| Capítulo 28 |

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Sara abriu os olhos devagar, tentando se acostumar com a claridade do quarto. Sua cabeça latejava, a vista doía, assim como algo dentro dela.

— Que bom que acordou.

Ela se virou e viu Ava sentada ao seu lado. Ela parecia cansada, tinha olheiras enormes, como se tivesse passado noites em claro.

Sara tentou se levantar, mas desistiu ao sentir a cabeça girar. Ela olhou em volta, tentando reconhecer o lugar, nesse momento, as lembranças invadiram sua mente e ela preferiu não ter acordado.

Não era a primeira vez que ela perdia alguém importante, mas era a primeira vez que doía tanto. Talvez fosse pelo fato de não se lembrar muito dos pais, assim não poderia sofrer tanto. Ou talvez fosse pela ligação que ela tinha com Quentin.

Sara sentia o peito arder, como se alguém tivesse arrancado seu coração. Era uma dor tão grande, que ela desejou não sentir mais nada.

— Sinto muito. – Ava sussurrou com a voz rouca. – Não era para ser assim... Quentin era tão bom...

E novamente, os pensamentos dela foram para a "justiça divina".

Por que pessoas boas morriam, e as más não?

Por que Damien continuava vivo?

Se vingar dele, era mesmo errado, mesmo depois de tudo o que ele fez?

Ela se sentia mal, minúscula e impotente, sentia que tudo era culpa dela. Se tivesse deixado o ego de lado, e tivesse matado Damien na primeira oportunidade, Quentin ainda estaria vivo.

— Minha mãe... – Ela parou, levando a mão a cabeça.

— Ela foi... Ela está na igreja, agilizando o velório... Já faz dois dias. – Sara franziu o cenho. Dois dias?! – Você ficou muito nervosa, eles acharam melhor te acalmar.

A cena da morte do pai, retornou aos seus pensamentos e foi duas vezes mais doloroso.

Gritos.

Choro.

Desespero.

Dor...

Damien...

— Ele esteve aqui. – Pensou alto. – Aquele filho da puta!

Sara se levantou da cama, ignorando a tontura e tirou as agulhas que estavam em seu corpo.

— Aonde pensa que vai? – Ava perguntou, a segurando. – Você não está bem...

— Eu estou ótima. – Respondeu, desviando dos braços dela. – Tenho umas coisas para resolver.

Ela procurou por todo o quarto, até encontrar uma bolsa com suas roupas.

— Sara, por favor. – Ava se colocou na frente da porta. – Seu pai vai ser enterrado hoje, você não está lidando bem com isso... Não vá fazer algo que possa se arrepender depois.

Ela começou a se vestir, sem se importar com o olhar mal disfarçado de Sharpe.

— Eu realmente não estou sabendo lidar. – Disse, arrumando os cabelos em volta do rosto. – Aquele desgraçado me tirou o que era mais importante para mim, ele fudeu a minha vida... Já passou da hora de retribuir o favor.

— Está ouvindo o que diz?! – Gritou. – Seu pai morreu, Sara! E você só pensa em vingança?!

— Quentin era a minha parte boa, a única coisa que me mantinha humana. Só que ele morreu, e advinha de quem é a culpa? – Parou na frente dela. – Eu estou sofrendo muito, pode não parecer, mais está doendo pra caralho... Eu queria ter ido com ele, porque a vida não faz sentido sem o meu pai... Talvez eu me jogue da primeira passarela, ou engula todo meu estoque de remédios... Só que antes, eu vou matar Damien, vou fazer ele pagar por tanto sofrimento. Eu não posso ser feliz, não sem meu pai... Eu me devo isso Ava, devo isso a Quentin e Susan.

Ava olhou no fundo dos olhos dela, ela podia sentir a dor em suas palavras. Ela presenciou a maldade de Damien, a crueldade que fizeram com Quentin, e no lugar dela... Ela também buscaria por justiça.

O problema, era que ela a amava muito para permitir que ela fizesse algo como aquilo.

Sharpe suspirou pesadamente, se sentindo derrotada, pois sabia que nada do que dissesse mudaria a opinião de Sara. Ela deu dois passos para o lado, saindo do caminho dela.

— Ele veio, disse que estava arrependido... – Falou de cabeça baixa. – Eu não acreditei em uma palavra. – Riu baixinho. – Quer matá-lo? Então mate. Mas promete que vai se cuidar... E que vai voltar para mim quando tudo acabar? – Sara sorriu com as palavras de Ava, como se ela pudesse acreditar que ainda havia esperança, que ela podia ser feliz. Sharpe a puxou pela cintura, depositando um beijo molhado em sua testa. – Promete que quando acabar com ele, vai se casar comigo? – Ava sorriu. – Vai passar o resto da sua vida, do meu lado. Sem vingança, sem passado... Sem dores... Promete?

— Está me pedindo...

Ela colocou o dedo em seus lábios, a impedindo de continuar a frase.

— Só promete... Por favor.

— Eu prometo!

Ava deu fim ao espaço que existia entre elas, selando seus lábios aos dela em um beijo quente, cheio de promessas e esperanças, com um gosto de despedida.

— Boa sorte. – Ela disse, afastando seus corpos e depositando outro beijo na testa dela. – Vou estar aqui quando voltar.

Sara sorriu e fechou a porta do quarto atrás de si.

Estava na hora de dar fim ao que deu início em seu sofrimento...

Era o fim de Damien Darhk!

Revenge | Avalance VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora