Vinte e Seis

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A luz cinza da madrugada se refletia nas úmidas agulhas de cipreste. Namjoon se inclinou para frente, segurando o galho de cipreste com os dedos para não cair. Acima dele, Seokjin se mexeu no emaranhado do musgo cabelo-de-donzela.

Quando Namjoon se ofereceu para patrulhar à frente dos Jungs, não achou que Hoseok o colocaria com seu primo. O corpo de Seokjin se movia suficientemente silencioso. Já sua boca era outro assunto.

Namjoon semicerrou os olhos. De sua posição no cipreste, podia ver a estufa de vidro e um pedaço da parede dos fundos a pelos menos quatrocentos metros de distância. Uma pequena figura corcunda e escura movia-se dentro da estufa. Enquanto observavam, o corcunda brandiu uma pá curta nos vidros. Fragmentos voaram para o chão.

— O que ele está fazendo? — Seokjin murmurou.

— Ele está destruindo a estufa.

Namjoon pulou do galho, saltou para o de baixo e se jogou para baixo, caindo no chão.

— Aonde você vai? — Seokjin sibilou.

— Vou entrar. Aranha e a maioria de seu pessoal se foram. Há apenas alguns agentes guardando o local.

— Devemos esperar por Hoseok.

Namjoon preparou sua besta e se dirigiu para a casa. Atrás dele Seokjin praguejou baixinho e pulou no chão macio. Namjoon caminhou pelo bosque de ciprestes até a borda da clareira e parou. O chão tinha um cheiro estranho.

Seokjin o alcançou.

— Protegido?

— Sim.

Seokjin pegou uma pedra e a jogou na clareira. Ela pousou entre duas Proteções. Uma haste verde saltou do solo e uma chuva de espinhos finos como agulhas salpicou o solo, arrancando fagulhas da pedra.

— Tem algum dinheiro com você?

— Não.

Seokjin fez uma careta.

— O que você tem?

Namjoon fez um inventário mental dos cerca de vinte e tantos itens que tirou da sacola de truques do Espelho e escondeu em suas roupas esta manhã. Praticamente nada que pudesse dar a Seokjin.

— Uma faca. — disse ele.

— Tudo bem. Aposto minha faca contra a sua que posso andar por lá ileso.

Namjoon olhou para a clareira de setenta metros que os separava da casa. Seria suicídio.

— Não.

Seokjin revirou os olhos.

— Não é a mesma coisa sem uma aposta.

Hoseok iria esfolá-lo vivo se seu primo explodisse. Seria muito divertido ver. Terapêutico até. Mas isso o faria chorar.

— Não.

— Namjoon, preciso de uma aposta, caso contrário, não funcionará. Você não tem nada a perder. Apenas aposte a droga da faca.

Namjoon pegou sua faca reserva e a enfiou no chão a seus pés.

— Divirta-se.

Seokjin largou a própria lâmina no chão e pegou a faca. Seus dedos correram ao longo da lâmina, acariciando o metal. Ele fechou os olhos e entrou no campo. O pé de Seokjin pairou sobre um ponto, ele se virou, os olhos ainda fechados, e virou para a esquerda, depois para a direita. A ponta da bota direita quase tocou um pedaço de solo suspeito, então Seokjin oscilou e girou para longe. Ele continuou avançando, cambaleando como se estivesse bêbado, saltou com graça, congelou, apoiou-se na planta do pé esquerdo e atravessou os últimos três metros em uma corrida reta.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora