Sete

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Namjoon terminou o guisado, era comida, e ele não tinha ideia de quando iria comer novamente. Enxaguou a tigela, caminhou até o quarto de Hoseok com pés de lobo silenciosos e empurrou a porta com a ponta dos dedos. O garoto já estava dormindo. Ele dormia sentado contra a parede, com as pernas cruzadas e a espada apoiada no ombro. Namjoon tinha a sensação de que se chegasse mais perto, ele acordaria com sua lâmina nele, então apenas ficou parado na porta.

Ele estudou a forma como as ondas de seus cabelos escuros emolduravam seu rosto. Hoseok era tão bonito, era como olhar para uma pintura. Exceto que esta pintura estava viva e quente, e o cheiro dele o fez querer gemer como um cachorrinho abandonado.

Hoseok cuidou do ferimento dele. Ele ficou lá, sentado muito quieto e deixou que Hoseok cuidasse dele. Namjoon ainda se lembrava da sensação dos dedos dele em sua pele. Se Hoseok soubesse o que ele estava pensando, teria fugido gritando. Ou talvez não. Gritar não parecia ser típico dele.

A história dele parecia genuína o suficiente. Os Edeges adoravam brigar por merdas idiotas e, uma vez que as brigas começavam, nunca morriam de verdade. Quanto menores as apostas, mais eles lutavam. Hoseok não lhe deu mais nenhum nome, exceto o dele, e Namjoon não tinha certeza se o nome dele era mesmo esse. O garoto planejava deixá-lo em Sicktree e desaparecer no pântano. Se eles estivessem em solo firme, ele poderia rastreá-lo, mas no pântano, onde a água quebrava trilhas de cheiro, não tinha certeza se podia. Hoseok sabia o que ele estava fazendo.

Se este fosse um conflito normal, as coisas seriam mais simples. Ele seria um inimigo. Mas se ele estava dizendo a verdade, ele era uma vítima, uma não combatente. Os não combatentes estavam fora dos limites. Até que ele se transformasse em inimigo ao atacá-lo, ele não tinha justificativa para tratá-lo como tal.

Namjoon queria que ele gostasse dele. As pessoas raramente gostavam dele, mesmo no Broken. Eles pareciam sentir que algo estava errado com ele e ficavam longe.

O que Namjoon precisava era se aproximar da família dele, dessa forma podia descobrir por que Aranha decidiu mexer com eles. Hoseok era o seu caminho para chegar à Aranha mais rápido. Ele tinha que fazer com que Hoseok gostasse dele ou pelo menos fazê-lo pensar que ele era útil o suficiente para levá-lo com ele. Namjoon tinha que pensar como um humano e ser mais astuto.

Ser astuto não estava entre a virtudes dele. Os felinos eram astutos. Raposas também. Ele era um lobo. Pegava o que queria, e se não pudesse, esperaria até que uma oportunidade de o pegar se apresentasse.

Hoseok mencionou que esperava chegar a Sicktree até o final de amanhã. A janela de oportunidade dele estava diminuindo. Ele estava ficando sem tempo.

Namjoon olhou para ele uma última vez e foi para a sala. Puxou as almofadas do sofá, fez um colchão improvisado no chão e se deitou, bloqueando a porta. O Espelho tinha um homem em Sicktree, Zeke Wallace. Oficialmente, ele era um comerciante de couro e taxidermista. Extraoficialmente, ele trabalhava para Adrianglia e contrabandeava mercadorias nas horas vagas.

De acordo com Erwin, Zeke forneceria informações atualizadas sobre Aranha, onde Aranha e sua equipe foram vistos, quem eles contataram no Mire e assim por diante. Zeke poderia ajudar a identificar Hoseok, mas era só isso.

O resto estava por conta dele.

Pense. Você também é humano. Pense.

Namjoon ainda estava tentando pensar em algo, quando o sono o venceu.


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Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora