— Não precisa ficar aí, olhando de longe.
Ava se assustou com a voz, ela estava um tanto distraída, olhando Sara através do vidro. Desde que o médico permitiu a entrada de parentes, Sara não tinha saído do lado do pai, e Ava não tinha saído da parede de vidro.
— Acha que vai acabar tudo bem? – Perguntou à Dinah, que se juntou a ela.
— Eu não sei. – Ela sorriu. – Quentin já está cansado, não sei se tem forças pra continuar.
Ava bufou baixo e voltou seu olhar para Sara. Ela estava sentada ao lado do pai, segurando sua mão e sussurrando algo que Sharpe não conseguia ouvir.
Por mais que não aparentasse, ela imaginava a dor que Lance estava sentindo e queria poder impedir que ela sofresse.
— Ela gosta muito de você. – Dinah sussurrou.
— Duvido muito. – Retrucou, se lembrando da ameaça que recebeu mais cedo.
— Não deveria duvidar. – Ela disse, depois de uns segundos de silêncio. – Sara só tem um jeito torto de amar, não quer dizer que ela não ame.
Ava olhou para Dinah e logo voltou a olhar para dentro do quarto.
Sara a amava?
Parecia um tanto improvável para ela. Que ela gostava, ou sentia algo por ela, era óbvio, mas amar?
Então Ava se fez uma pergunta.
O que era amor?
Ela amava Sara?
A resposta veio no momento em que seus olhares se cruzaram.
Sim.
Ela amava a mulher decidida dos olhos tristes. Ela amava o jeito que ela torcia os lábios quando algo não a agradava. Quando ela a arranhava na hora do prazer, ou quando erguia a sobrancelha.
O sorriso discreto, o debochado, o malicioso, e o que ela mais gostava, o sorriso sincero. Aquele que ela raramente mostrava e que a deixava tão linda.
Ela era fodidamente apaixonada por Sara.
— Eu amo a sua filha. – Ela admitiu, fazendo Dinah sorrir de maneira maternal.
— Por que não diz isso a ela? – Perguntou, dando uma batida leve no vidro. – Leva ela pra se distrair um pouco.
Sara saiu do quarto bem contrariada, mas obedeceu a mãe.
Ela parecia muito cansada, estava com uma expressão estranha no rosto e umas olheiras enormes.
— Vai com a Ava. – Dinah disse para a filha. – Está tarde, você precisa descansar.
— Eu vou ficar, não preciso descansar. – Disse, fazendo pirraça.
— Sara, está decidido! – Dinah falou com delicadeza e seriedade. – Eu fico com seu pai e você vai pra casa.
Sara queria dizer não, e ficar ao lado do pai. Queria gritar com Dinah, dizer que não era mais uma criança e que não seguiria ordens. Mas viu o sofrimento da mãe, o cansaço que abatia, a sempre perfeita, senhora Lance. Ela não queria causar mais problemas, então aceitou as ordens da mãe.
— Me liga. – Pediu. – Qualquer coisa, um espirro, me liga. Por favor.
— Pode ficar tranquila, amor. – Dinah abraçou a filha. – Vai ficar tudo bem.
Ava acompanhou Sara até em casa e novamente, o caminho foi feito em silêncio. Ela preferiu prestar atenção na estrada, e Lance estava perdida em pensamentos.
Sara parecia perturbada, como se algo, além do estado do pai, a estivesse atormentando.
— Está entregue. – Disse assim que chegaram ao apartamento de Lance. – Você vai ficar bem?
Ela não respondeu, porque não sabia o que responder. Não sabia se tudo ficaria bem, se ela ficaria bem. Ela queria acordar e ver que estava num pesadelo horrível, mas que não passava de um sonho ruim.
Ela não convidou Sharpe para ficar, mas também não disse para ela ir. Na verdade, ela não disse nada e isso a preocupou. Ela estava quieta demais e para o momento que estava vivendo, isso era ruim.
Sara pareceu não se importar com a presença de Ava, ela correu para o seu quarto e agarrou Teddy.
Se sentia com cinco anos novamente, via alguém que amava partir e não podia fazer nada.
Ela não queria sair do hospital, porque da última vez que deixou alguém, recebeu uma notícia ruim depois.
Foi assim com Susan, estava sendo assim com Quentin. Ela estava vivendo um inferno e parecia que não ia parar nunca, que ela nunca teria paz.
Por que Quentin tinha que ter ido atrás de Damien?
Por que não deixou que Sara resolvesse?
Ela se sentia culpada, pensava que se não tivesse contado ao pai, ele ainda estaria ali, cheio de vida ao lado dela e da mãe.
— A culpa é minha... – Ela sussurrou para si mesma.
— Hey, não se torture tanto. – Ava estava observando ela, viu quando ela se agarrou ao velho urso e a ouviu se culpar pela situação do pai. – Essa nem parece a Sara que me ameaçou no hospital. – Ela sorriu, tentando animá-la e falhando miseravelmente.
— Você não me conhece, não sabe nada sobre mim.
Ela revirou os olhos, reconhecendo a tática dela. Aquele era o jeito dela se defender, atacando e mantendo as pessoas longe. Não funcionaria, não naquela noite.
— Bom, eu conheço um pouquinho. – Disse, se juntando a ela na cama. – Eu sei que sua cor preferida é vermelho, e que você odeia rosa.
Sara olhou para ela, que sorriu e continuou:
— Sua comida preferida é lasanha, você ama paçoca e é alérgica a abacaxi. Eu sei que odeia filmes de romance, poque acha bobo. E prefere o frio ao calor. Você odeia flores, mas adora ursos e filhotes.
Lance sorriu melancólica, ouvindo Ava contar detalhes da vida dela, coisas que quase ninguém sabia.
Mesmo mostrando saber muito, Sharpe não sabia de nada. Ela queria contar as mesmas coisas que contou a Quentin, mas não teve coragem.
Simplesmente não conseguiu dizer a ela, que aquela mulher que ela conhecia tão bem, não existia. Que ela não passava de uma casca, usada para esconder uma menina indefesa e rancorosa. Ava era a única capaz de fazer com que se sentisse bem, a única que a entendia e ela não queria perder isso.
— Ava...
— Eu sei que está sendo difícil, mesmo você fazendo questão de esconder. Eu te conheço, sei quando...
— Não. – A interrompeu. – Você não me conhece.
Sara pulou da cama e voltou a vestir o blazer de Ava.
— Aonde você vai a essa hora? – Ela perguntou, seguindo-a pela casa.
— Eu não, nós. – Falou, pegando as chaves e abrindo a porta do apartamento. – Tenho que te mostrar uma coisa.
— Precisa ser agora?
— Precisa. – Ela a puxou para fora, trancando a porta atrás de si. – Hoje você vai conhecer Lara Almeida.
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Revenge | Avalance Version
Fanfiction- Por que a deixou viva? - Um dos capangas perguntou. - Ela é só uma criança idiota - O patrão respondeu com desdém - Não vai fazer mal a ninguém. - Errou! - Ela sussurrou sorrindo. 🚨FANFIC ADAPTADA🚨 Obra original: Alren - @Ally_Ligth Adaptação: A...