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Amber Thornton point of view

     Passei o resto do dia em casa, preferi não ir com eles ao ferro-velho, claro que todos concordaram e eu nem precisei insistir para ficar em casa.

Balancei a cabeça negativamente enquanto encarava o teto do meu quarto. As vezes sinto que não confiam na minha presença. Poxa, mas já mostrei que estou dentro, o que mais eu tenho que provar?

— Posso entrar? — Escuto alguém do lado de fora do meu quarto e apenas grito dando permissão sem ao menos perguntar quem era. Sinto a cama afundar e nem preciso olhar para o lado para saber de quem se trata. Sarah tinha um perfume único e eu conseguia identificar ela de longe.

— Vi os meninos na kombi, por que não foi com eles? — Ela perguntou encarando o teto assim como eu.

— Não sei, me sinto deslocada.

— Vai ver é por que vocês se afastaram, Amby. São novos tempos, todos nós mudamos e agora precisa conquistar a confiança deles novamente, mostrar que mesmo afastada, nada mudou com você, ainda é a mesma — As palavras de Sarah me confortam, apoio meu cotovelo na cama e fico deitada de lado observando os olhos castanhos de minha melhor amiga.

— Acha que vamos voltar a ser como antes? — Sarah sorriu fazendo carinho em meu rosto.

— Não, você foi bem idiota — Fecho os olhos jogando minha cabeça para trás e ela ri subindo em cima de mim — Mas relaxa, ele é apaixonado por você, só tenta ir devagar. Sabe? reconquistando território.

Dou risada das palavras de Sarah e a mesma riu se deitando ao meu lado.

— Só não se machuca e nem me abandona por favor, se ver que isso tá te fazendo mal, você pula fora que eu te seguro daqui. — Assinto com a cabeça e ela me abraça forte. — Eu te amo, Amby.

— Eu te amo mais, Sarah.

🤍

A festa de Topper estava lotada. Tinha diversas pessoas que eu não conhecia e tenho certeza que meu irmão muito menos.

Cumprimentei todos os conhecidos e peguei uma garrafa de cerveja começando a dançar com as outras pessoas. Estava me divertindo muito, para ser sincera, talvez eu tenha perdido a noção de quantas já bebi, mas não me importava.

Estava tensa demais esses dias e eu precisava relaxar. Reviro os olhos sentindo meu celular vibrar e atendo o mesmo sem saber de quem se tratava.

'Amber?' — Não consigo identificar o dono da voz. Tapei meu ouvido e segui para longe da multidão.

'Sim?' — Me afasto das pessoas e consigo escutar a respiração acelerada do outro lado da linha.

'Precisamos da sua ajuda' — Era John B, mordi os lábios e encarei meu irmão e Sarah que me chamavam de volta. 'Amber?'

'Oi John, o que houve?' — Chutei as pedrinhas da calçada.

'Nós precisamos do seu barco para a expedição de amanhã' — Revirei os olhos. 'Só do barco e nada de mim' Sussurrei olhando para o céu.

'John...'

'Por favor' — Relutei um pouco mas acabei cedendo, isso vai me causar um problema mas nada que eu não possa resolver.

'Você é incrível' — Foram as ultimas palavras de John B antes de encerrar a ligação.

Guardei o celular no bolso e me sentei na calçada, sem ânimo algum para voltar pra festa. Talvez Sarah esteja certa, é só uma questão de tempo até as coisas se normalizarem.

— Tá sozinha por que? — Rafe se sentou ao meu lado no meio fio e eu apenas dei de ombros.

— Só pensando numas coisas.

— Quer compartilhar? — Encarei o Cameron pensando se contava ou não, ele deu um gole em sua cerveja e me ofereceu logo em seguida, acabei por aceitar e dei um gole também.

— O que você faria se uma pessoa importante pra você se afastasse de repente e voltasse a falar com você como se nada tivesse acontecido? — Ele me fitou por um tempo, talvez pensando na resposta que iria dar.

— Bom... eu ficaria com raiva, óbvio. Mas tentaria entender o motivo de tudo isso — Concordei com a cabeça e ele umedeceu os lábios — O que você andou aprontando em loirinha.

— Talvez eu tenha magoado pessoas importantes e agora não sei como resolver. — Me escorei em Rafe deitando minha cabeça em seu colo e esticando minhas pernas sobre a calçada — Eu só queria relaxar.

— Eu sei como fazer você ficar bem relaxada. — Rafe me encarou sugestivo e eu o olhei sem entender.

O mais velho se levantou e pegou minha mão me puxando para dentro da casa. Rafe me arrastou escada acima para a parte da varanda, no caminho esbarrei em algumas pessoas e tropecei algumas vezes, mas ele não pareceu se importar.

Logo estávamos no andar de cima, onde havia um grupo de pessoas sentados em volta da mesa de centro esperando por algo.

— Trouxe a alegria, galera — Rafe balançou um saquinho branco o que me fez arregalar os olhos. Ele sorriu para mim e se sentou no sofá me puxando para sentar entre suas pernas. — Ai, só pode usar se pagar antes, em notas pequenas. — O mais velho esbravejou estalando um beijo em meu pescoço.

Não sei o que Rafe estava insinuando quando dizia que podia me deixar relaxada, se ele acha que vou me drogar para esquecer meus problemas assim como ele faz, ele estava bem enganado.

Alinhei meu corpo ao dele e fiquei apenas observando a empolgação do Cameron mais velho ao brincar com as notas de dinheiro que recebia de cada um que de aproximava.

— Ei Topper chega aí — Rafe o chamou assim que viu meu irmão andando desolado.

— Rafe... — O alertei mas ele fingiu que não me ouviu e puxou meu irmão para sentar ao seu lado.

— Se diverte ai cara — Encarei Topper como se fosse um pedido para que ele não fizesse aquilo, mas como o idiota que ele é apenas se aproximou da carreirinha montada por Rafe e inspirou o conteúdo de uma vez só.

Topper começou a tossir descontroladamente o que gerou boas risadas das pessoas em volta. Encarei o mesmo em reprovação e levantei indo em direção ao meu quarto. Escutei Rafe me chamando mas apenas fingi que não ouvi e me tranquei no quarto.

Me joguei na cama e apaguei.

𝐌𝐘 𝐇𝐎𝐏𝐄, 𝙟𝙟 𝙢𝙖𝙮𝙗𝙖𝙣𝙠Onde histórias criam vida. Descubra agora