Epílogo

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Hoseok tomou um gole de chá. A manhã estava cinzenta e um pouco úmida. A noite deixou um pouco de orvalho nas cadeiras de vime colocadas na varanda, deixando seu jeans molhado, mas ele não se importou. Gostava de sentar-se assim, de manhã cedo.

A floresta aqui terminava quase em cima da casa. Eram bosques de verdade, carvalhos espessos, bordos e pinheiros. De sua posição, ele podia ver claramente o gramado até onde as árvores começavam. Em algum lugar lá fora, Namjoon vagava.

Ele gostava de correr de manhã cedo e caçar. A casa o incomodava um pouco. Namjoon queria um lugar muito menor e ele também, mas esta era a única casa dentro das propriedades de Casshorn que ficava mais próxima a mansão de Jungkook. Não tem problema. Eventualmente eles iriam fazer disso uma casa. Ou acabar construindo um local menor.

Hoseok meio que gostava da enorme varanda de pedra. E a piscina era boa. Soobin adorava a piscina. Mas um lugar menor seria melhor. Hoseok tomou um gole de chá. Tudo tão sossegado agora. Ontem, as quatro crianças, Cotovia, Soobin, Jimin e Yeojun, ganharam patins, feitos especialmente para eles por alguém da família de Jungkook. Eles inventaram de apostar corrida pelo longo corredor de mármore e, de alguma forma, tudo acabou em uma briga, como sempre acontecia.

As crianças estavam na casa de Jungkook e Yoongi hoje. Hoseok conheceu Jungkook e Yoongi há cerca de dois meses. Cotovia e os meninos se deram bem na hora, e Jungkook e Namjoon eram amigos, mas ele não gostou muito de conhecer Yoongi. Para começar, Namjoon tinha gostado do homem no passado.

Namjoon era dele agora. Seu lobo. Hoseok sorriu. Ainda assim, a primeira vez que viu Yoongi não ajudou também. Yoongi era mais alto do que ele por cerca de dez centímetros. Seu cabelo era castanho mel e perfeitamente penteado, sua roupa parecia caro e ele era bonito. Muito bonito.

No momento desse primeiro encontro Hoseok usava jeans, uma blusa branca e seu cabelo estava solto porque Namjoon gostava desse jeito.

As crianças foram para um lado, os homens para o outro, e Hoseok teve que se sentar com Yoongi no terraço.

— Então você é do Mire do Edge? — Yoongi perguntou depois de um tempo.

— Sim.

— É por isso as calças jeans?

— Bem, experimentei uma roupa de alfaiataria — disse Hoseok. — Ele até que ficou bem em mim. Usei-o por tempo suficiente para tirar uma foto e depois o tirei. Parece muito bonito pendurado em um armário.

Yoongi olhou para ele.

— Você me dá licença?

— Claro.

Cerca de cinco minutos depois, Yoongi saiu vestindo um par de jeans surrados e uma camiseta, e carregando duas garrafas de cerveja.

— Eu tenho guardado isso. São cervejas do Broken.

Ele abriu as tampas e passou uma das garrafas para Hoseok. Eles brindaram tilintando os gargalos de cerveja e beberam. Os meninos e Cotovia desapareceram entre as árvores.

— Meu irmão mais novo matou um lince ontem — disse Yoongi. — Aparentemente, o animal entrou em seu território e demarcou terreno com seu xixi. Ele o esfolou, se banhou com o sangue e colocou a pele sobre os ombros como uma capa. E foi assim que ele veio vestido para o café da manhã.

Hoseok bebeu um pouco de cerveja.

— Minha irmã mata pequenos animais e pendura seus cadáveres em uma árvore, porque ela pensa que é um monstro e está convencida de que eventualmente iremos expulsá-la de casa. Os cadáveres são seu estoque de alimento, só por garantia.

Yoongi piscou.

— Entendo. Acho que vamos nos dar bem, não é?

— Acho que sim.

E de alguma forma eles se davam bem. Tinham até um acordo de babá... um fim de semana Yoongi ficava com as crianças e no fim de semana seguinte Hoseok ficava. Ele não se importava. Yeojun era a versão miniatura selvagem de Namjoon. Ele era um problema, mas era um bom garoto.

Adorava Namjoon e Cotovia, eles eram como duas ervilhas em uma vagem. Hoseok não conseguia entender Jimin ainda. O garoto era muito quieto e educado, mas de vez em quando seus olhos se iluminavam e ele dizia ou fazia algo muito engraçado. Era quase como se houvesse dois Jimin... a versão bem-educada e o criador de problemas que vivia escondido dentro dele.

Mas hoje eles não estavam aqui, foram para a casa de Yoongi e Jungkook. O que significava que esta manhã ele e Namjoon estariam sozinhos em casa.

Um lobo preto saiu da floresta e correu em direção a casa. Hoseok sorriu. O lobo mudou no meio do salto, transformando-se em um Namjoon muito nu. Ele esticou o pescoço um pouco para ver melhor.

Humm...

Ele desapareceu abaixo da varanda. Um momento depois, Namjoon saltou sobre o corrimão da varanda e se jogou na cadeira ao lado dele, ainda completamente nu e ligeiramente suado. Hoseok olhou para ele com os olhos semicerrados.

— Você tem sorte que as crianças não estão aqui.

Ele se inclinou, seus olhos selvagens.

— Verdade, as crianças não estão aqui. Podemos ter um bom café da manhã tranquilo e depois podemos tirar uma soneca.

— Acabamos de nos levantar.

— Você acabou de se levantar. Estou acordado há horas. — Ele se inclinou e beijou os lábios dele.

Hoseok o provou, cheirou o almíscar leve de seu suor. A língua dele explorou sua boca, e quando se separaram para respirar, Hoseok teve que se lembrar que tirar a própria roupa na varanda não seria uma boa ideia.

— Você está certo, devemos tirar uma soneca — Hoseok disse a ele.

Ele sorriu para Hoseok. Um grito desesperado agudo rolou acima deles. Hoseok olhou para cima e viu uma pequena mancha azul crescendo rapidamente.

— O que é isso?

Namjoon xingou.

— Isso é uma Serpe da Força Aérea. Um dos pequenos.

A mancha cresceu e se tornou uma enorme criatura com escamas, um cruzamento entre um dinossauro e um dragão, revestido de penas azuis e brancas. Asas enormes agitaram o ar e a Serpe pousou no meio do gramado. Havia uma pequena cabine presa nas costas da Serpe. Hoseok pegou uma toalha da mesa e a jogou em Namjoon. Ele olhou para Hoseok como se fosse louco.

— Cubra-se.

— Por quê?

— Porque a maioria dos homens não ficam por aí com suas coisas penduradas para todos verem.

Namjoon enrolou o pano em volta dos quadris. A Serpe se abaixou. A porta da cabine se abriu e um homem saltou. Namjoon rosnou.

— Quem é aquele?

— Aquele é Erwin.

Erwin se aproximou da casa e acenou para eles.

— Lorde Kim. O Espelho requer seus serviços.

Eles queriam que Namjoon fosse seu espião. Ele estaria em perigo sozinho. A garganta dele se apertou. Não. Não tiveram tempo suficiente juntos.

— Eu vou me vestir — Namjoon rosnou.

— Vocês dois, meu senhor.

— Tenho que ir? — Hoseok saltou de pé.

— Sim, meu senhor. Isto é, a menos que queira recusar. Lorde Kim está sujeito ao nosso acordo, mas você não...

— Aguarde — Hoseok disse a ele. — Eu irei. Deixe-me pegar minha espada.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora