminho com passos largos, acompanhando cada dois paços que ele dava.***
Bato na porta, anunciando que entraríamos. Ouço a voz do padre. Que melhorou bastante esses dias, não tossia de forma exagerada, liberando seus ataques pulmonares por todo o escritório. Peço a benção a ele, me mantendo de cabeça baixa, em forma de respeito.
- Estou aqui mais uma vez. - Matteo, sempre direto, anuncia ao padre, antes que ele de a permissão. - três vezes só em uma semana. - Declara. - O que você quer ?. - Penso se ele está sendo desrespeitoso ou se esse era apenas o seu jeito. Em minutos de silêncio, padre Inácio volta a falar.
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𝗔 𝗙𝗿𝗲𝗶𝗿𝗮
RandomA história distorcida entre o passado, presente e futuro fez com que vidas distintas se encontrassem.