𝕱𝖗𝖊𝖎𝖗𝖆

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♱⛥ Irmã Verônica⛥ ♱


A reforma da igreja estava indo bem, algumas das irmãs estavam ocupadas em seus afazeres enquanto muitas ajudavam na reforma. O chão estava sendo trocado, a madeira muito velha deixou alguns buracos pelo chão da igreja, teríamos algumas irmãs acidentadas se não trocássemos o amadeirado. Pintava mais uma pilastra com o azul e o branco, restaurando sua cor antiga, algo que deveria ser sempre feito durante os meses do ano. Bene estava me ajudando, limpava a tinta escorrida pelo chão, olhei atenta a cada segundo a marca da tinta antiga.

Passei de uma pilastra para outra, começando a pinta-la da mesma forma que todas estavam. Bene me acompanhava, a cada passada de tinta Bene passava um pano umedecido sobre os respingos. Ficamos assim até que todas as pilastras tivessem prontas. Limpei a minha mão suja de tinta no pano que Bene estava usando. Não adiantou, minha mão ainda estava suja, só diminuiu a sujeira que estava.

Dentro de quatro dias a igreja estaria pronta. E então teríamos a formação das irmãs mais novas para freiras. Finalmente eu me tornaria uma freira. Daqui a alguns dias eu completaria os meus vinte anos, e me tornaria, depois de tanto tempo, uma freira.
- Não acredito que o padre proibiu que o matteo se alimentasse. - Olho para bene, sua acusação era um tanto verdadeira, mais que se as madres a ouvisse falando ela seria seriamente punida.

- Fale mais baixo. - Minha atenção está sobre a garota de cabelos castanhos, escondidos pelo hábito, e pele morena, vestida com o hábito azul claro, para irmãs mais novas. Ela está triste desde que eu contei sobre as ordens que o padre recebeu. - Mais o padre não proibiu de certa forma. - Explico pela terceira vez só aquele dia. - Matteo poderá fazer as refeições dele, durante duas vezes ao dia.

- Não entendo. - Ela para de lavar as mãos, coloca a mão esquerda, ainda de água misturada a tinta, em sua cintura, em sua pose defensiva que sempre fazia em certas ocasiões. - Não vi ele fazendo nada de errado desde que o vi entrar aqui. - Benedita era uma garota muito inocente, sua inocência fazia com ela não visse as coisas ruins no mundo, para ela ser como o matteo é, seria algo normal. Os palavrões que ele fala seria simples palavras aos ouvidos de Benedita.

- Alguma coisa ele fez querida. - Afago o pano que escondia os seus cabelos. Seguro a lata de tinta sobre a colocando em cima do pano velho. - Não cabe a nós duas. - Aponto para mim e para ela. - Dizer se e certo ou errado.

- Mais verônica!. - Tenta protestar. - Ele deve estar com fome. - Não consegui dormir bem essa noite, desde que madre Anastácia me disse que devíamos seguir as ordens do padre. Como ele avia esquecido de falar deixou a critério da madre avisar a todas. Inclusive ao matteo. O que ela não fez. Quando ele veio me procurar ontem, vi que não estava bem, ele transmitia a sua desconfiança algo que ele sempre transmitiu desde que entrou no convento. Fiquei triste por ter que avisar a ele que sua refeição diminuiria e não poderia jantar na noite passada. Conheço os castigos aplicados as irmãs desobedientes, mais, ficar sem comer não era um deles.

- O padre dará um jeito nisso. - A conforto para que esqueça essa história de lado. - Não se preocupe. Por hora, a nossa conversa estaria encerrada.

***


O tempo e algo bastante confuso. Eram horas que se tornava dias, dias que se tornavam meses e messes que se tornavam anos, como quando se estava bebendo água, em alguns estantes o copo estava cheio e a garganta seca, em outros sua garganta estava molhada e seu copo vazio. Assim tinha se passado as semanas, como a água no copo tão rápido que mal aviamos prestado a atenção. Já estávamos na quarta, daqui a alguns horas, 32 para ser exata, eu me tornaria freira. A dois dias atrás completei os meus vinte anos de idade. Não foi como nos outros anos passados, eu senti algo diferente, esse, parecia ser o dos mais abençoados do que os outros. Não fazíamos comemorações na irmandade, as madres diziam que era só mais uma forma fútil de gastar dinheiro, que estaríamos fazendo o que não agradava Deus. Então só agradecíamos e voltavamos aos nossos afazeres como todos os dias.

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