A manhã chegou muito rápido, decidiu Namjoon ao terminar de se barbear. Depois que retornou do pântano voltou para dentro de casa e ficou algumas horas na cama, mas a maior parte do corpo dele ainda parecia como se tivesse passado por uma máquina secadora do Broken com algumas pedras adicionadas só para ferir mais um pouco.
Pelo menos seu quarto tinha um banheiro anexo, assim pôde se limpar com relativa privacidade. Os hematomas de seu ombro passaram de azul para verde amarelado. Até o anoitecer o amarelo terá sumido, os metamorfos curam rápido. O problema é que a cura rápida muitas vezes tem um alto preço, pago em dor, ele refletiu.
Algo aconteceu de manhã cedo. Ele se lembrou de ter acordado com algum tipo de alvoroço pela casa, mas sua porta permaneceu trancada, então voltou a dormir. Namjoon vestiu-se e testou a maçaneta novamente. Aberta. Bom. Levou toda a sua vontade para não a quebrar na noite passada. Ficar preso nunca foi sua coisa favorita. Saiu do quarto e deslizou para o corredor. A casa estava silenciosa e iluminada pelo sol, o ar cheirava a bacon cozido. Conclui que gostava do Buraco-de-Rato. Com seus pisos de madeira limpos e janelas altas, era um lugar aberto e organizado, acolhedor, confortável e principalmente não opressor. Ele capturou um leve toque do cheiro de Hoseok e o seguiu escada abaixo, levando-o a uma cozinha enorme. Uma mesa enorme, antiga e cheia de cicatrizes, dominava o ambiente. Atrás da mesa, um enorme forno a lenha ao lado de um antigo forno elétrico. Erian sentado à mesa fazia o possível para esvaziar seu prato cheio. Seokjin estava encostado na parede. Nada de Hoseok. Ótimo.
— Olha quem está aqui. — Seokjin o saudou com um aceno de mão. — Você perdeu o café da manhã, amigo.
— Achei que iria me chamar, afinal é você que está me vigiando — disse Namjoon. — Que diabos aconteceu?
Seokjin fez uma careta.
— Coisas aconteceram. De qualquer forma, eu sabia que você encontraria seu caminho para cá mais cedo ou mais tarde. Além disso, todo mundo aqui está te vigiando. Não podemos ter um estranho em casa sem supervisão. Sem ofensa.
— Não ofendeu. A esposa de Urow me explicou como funciona as coisas aqui.
Os olhos de Seokjin se estreitaram e ele desviou o olhar. Algo havia acontecido com Clara ou com Urow. Algo que fez Seokjin estremecer.
— Isso seria típico de Clara — disse Seokjin. — De qualquer forma, você já conheceu meu irmão mais novo antes, não foi?
— Sim. Erian.
Erian acenou para ele com o garfo. O homem comia devagar, cortando a comida em pequenos pedaços. O rosto dele era inteligente, mas ligeiramente melancólico, típico de alguém preocupado com algo.
— Normalmente, precisamos nos apresentar três ou quatro vezes aos nossos hospedes para eles conseguirem memorizar os nomes de cada um.
Seokjin pegou uma bandeja de metal coberta por uma tampa e a destampou. Namjoon viu uma pilha de linguiça frita, pedaços de peixe frito empanado, ovos mexidos e duas pilhas de panquecas douradas brilhando com manteiga, e tentou não babar.
— Sobras — disse Seokjin. — Desculpe pelo peixe. Não temos muita carne aqui. Os pratos estão no armário atrás de você.
Namjoon pegou dois pratos no armário, entregou um dos pratos para Seokjin que em troca deu a Namjoon um conjunto de garfo e faca. Eles se sentaram em lados opostos de Erian. Namjoon atacou as panquecas. Elas eram doces, macias e perfeitos. Seokjin passou para ele um pequeno pote de geleia verde.
— Experimente isso.
Namjoon espalhou um pouquinho na panqueca e colocou na boca. A geleia era doce, mas ligeiramente azeda, suave. Tinha gosto de morango e kiwi e um toque de uma fruta estranha que ele experimentou uma vez... caqui, era isso.
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Série Na Borda - Livro 2 - Lua do Pântano
FanfictionSérie: Na Borda Livro: 02 O Edge fica entre mundos, na fronteira entre o Broken, onde as pessoas fazem compras no Wal-mart e a magia faz parte só dos contos de fadas, e o Weird, onde os nobres Sangue azuis governam, os metamorfos vagam, e a força de...