25 - Era para ser um momento épico

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Eu me lembro muito bem do dia em que recebi o e-mail da indicação ao Prêmio Musiqué. Eu estava de ressaca, era perto do meio dia quando o sol bateu bem na minha cara e me acordou.

Peguei o telefone para ver a hora e notei a notificação do e-mail, o remetente me chamou atenção e, contrariando todos os alertas de não sair clicando em qualquer coisa por aí, eu cliquei.

Havia duas músicas assinadas por mim concorrendo ao prêmio de melhor composição: Resposta e Fogo e Palha.

Precisei esfregar meus olhos e ler umas três vezes para acreditar. Primeira coisa que fiz, depois de entender a seriedade daquele e-mail foi mandar uma mensagem para Lu.

Depois daquela conversa estranha que havíamos tido no jantar, acertamos as coisas quando me deitei na cama ao lado dela, meia hora depois. Ela se virou para mim, pediu desculpas, me beijou e fizemos amor como havia tempo não fazíamos.

Os compromissos de sua agenda ainda estavam nos deixando afastadas e ainda era difícil que ela respondesse antes das onze da noite, mas depois de ouvir um “eu te amo” tão carinhoso, ainda abraçada ao seu corpo nu, não tinha como eu ficar chateada com o que aconteceu.

Naquela manhã, eu estava com sorte. Assim que mandei sobre minha indicação, ela visualizou e respondeu de imediato.

E foi a namorada mais incrível do mundo.

Fizemos uma videochamada e conversamos por todo o trajeto de carro que ela precisava fazer até o próximo compromisso. O álbum também estava concorrendo a Melhor Álbum Pop e estaríamos juntas na noite mais importante de nossas carreiras. Eram suas primeiras indicações e com certeza, o momento mais importante da minha vida até ali.

Naquela noite, ela apareceu na minha casa, fizemos amor repetidas vezes. Teve mais “eu te amo” ao pé do meu ouvido e do dela.

Um mês havia se passado depois disso.

O Prêmio Musiqué fechava novembro com chave de ouro para o showbizz nacional. É um evento grande, a maior premiação de música que temos no nosso país.

Paparazzos, disputam o melhor lugar para pegar bons ângulos no tapete vermelho, celebridades fazem filas para passar por eles, serem bem fotografados e darem dois minutos de entrevistas no corredor polonês de repórteres disputando atenção.

Um turbilhão de funcionários estão arrancando os cabelos para que tudo saia como o planejado no evento que será transmitido ao vivo para a tv à cabo e streamings pela internet.

Eu deveria estar empolgada com a expectativa de ter duas possibilidades de ganhar um prêmio que validaria o meu trabalho – por mais que tenham artistas que desdenhem disso – mas estava trancada num reservado de um dos banheiros espalhados pelo local do evento, tentando não sujar meu belo vestido longo e tentando entender porque caralhos Luiza não estava ali – e porque havia rumores de que ela não ia comparecer.

— Você tá de brincadeira que você tem três chances de subir no palco hoje, pra ser premiada, e não está aqui. – retruquei, olhando sua imagem na tela do meu telefone.

— Coincidiu com um compromisso no exterior que a gente não podia adiar.

— É a premiação mais importante do nosso mercado, Luiza. Como assim tem coisa mais importante pra fazer no exterior? Que mole é esse que a Débora deu na sua agenda?

— Débora não organiza a minha agenda.

— Não sei quem organiza, mas que mole é esse? Quem você vai encontrar que seja mais importante do que isso aqui? O Rei Charles?

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