21 - De casalzinho

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Eu pus um ponto final no meu caso com Fabi.

Foi uma conversa cara à cara, franca, calma, em que ela mais escutou do que falou. Eu me desculpei tanto durante aquele almoço, que ela precisou me interromper para me dizer que a gente não escolhe por quem se apaixona. Saímos prometendo que manteríamos a amizade, mas desde então, ela não respondeu a nenhuma de minhas mensagens.

Talvez ela gostasse mais de mim do que havia admitido em sua serenidade com a conformidade de sua vida.

De qualquer forma, ela estava certa, não dava para mandar no coração. E o meu andava felizinho, apaixonadinho, cheio de suspiros pela Lu.

Estávamos vivendo isso.

Me Deixe Entrar Na Sua, o primeiro single da nova era, causou uma agitação na mídia. Não era o comum que ela costumava lançar, e depois da parceria com Lari, as pessoas estavam atentas à sua música. Enquanto vivíamos nosso romance e o álbum era finalizado, observávamos o single crescer nos charts, assim como minha popularidade como compositora entre os artistas do mainstream.

Depois de Liz Suelo, completei toda a minha lista de artistas desejados em semanas. Os royalties dos lançamentos estavam engordando tanto a minha conta bancária que me senti segura para alugar um lugar maior, como havia me prometido.

— Você sabe que se a sua dupla dinâmica souber que você se arriscou a sair sozinha, sem um planejamento, para vir me ajudar com a mudança, eles vão te matar e te trocar por uma sósia, né? – brinquei, enquanto carregava uma caixa pesada pela porta do meu novo apartamento.

A apresentação de Lisboa havia viralizado ainda mais seu nome e o assédio em cima dela, que já não era pouco, havia crescido consideravelmente. Dia desses, tentamos sair para dançar um pouco, mas nem conseguimos sair do carro, quando os fãs na fila da boate descobriram e o cercaram no meio da avenida.

Foi um susto e tanto, até pra ela.
Felizmente tudo acabou bem, mas não nos arriscamos lá dentro, voltamos pra casa dela, fizemos nossa própria balada, e depois fizemos amor.

— Nenhum fã ou paparazzi conseguiria me ver usando roupas velhas, um boné cafona e carregando caixas de mudança pra um prédio de classe média, no meio da Alameda da Artes. – ela retrucou, com ar de riso. – Estou mais segura aqui, do que na minha própria casa.

— Isso, humilha mesmo. – brinquei. – Um dia terei tanto dinheiro quanto você e vou comprar uma casa duas vezes maior que a sua. 

— Ou… – ela deixou a caixa num dos cantos vazios da minha sala de estar imensa – Podemos juntar nossas fortunas e você ir morar comigo na minha, que tem espaço suficiente para nós duas e sete gatos.

— Sete gatos? Pra que isso tudo?

— Quero uma família bem grande. – sorriu, suas mãos envolvendo meu pescoço.

— Aaaaah, que fofinha. Tão emocionada. – impliquei.

Mas meu coração ficou abalado com a ideia. No entanto era cedo demais pra fazer aquele tipo de planos. Embora no fundo soubéssemos, ia acontecer.

Foi só falarmos em namoro e os cinco anos em que estivemos separadas desapareceram. Parecia que tinha sido apenas um mês e agora que relaxamos e não escondemos mais o que sentimos, continuamos exatamente de onde paramos.

Ou quase.

Continuamos de onde paramos antes de começar a dar errado.

Com a diferença de que agora nossas carreiras eram mais concisas. Não passávamos tanto tempo juntas como antes, quando nosso trabalho dependia uma da outra, mas todo tempo que passávamos juntas era de qualidade e só servia para termos mais certeza de que íamos acabar na mesma casa – com ou sem os sete gatos.

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