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Amber Thornton point of view

Era agonizante escutar os gritos de dor de John B. Estávamos todos na sala de espera do hospital, enquanto nosso amigo era levado pelos paramédicos.

O silêncio era ensurdecedor, ninguém falava nada, ninguém ao menos se mexia, estávamos muito aflitos para isso. Topper havia sumido, eu liguei para ele umas duas vezes mas ele não me atendeu.

Só de lembrar o que ele fez, sinto meu estômago se embrulhando novamente. Olho em volta e vejo Sarah em um canto mais afastado, me levanto tirando a cabeça do ombro de JJ e caminho em direção à minha melhor amiga.

— Ei Sarah. — A loira olha em minha direção e percebo seus olhos vermelhos de tanto chorar, seu vestido branco agora tinha manchas de lama e alguns respingos de sangue. — Ele vai ficar bem.

Ela assentiu e eu a abracei transmitindo para ela toda a minha esperança. Após uns minutos abraçadas o médico adentrou a sala e chamou pelos entes de John, rapidamente estávamos todos de pé.

— Ele está bem, teve algumas fraturas mas está estável agora. — Solto o ar que nem sabia que estava prendendo e sinto como se todos tivessem feito isso também.

— Podemos ir ver ele? — Perguntou Pope e o médico olhou cada um de nós.

Para ser sincera estávamos todos destruídos, os olhos vermelhos e as olheiras demonstram o quão cansados estamos. As roupas sujas ajudam na identificação de nosso cansaço.

— Acho melhor irem para casa, amanhã poderão vê-lo.

Com muita luta, saímos todos do hospital, arrastando os pés. Falo por todos quando digo que nenhum de nós queríamos ir embora.

Entramos todos na kombi, até Sarah estava conosco. Kiara não gostou muito mas acredito que não era o momento certo para ela se protestar contra.

— Onde deixo vocês? — Perguntou JJ do banco do motorista, olhando para Sarah e eu.

— Em casa, por favor. — Respondeu Sarah e JJ me olhou, apenas confirmei com a cabeça.

— Pode ficar comigo no Castelo se preferir. — Ele disse em um tom baixo apenas para que eu escute.

— Está tudo bem, uma hora eu teria que voltar mesmo. — Sorri meio sem jeito.

A verdade era que eu queria ir para o Castelo e nunca mais pisar em casa, mas sabia que não poderia evitar isso. Além de ser menor de idade e ainda não responder por mim mesma, tenho que obedecer meus pais.

JJ estacionou em frente a casa dos Cameron e logo Sarah saiu, dei um abraço na garota que agradeceu pela carona. Logo partimos em direção a minha casa, mordi os lábios ansiosa, minhas mãos estavam tremulas e eu estava me arrependendo amargamente da decisão que havia tomado.

— Entregue. — JJ proferiu me tirando dos meus pensamentos.

Fiquei parada enquanto encarava a faixada da casa. As luzes estavam todas apagadas o que demonstrava que todos estavam dormindo, o que me deixa mais tranquila sabendo que teria que lidar com meus parentes apenas amanhã de manhã.

Suspirei fundo e me despedi do pessoal, JJ novamente perguntou se eu queria ir com ele e eu apenas acenei com a cabeça. Desci da kombi e os observei indo embora.

Caminhei até a porta e olhei para a parte da frente vendo que o carro de Topper estava ali, o vidro quebrado me fez lembrar de como ele me tratou horas atrás. Me abaixei pegando a chave que eu mesma escondia e abri a porta na maior delicadeza para não acordar ninguém.

Retirei meus saltos e subi os degraus sem fazer barulho. Abri a porta do meu quarto e assim que o tranquei escutei a luz do abajur sendo acesa. Meu corpo gelou e eu fiquei imóvel segurando a maçaneta da porta.

— Florence.

Mordi meus lábios e larguei os saltos no chão, me virei de forma lenta e pude observar meu pai no meu campo de visão. Ele ainda trajava a roupa da festa e estava com uma cara nada boa.

— Sabe o motivo de eu estar aqui certo? — Assenti com a cabeça enquanto beliscava a palma da minha mão. — Parece que você nunca aprende, criança insolente! — Ele se levantou da poltrona e eu senti minha garganta fechar. — Eu estou farto, farto de você nunca me ouvir. Devia ser como seu irmão.

— Nunca quero ser como ele! — Digo olhando em seus olhos, não sei de onde criei coragem para enfrenta-lo. — Topper quase matou o John hoje, ele é um assassino, ele me machucou e o senhor nem para perguntar como estou, só se importa com aquele bastardo de merda. — Eu estava furiosa, sentia minha garganta queimar pelo fato de falar tudo muito rápido e em um tom elevado.

— Esses garotos estão transformando você, minha filha nunca falaria assim comigo.

— Eu não sou sua filha! Que tipo de pai é você? Que tipo de pai agride a filha por apenas ter amigos? — Meus olhos ardiam e eu piscava diversas vezes. Ele se aproximava de mim em passos curtos enquanto minha respiração se desestabilizava. Mitchell segurou em meu queixo, apertando meu rosto me trazendo mais pra perto dele.

      Encarei seus olhos frios enquanto sentia seus dedos cravarem em meu rosto. Fechei meus olhos e esperei pela surra que sabia que ele iria me dar. Era patético toda essa cena, mas em comparação à ele, eu era insignificante, ele era muita mais forte que eu então enfrenta-lo só foi perda de tempo.

     De forma surpreendente ele soltou meu rosto, e se virou, Mitchell apoiou suas mãos em minha penteadeira e socou a mesma me fazendo dar um pulo para trás. Ele se virou para mim e caminhou na minha direção.

— Quero você fora da minha casa até amanhã de manhã.

     E então ele saiu, me deixando estática. Com os olhos ardendo e a respiração descontrolada, meu peito doía e eu sentia meu mundo desmoronar aos poucos.

     Afinal, para onde eu iria? Eu não tenho nem se quer um emprego, mal sei me virar na cozinha e além de tudo sou uma menor de idade.

     Eu estava abalada fisicamente e emocionalmente. Encostei minhas costas na porta e escorreguei encostando minha cabeça na mesma e olhando para o teto pensando que em poucos dias, minha vida virou de cabeça para baixo.

  🤍

Meu Deus já somos 10K!!!

𝐌𝐘 𝐇𝐎𝐏𝐄, 𝙟𝙟 𝙢𝙖𝙮𝙗𝙖𝙣𝙠Onde histórias criam vida. Descubra agora