Treze

9 2 13
                                    


O público se levantou em uma confusão. Em algum lugar nos fundos, um baque anunciou uma cadeira caindo e uma mulher xingando.

Um homem de meia-idade entrou correndo na sala. O manto azul esvoaçante pendia de seus ombros como um lençol secando em um varal. O rosto acima do manto era marrom, marcado pelo tempo e enrugado como uma uva-passa. Duas sobrancelhas enormemente largas atravessavam seu rosto, como duas lagartas gordas e peludas.

O queixo do homem se movia enquanto ele caminhava para o assento, lembrando um touro velho e decrépito ruminando.

— O Condado de Angel Roost do Tribunal Distrital do Edge está agora em sessão — Clyde gritou. — Juiz Dobe presidindo. Sentem-se.

Todo mundo se sentou. Clyde deu um passo em direção ao juiz.

— Caso número 1252, Jungs versus Sheeriles.

O juiz Dobe enfiou a mão embaixo da mesa, tirou um pequeno balde de metal e cuspiu nele.

— Tudo bem. — disse ele, deslizando o balde de volta em seu lugar.

Namjoon se perguntou se Seokjin estava certo sobre aquilo ser um circo.

— Defensores, levantem-se — gritou Clyde.

A loira se levantou e Seokjin também. As sobrancelhas enormes do juiz se ergueram.

— Seokjin. É você quem falará em nome do demandante hoje?

— Sim, Meritíssimo.

— Bem, merda — disse Dobe. — Acho que ninguém melhor que você conhece intimamente a lei. Afinal, já esteve aqui muitas vezes.

Um sorriso enorme brilhou no rosto de Seokjin.

— Obrigado, Meritíssimo.

A loira pigarreou.

— Com todo o respeito, Senhor Juiz, este homem não está qualificado para atuar como advogado. Ele é um criminoso condenado.

O olhar de Dobe pousou na mulher loira.

— Eu não te conheço. Clyde, você a conhece?

— Não, Senhor juiz.

— Aí está. Nós não a conhecemos.

— Estou aqui para representar a família Sheerile. —A advogada loira deu um passo à frente, segurando um pergaminho. — Sou advogada credenciada em Nova Avignon. Aqui estão minhas credenciais.

— Nova Avignon fica no Weird — disse Dobe.

A loira sorriu.

— Eu fiz um extenso estudo da lei Edge para este caso, Senhor juiz.

— O que há de errado com os advogados locais que Lagar Sheerile tem que ir ao Weird atrás de um defensor? —Dobe semicerrou os olhos para a fileira de cadeiras vazias. — Onde está Lagar? E o resto da família dele?

— Ele renunciou ao seu direito de comparecer — disse a loira. — O Código do Condado dá a ele esse direito no Estatuto 7, Seção 3.

— Eu conheço o Código — Dobe disse a ela. Os olhos do homem ganharam um brilho perigoso. — Fui eu que escrevi metade dele. Então Lagar se acha bom demais para o meu tribunal. Certo, certo. Seokjin, a advogada credenciada ali disse que você não é qualificado porque é um criminoso condenado. Você tem algo a dizer sobre isso?

— Eu sou um criminoso condenado no Weird e no Broken — disse Seokjin. — No Edge fui apenas multado. Além disso, o mesmo estatuto também afirma que qualquer Edege pode servir como seu próprio defensor. Uma vez que o assunto diz respeito à propriedade da família Jung e eu sou um membro dessa família, alego que estou me representando e, portanto, posso agir como meu próprio advogado.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora