Série Na Borda - Livro 2 - Lua do Pântano

Vinte e Um

Hoseok ergueu a cabeça e semicerrou os olhos para o céu da manhã. O céu estava em um tom lindo e intenso de turquesa que prometia um dia lindo. O problema era que hoje, a família cavalgaria para matar e morrer, e ele estava na liderança dessa cavalgada.

Atrás dele, duas dúzias de Jungs trotavam montados em seus cavalos. Mais cedo, ele enviou as crianças para explorar a estrada à frente. Hoseok olhou por cima do ombro. Todo mundo estava aqui. Jang Uk, Seokjin, Erian, tia Murid, tio Bem... O olhar dele se fixou em Namjoon cavalgando na borda à esquerda, ao lado de Adriana. Ele olhou de cara feia para Hoseok.

Sim, sim, estou vendo sua carranca, Lorde Joon, o Ciumento.

Se algo acontecesse com ele hoje, Jang Uk assumiria o comando da família e tia Pete cuidaria de Cotovia. O coração de Hoseok deu um salto. Cotovia não se daria bem com tia Pete, mas ele não sabia a quem mais recorrer.

Vovó Az ajudaria, mas vovó e Soobin tinham sua própria batalha para lutar. A família Sheerile era uma hidra... os dois irmãos estariam em Sene, mas o clã não morreria até que Kaitlin, a matriarca, desse seu último suspiro. A avó decidiu que hoje seria esse dia, e nenhum deles era estúpido o suficiente para tentar detê-la.

Eles dobraram a curva da estrada. Teria sido muito mais fácil se a mansão de seu avô ficasse em algum lugar próximo a estrada principal. Poderiam trazer um caminhão, jogar uma bomba de gás na casa, se abrigar no caminhão e atirar em qualquer coisa que saísse da mansão. Mas não, a mansão tinha que estar situada nas profundezas do pântano. Nenhum caminhão conseguiria passaria pelas trilhas estreitas e parcialmente inundadas. Isso significava que eles teriam que sitiar a mansão. Se os Sheeriles estiverem sozinhos, as chances não serão boas. Mas se os Sheeriles e a Mão estiverem juntos... Quem sabia que tipo de monstros insanos a Mão mandaria para lutar contra eles?

De qualquer forma que se olhasse, eles teriam que jogar uma bomba de gás na casa. Precisavam tirar os Sheeriles da casa com o mínimo de danos, ou arriscariam destruir quaisquer pistas do paradeiro de seus pais que a mansão guardasse.

Fazia dezesseis dias desde que seus pais foram levados. Hoseok olhava para a frente. Desfazer-se em lágrimas na frente de toda a família não seria bom. Dezesseis dias desde que a Mão levou sua mãe e seu pai, e quase oitenta anos desde o dia em que a guerra entre a família e os Sheeriles começou. Um inferno de dia.

Uma flecha passou por seu ombro e atingiu a casca de uma árvore à frente. Um esquilo se contorceu, perfurado pela flecha. Namjoon cavalgou até a árvore e cortou com sua faca o pequeno corpo peludo em dois. Uma massa giratória de tentáculos se espalhou e caiu na terra com um baque molhado. Ele já tinha visto esses tentáculos antes, dentro do morcego guiado pelo necromante da Mão.

— Um Morto? — Hoseok perguntou.

Namjoon concordou.

— Você não precisa se preocupar com a Mão hoje.

— Por que não? — Erian perguntou na parte de trás.

Namjoon olhou para ele.

— Se Aranha tivesse colocado seus agentes para ajudar os Sheeriles, ele não precisaria de um espião para ficar de olho nas coisas. Ele deve ter abandonado os Sheeriles a própria sorte, mas ainda quer um relatório da batalha.

Isso significava que Lagar e Arig estavam por conta própria. Apenas os dois irmãos e possíveis capangas que eles devem ter contratado. Hoseok ergueu os olhos para o céu.

— Obrigado.

— Eu posso matar o necromante — disse Namjoon.

— Quantas pessoas você precisa?