Quatorze

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Hoseok cavalgava calmamente, deixando o cavalo escolher o ritmo. O pântano passava dos dois lados da estrada, cascas claras das árvores mortas subindo da água do pântano, negra como alcatrão líquido.

Ganharam a primeira batalha. Peva estava morto. O tribunal decidiu a favor da família dele. Eles conseguiram o direito de recuperar a casa do avô. Agora só tinham que fazer isso.

Hoseok deveria estar feliz. Em vez disso, se sentia vazio e exausto até o âmago, como se seu corpo tivesse se tornado um trapo puído pendurado em seus ossos. Ele estava tão cansado. Queria descer do cavalo. Queria se enrolar em algum lugar escuro e silencioso. E acima de tudo, queria sua mãe.

Hoseok suspirou. Era um desejo ridículo. Tinha vinte e quatro anos. Não era mais uma criança a muito tempo. Se as coisas tivessem acontecido de forma diferente, já estaria até casado e teria seus próprios filhos. Mas não importava o quanto tentasse pensar racionalmente sobre isso, queria sua mãe com o desespero de uma criança deixada sozinha no escuro. A necessidade era tão primitiva e forte que ele quase chorou.

Hoseok não conseguia se lembrar da última vez que chorou.

Provavelmente foi a muitos anos.

A parte lógica dele sabia que ganhar a audiência era apenas o primeiro passo em uma longa estrada. Nos últimos dez dias, ele teve um objetivo claro... encontrar o tio Hugh, pegar os documentos e voltar a tempo para a audiência. Viveu e respirou isso, e agora estava feito. Havia cumprido seu objetivo e, por dentro, no mesmo lugar que queria sua mãe, ele se sentiu profundamente traído porque seus pais não apareceram magicamente.

Ouviu sons de cascos de cavalo atrás dele. Hoseok virou o corpo em sua sela. Dois cavaleiros desciam o caminho a meio galope.

Namjoon e Seokjin.

Namjoon carregava a besta de Peva. Algumas pessoas sonhavam com um cavaleiro de armadura brilhante. Ele, aparentemente, acabou tendo um cavaleiro vestido em jeans preto e couro, que queria prossegui-lo e fazer coisas indecentes com ele.

Quando Hoseok era adolescente, costumava se imaginar conhecendo um forasteiro. Ele seria do Weird ou do Broken, não do Mire. Seria letal e durão, tão durão que não teria medo dele. Ele seria engraçado também. E bonito. Hoseok tinha ficado tão bom em imaginar este homem misterioso que quase podia imaginar o rosto dele. Namjoon daria de zero a dez nesse homem imaginário.

Talvez fosse por isso que ele não conseguia tirá-lo da cabeça, Hoseok refletiu. Tendo esperanças por coisas que nunca aconteceriam. Os dois homens o alcançaram e pararam seus cavalos.

— Viu? — Seokjin fez uma careta. — Ele está inteiro.

Namjoon o ignorou.

— Você cavalgou sozinho. Não faça disso um hábito.

Ele estava preocupado com a segurança dele. Lorde Joon, tão encantador. E formulou sua preocupação tão delicadamente também. Ora, ele era a própria imagem do galanteio.

— Preocupado com sua isca?

— Você não será bom para ninguém morto.

Seokjin tinha uma expressão peculiar no rosto.

— O que foi? — Hoseok perguntou.

— Nada. Acho que vou me adiantar. — Ele seguiu em frente.

Hoseok suspirou.

— Você o irritou?

Namjoon encolheu os ombros.

— Ele faz piadas de mau gosto. Eu disse a ele que as piadas não eram engraçadas. Cavalgar sozinho foi uma decisão imprudente. Se continuar cometendo pequenos erros, eles se tornarão hábitos e você morrerá.

Série Na Borda - Livro 2 - Lua do PântanoOnde histórias criam vida. Descubra agora