Oito

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A loja de Zeke Wallace ocupava uma grande estrutura de madeira que no Broken teria sido um celeiro. No Edge, provavelmente era considerado uma loja respeitável, Namjoon conclui, já que tinha uma cabeça de crocodilo gigante acima da porta e uma placa que dizia COUROS ZEKE embaixo dela.

Namjoon abriu a porta e lembrou-se de segurá-la para Hoseok. O interior da loja estava fresco e escuro. Havia um longo balcão no meio da loja, oferecendo uma variedade de facas, couro de jacaré, cintos e sucatas variadas. Um homem estava sentado atrás do balcão ao lado de uma grande besta.

Namjoon olhou para ele, avaliando-o, quarenta e poucos anos, magro, provavelmente ainda rápido. Pele da cor de noz, bronzeada pelo tempo e exposição ao sol. Cabelo, antes preto, agora grisalho, cortado em um corte mais comprido. Seus olhares se encontraram.

— O que posso fazer por você? — O homem perguntou.

— Procuro por Zeke — disse Namjoon.

— Eu sou Zeke. O que você e seu senhor estão precisando?

Hoseok se virou para o homem.

— Oi, Zeke.

Zeke se encolheu quando o reconheceu. Durou meio segundo, um mero piscar no rosto do homem, mas Namjoon percebeu... sobrancelhas levantadas, olhos arregalados, lábios esticados para trás. Essa era a única expressão humana com a qual estava muito familiarizado... medo. Zeke Wallace tinha medo de Hoseok.

Pele tom de noz.

O homem se recuperou rápido, quase instantaneamente.

— Olá, Senhor Jung. Como o senhor estar nesta bela noite?

— Ótimo, obrigado. — Ele vagou pelo balcão olhando para as bugigangas.

Namjoon ergueu a cabeça do peixe.

— Preciso que empalhe isso.

Zeke olhou para a cabeça.

— Isso é uma enguia Gospo Adir.

Hoseok fez uma careta.

— Sim, e ele está muito orgulhoso de matá-lo.

— A Seita não vai gostar — disse Zeke.

— Você pode fazer isso ou não? — Namjoon deixou algum rosnar em sua voz.

Zeke franziu a testa.

— O empalhamento de peixes é uma coisa complicada. Você tem que extrair a carne das bochechas e do crânio e então mergulhar a coisa em álcool para que o resto da carne endureça. Eu não faço isso, mas meu sobrinho, Cole, tem feito trabalhos como esse de vez em quando.

— Se é uma questão de dinheiro, posso pagar. — Namjoon tirou uma das moedas do Espelho do bolso e a jogou para Zeke.

Parecia uma moeda comum, exceto pela gravura do Leão de Adrianglia. O leão nas moedas comuns tinha três garras, não quatro. Zeke agarrou a moeda do ar e olhou para ela.

— Certo. Bem, conhece a velha história... o dinheiro compra tudo. Como mencionei, as montagens de peixes são complicadas e existem algumas maneiras de fazê-las. Eu tenho algumas amostras atrás. Se você escolher o que deseja, podemos conversar sobre o preço.

Ele se dirigiu para uma pequena porta. Namjoon o seguiu. Eles foram para a sala dos fundos e Zeke fechou a porta.

— Eu esperei você ontem — ele sussurrou.

— Encontramos alguns tubarões — disse Namjoon.

Zeke fez uma careta.

— Imaginei que tinha acontecido algo assim. Aquele lá fora é Hoseok Jung. Eu tenho esses dias quebrado a minha cabeça para encontrar uma maneira de levá-lo a família Jung, e você entra na minha loja lado a lado com ele como se fossem amigos do peito.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora