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22 - Fãs das antigas

— Posso dar um upgrade nas suas redes sociais?

Olhei confusa pra Luiza, sentada ao meu lado, em sua própria cama.

— Pra que? Eu nem uso. Só mexo pra ver pagina de fofoca e meme.

— Pois é. Esse é o problema. Quero te marcar nas postagens sobre o álbum, mas tá tudo às traças. Sua última postagem no insta é de dois anos atrás, com uma garota que eu nunca vi na vida. Não é nenhuma das nossas amizades antigas. – ela virou a tela do telefone para mim, me mostrando minha própria foto.

Era a foto de comemoração de um ano de namoro com minha última ex.

— É a minha ex. – dei de ombros – Não duramos muito depois dessa foto.

— E aí você morreu? – brincou, com ar de riso – Você é uma compositora em ascensão, com hits meus, de Lari Gaspardi e outros grandes nomes do nosso mercado. Você precisa ter uma página ativa, um portfólio.

Dei de ombros.

— Se te deixar feliz, você pode ajeitar isso.

Lu abriu um sorriso satisfeito, me abraçou pelo pescoço e beijou minha bochecha. Era tão simples fazê-la feliz.

— Vamos precisar de umas fotos suas.

— Aí já vai ser mais difícil. – voltei minha atenção ao meu telefone.

— Você e essa chatice de não gostar de tirar fotos.

— Não é que eu não goste. Eu não gosto de posar para elas sem um bom motivo. Parece tão egocêntrico. Mas eu tenho fotos com outras pessoas. Olha o rolê do último fim de semana com o Amadeu e o Hugo Santos. – abri a foto e a mostrei.

— Uma das paradas mais aleatórias que eu já vi.

— Eles são grandes amigos há décadas, acredita? Quem diria que um gênio da MPB e um baixista de banda de rock poderiam se dar tão bem. – comentei, olhando para a foto com um certo orgulho.

Sair para beber com aqueles dois gigantes era uma grande realização pra mim.

— Então, isso aí era um bom post pras suas redes. – ela sugeriu – Mas também precisamos de coisas suas.

Suspirei, ela não ia largar do meu pé sobre aquilo.

— Tá, vai. O que você quer que eu faça? Uma sessão de fotos só pra isso? – meu olhar deixava claro que eu achava aquilo um grande mico.

Lu deu um sorrisinho astuto.

— Pode deixar comigo. Eu vou dar uma ajeitada no seu cartão de visitas.

Porque será que aquilo me deixou ansiosa? De qualquer forma, eu não me importava com o que ela fosse fazer, para mim, não mudaria nada e se isso a deixasse satisfeita, então ok.

*****

Eu nunca conseguiria mesmo ser artista.

Acompanhando uma semana da rotina de Lu, às vésperas do lançamento do álbum, me dei conta que jamais aguentaria lidar com aquela burocracia de reuniões intermináveis, negociações tolas e egos.

Minha parte era mesmo a de criar.

Eu só a acompanhava porque ela havia me pedido com a confissão de que minha companhia deixava seu dia mais leve, não fosse por isso, eu estaria feliz em estar curtindo meu apartamento ou criando alguma coisa com Bingo em seu estúdio.

Ao invés disso, eu passava horas e horas em salas de espera – ou às vezes até dentro das tais reuniões – com a cara no telefone, jogando algum joguinho de lógica ou perdendo tempo nas redes sociais.