Dez

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A porta abriu silenciosamente sob a pressão da mão de Aranha, deixando-a entrar na estufa. Quinze metros de paredes vidro protegiam uma estreita faixa de solo dividida em dois por um corredor. Durante o dia, a luz do sol inundava a estufa, mas agora apenas o fraco brilho laranja das lâmpadas mágicas alimentava a vegetação. O proprietário anterior da mansão havia usado a estufa para cultivar pepinos do Mire; ele ficaria chocado se soubesse das aberrações que agora preenchiam a estufa.

Aranha examinou os dois lados do corredor tomado de plantas e viu a forma disforme de Posad, curvado entre as raízes de um Vernik no meio do caminho. Um grande balde e um carrinho de mão estavam ao lado dele.

Aranha caminhou em direção ao jardineiro, o cascalho esmagando sob seus pés. Posad mergulhou sua mão esquerda pequena e quase feminina em um balde, tirou lá de dentro um punhado de lama negra e oleosa, e espalhou no solo ao redor das raízes de uma jovem árvore jovem. A árvore era de um azul translúcido, tinha mais de dois metros de altura, e espalhava ramos perfeitamente formados, mas sem folhas. Os galhos azuis se inclinaram na direção de Aranha. Hesitante, como uma criança tímida, um dos galhos tocou o ombro dele. Aranha ofereceu sua mão e os ramos acariciaram sua palma.

Aranha tirou um saco de ração do carrinho de mão e ofereceu para a árvore um punhado de pó cinza granulado. Um pequeno galho roçou em sua mão, recolhendo o pó através de pequenas fendas em sua casca.

Outros galhos alcançaram sua palma e a árvore inteira se curvou para mais perto da comida. Posad continuou trabalhando, espalhando a lama no solo com um garfo de jardim de três pontas.

— Você a mima muito — disse ele.

— Eu não posso evitar. Ela é tão gentil. — Aranha deu o resto da ração à árvore e sacudiu as mãos para os galhos restantes. — Desculpe, rapazes. Tudo se foi.

Os galhos roçaram os ombros de Aranha em sinal de gratidão, e a árvore se endireitou. Ele observou os grãos de ração flutuarem pelo tronco, opacos e brilhando como flocos de neve, transformados em pequenas estrelas pelo reflexo da luz.

A árvore era vital para a fusão. Somente com ela John poderia fundir o corpo de Genevieve com o tecido da planta. O processo destruiria o autocontrole dela e garantiria obediência total. A fusão tinha seus próprios perigos, Aranha refletiu. Genevieve poderia perder todas as habilidades cognitivas, o que a tornaria inútil para ele. Poderia restar a ela algum autocontrole, e então tentaria matá-lo. Mas Aranha tinha pouca escolha no assunto. O diário era simplesmente importante demais.

Posad jogou um pedaço de pano sobre o ombro e empurrou o carrinho de mão para a frente. A protuberância nas costas de Posad, no lado direito, havia aumentado nos últimos dias, como sempre acontecia quando o enxame estava prestes a se dividir. Grossas veias roxas cobriam a carne da protuberância sob a pele rosada e brilhante. A coisa chamava atenção.

Como a maioria dos humanos alterados pela Mão, Posad foi concebido como uma arma. Ele deveria ser um Mestre Apicultor, ser capaz de comandar enxames de insetos mortais. Em condições de combate, a ideia se mostrou totalmente impraticável, mas Posad encontrou seu lugar, cuidando das plantas que forneciam produtos químicos para as alterações humanas.

— Não consigo encontrar Lavern — disse Posad, limpando a sujeira das calças com a mão direita, tão grande como uma pá.

Aranha ponderou por um momento. Lavern era um de seus Caçadores mais fortes, mas o mais instável de todos. Lavern andava mostrando tendências canibais, o que significava que eles precisariam substituí-lo logo. Ele só poderia ser implantado em alguma missão sob supervisão estrita e, pelo que Aranha sabia, o Caçador não deveria ter saído da mansão.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora