13 - Admita que está com ciúme

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Três dias, meia música. Estávamos indo à passos de formiga com Fogo e Palha. Luiza não conseguia gostar de nada que tentamos, nem do título ela havia gostado.

Na semana seguinte, comecei um camping para escrever para Lari e aí o trabalho enrolou de vez.

Eu estava no meu auge, escrevendo para duas grandes artistas, namorando uma ricaça que adorava me paparicar, fazendo novas amizades no meio e trocando contatos importantes entre os compositores mais requisitados.

Em contrapartida, minha relação com Luiza, que parecia ir tão bem, estava cada vez mais estranha desde que havia voltado da Europa.

Estávamos demorando tanto para entregar as músicas restantes, que agora tínhamos Renan e Débora nos supervisionando em todos os encontros que tivemos para escrever.

Eu estava ficando cansada.

Depois de semanas de dias nublados e chuva quase constante, havia um sol convidativo do lado de fora. A tela do meu telefone parecia uma prisão e as vozes de Renan e Débora dando pitacos, eram os demônios do inferno me atormentando em minha morte.

Notei uma notificação de Fabi e aproveitei a tagarelice deles para abrir a mensagem.

Haviam duas fotos de um conjunto de lingeries de renda e a legenda embaixo:

“Vermelho ou preto?”

Com um meio sorriso nos lábios, digitei a resposta:

“Preto. Sempre preto.”

Eu não era a única que me vestia para agradar naquele relacionamento. No meio da turbulência que estava sendo escrever para Luiza, ter que escolher com que tipo de lingerie Fabi estaria me esperando no fim da noite, era um refresco.

O telefone foi tirado das minhas mãos antes que eu conseguisse reagir. Luiza franzia o cenho para a tela e eu me sentia como uma criança flagrada fazendo o que não devia. Ela me lançou um olhar de censura, sem dizer mais nada.

— O que foi? – me fiz de desentendida.

Já havíamos tido uma discussão sobre aquilo dias antes, sobre o fato de eu estar desviando atenção do trabalho para enviar ou ler mensagens de Fabi.

O olhar dela estava me lembrando exatamente isso.

— Vocês estão aí discutindo sobre como encaixar melhor uma letra que já não tava dando certo desde o começo. Eu abri o whatsapp por quinze segundos, apenas por costume. – retruquei feito uma adolescente frustrada.

— Estamos trabalhando, Victória. Aqui você é paga pra isso, com ela, não. – Luiza jogou o telefone de volta no meu colo.

Nossa pequena discussão chamou atenção dos empresários.

— O que tá rolando? – Débora quis saber.

— Não é nada, só a diva aí com dor de cotovelo. – rebati, chateada pela forma como havia sido tratada.

— Dor de cotovelo é ter responsabilidade, agora? – Luiza rebateu – Esse é o seu problema, Victória. Nunca soube priorizar suas responsabilidades e acha que todo mundo tem que ser igual.

Levantei de onde estava sentada e caminhei em direção à porta. Estava de saco cheio daquilo ali.

— Onde você pensa que vai?

— Ser irresponsável como você falou! Vocês não estão mesmo precisando mais de mim por aqui.

— Victória, volta aqui agora! – ouvi a voz inquisitiva de Luiza – Isso não é uma brincadeira dos seus artistas independentes, nós temos um prazo!

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