23 - Gestão de crise

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ViLu furou a bolha, como eu avisei a Lu que iria acontecer. E duas cabeças realmente explodiram quando Fogo e Palha foi lançado e brotou comentários com nosso apelido de casal, no vídeo.

Sábado havia sido o único dia que nos sobrou para descansar e curtirmos a companhia uma da outra na sua piscina, mas nosso momento estava sendo atrapalhado por Renan e Débora, sentados nas espreguiçadeiras, ladeando a espreguiçadeira de Luiza, fazendo sombra na borda da piscina onde eu estava afundada até o pescoço, ouvindo o tom de urgência na voz dos dois.

— Isso é uma brincadeira antiga, apenas isso. Se vocês continuarem tentando censurar essa galera, eles não vão parar. – Lu os dizia, com um tom despreocupado.

Ela sabia que não era antigo mais, mas estava blefando muito bem.

— Acontece que seis IGs de fofoca diferentes já nos contataram para perguntar sobre as especulações desses fãs de que vocês estariam se relacionando. – Débora insistiu – O clipe foi lançado ontem, Lu. Isso está tomando proporções que, se não cortarmos agora, vai ficar fora do nosso controle.

— E se vocês censurarem, eles só vão arrumar um jeito novo de continuar falando sobre isso. – me meti.

Débora me olhou de cara feia.

— Ela tem um ponto. – Renan concordou, pensativo.

— Mas a gente precisa fazer alguma coisa, precisa dar uma resposta para as páginas de fofoca publicarem, antes que elas comecem a publicar o que bem entenderem. – Débora insistiu.

— Diga a eles que é uma brincadeira dos fãs antigos, a nova era está agradando e fazendo eles voltarem pra fanbase, e eles estão usando o termo para demonstrarem isso. Pronto. – Lu parecia já ter essa resposta na ponta da língua, bem ensaiada.

— E você acha que isso vai colar? – Débora não estava convencida, ou estava criando caso – Se essa galera tá indo nas suas postagens, nas de Victória e nas do clipe, pra mostrar que estão sabendo de vocês, com certeza eles vão para as páginas de fofoca insistirem nisso.

— Eles não estão sabendo da gente. – novamente me meti – Estão especulando. Isso é uma parada muito antiga, de muito antes de vocês dois.

— Sim! Uma parada que demoramos a controlar. Uma parada que pode atrasar os contratos e patrocínios para a próxima turnê! – Débora me encarou com um olhar de aço – A era da internet já acabou pra Lu. O papo aqui agora é outro. Um carreira como a dela depende de investimento pesado pra se sustentar. E boa parte desses investidores ainda são conservadores. Por isso vocês deveriam parar de incentivar essas coisas.

— Não estamos incentivando nada. Qual parte de “fãs das antigas” você não entendeu? – retruquei, impaciente.

Débora abriu a boca para responder, mas Renan foi mais rápido.

— Olha, pode não ser de todo ruim.
Lu e eu encaramos Renan com alguma esperança, Débora cruzou os braços, irredutível.

— Tudo bem, parte dos patrocinadores é conservador, mas até eles estão apostando em artistas mais... flexíveis com o mercado, por assim dizer. – sorriu pretencioso – Você sabe, hoje sabemos que o público LGBT… e todas as outras letras, é mais da metade dos nossos consumidores.

— Sempre soubemos disso, Renan. E é o que sempre tentamos nivelar.

— Só que antes, os magnatas ainda torciam o nariz para o que esse público queria de fato.

— Eles ainda torcem.

— Depende. Se eles virem o retorno, não vão torcer. E, bem… Especulações como essa geram retorno, porque geram engajamento. Talvez dar a resposta que a Lu sugeriu e deixar a galera continuar a especular, possa ser bem convertido pra gente em audiência que iríamos ralar para ter. Só olhar os números do videoclipe. Já está no top cinco de mais assistidos da carreira dela e foi lançado ontem.

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