| Capítulo 35 |

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Sara estacionou o carro em frente ao prédio de Damien, sem se importar se estava sendo observada ou não, o revólver de Ray estava escondido em sua bota, assim como a faca que havia colocado na cintura.

Ela subiu os degraus com determinação, estava pronta para enfrentar Damien e mandá-lo para o inferno de uma vez por todas.

Cada degrau que subia, fazia seu peito se apertar mais. Ela não queria admitir, mas estava morrendo de medo do que poderia encontrar lá dentro.

Várias cenas passaram por sua cabeça e em todas, Ava estava morta.

Lance respirou fundo tentando se acalmar, não podia demostrar fraqueza naquele momento, Damien era como um cão e sentiria o medo de longe. Precisava ser forte se quisesse sair dali com vida.

Ela parou em frente a porta de Damien, fechou os olhos e contou até três antes de abri-la.

Ava mal conseguia manter os olhos abertos, a dor tomava seu corpo e ela estava prestes a se render, quando sentiu a presença dela.

O perfume de Sara foi o suficiente para fazê-la abrir os olhos, ela não sabia se ficava feliz em poder vê-la, ou se ficava triste por ela estar ali.

Nora estava segurando a cabeça de Sharpe em seu colo, e tentava mantê-la acordada, ela evitou olhar para Sara, sentia pena por Ava ter ido até ali, pois sabia do que o pai era capaz.

Damien ergueu uma sobrancelha ao notar que Sara estava desarmada, o que para ele, era uma puta surpresa. Ele não esperava que ela se entregasse daquela maneira, imaginava que teria um pouco mais de resistência, mas Lance se mostrou tola demais.

Sara podia sentir os olhares em suas costas, mas preferiu não pensar em Ava ferida nos braços de Nora, ela precisava de foco. Por dentro Lance estava acabada, ver Sharpe naquele estado e não fazer nada exigia muito do emocional dela... E por mais que aparentasse frieza, ela sangrava por dentro.

Ela suspirou pela milésima vez, e olhou ao redor, se surpreendendo com o estrago que Damien havia feito.

Ruvé estava imóvel no chão com o rosto coberto de sangue, Ava já não conseguia lutar contra a dor e mal se mexia. E Nora, apesar de ser a única que estava acordada, também estava machucada... Ele realmente era um monstro repugnante.

— Me queria aqui? – Ela sorriu de lado, engolindo o bolo de emoções que sentia. – Que tal deixá-los ir? Assim ficaremos só eu e você.

— Você destruiu a minha vida, vagabunda. – Rosnou. – Tirou tudo o que era meu, fez eu matar a minha esposa. Acha mesmo que eu ainda quero algo com você?

Sara mordeu o lábio para conter o riso, mas foi inevitável. Ela riu, uma risada cheia de humor e ironia, que deixou Damien confuso.

— Acha que quero me deitar com você? – Disse, ainda rindo. – Tolo...

O deboche de Lance só serviu para deixar Damien ainda mais irritado. Ele se aproximou dela e a segurou pelo cabelo, deixando a arma em sua cabeça.

Ela podia sentir o ódio exalando dele e mesmo com um revólver apontado para si, Sara não tirou o sorriso do rosto.

— Atira! – Ela provocou. – Vamos, Damien, me mata... Puxa esse gatilho...

As mãos tremeram, era o que ele mais queria... Matá-la. Acabar com a prepotência dela,  estourar aquele rostinho bonito... Mas ele não fez... Exitou, e esse foi seu erro.

Em um movimento rápido, Sara se livrou das mãos de Damien e puxou a faca de sua cintura, cravando-a no abdômen dele.

Primeiro veio a surpresa, depois a dor. Damien arregalou os olhos e levou a mão ao corte em sua barriga, seus joelhos se dobraram e ele caiu sobre o sofá.

Lance o puxou pelos cabelos, fazendo com que ele a encarasse, a expressão de dor em seu rosto a fez sorrir.

— Sabe qual o seu problema? – Perguntou, apertando o corte em sua barriga e arrancando um grito de dor dele. – Me subestimou demais, Damien... – Ela tirou o revólver das mãos dele e se virou para Nora, que encarava a cena com os olhos arregalados. A vontade de Sara era de estourar os miolos dela só pela maneira que ela segurava Ava. Era um sentimento infantil e egoísta, porém, inevitável. – Acha que consegue tirar ela daqui? – Perguntou, abaixando a arma.

Nora negou com a cabeça e antes que Sara dissesse algo, Ray entrou exasperado pela porta.

Ele tinha um pé de cabra nas mãos, o que arrancou um sorriso de Lance.

— Não diz nada. – Ele falou, olhando para Damien desacordado no sofá. – Ele está morto?

— Não, só ferido. – Deu de ombros. – Tire elas daqui.

Nora olhava para aqueles dois, tanta cumplicidade... Foi aí que a ficha caiu. Ray trabalhava para Sara, por isso mentiu para ela.

— Eu explico depois. – Ele se antecipou, retirando Ava do colo dela. – Agora vamos.

Lance acariciou os cabelos de Ava e depositou um beijo em seus lábios frios.

Ela suava e seu rosto estava muito pálido, Sara não queria pensar no pior, não podia pensar no pior.

— Ela vai ficar bem. – Nora falou, pegando todos de surpresa. – Ava é forte e... Ela te ama.

Sara ficou sem reação, por um momento quis abraçar Nora e chorar em seus braços. Só por um momento. Ao invés disso, ela balançou a cabeça e se afastou deles.

— Leve-a para um hospital e me mantenha informada. – Disse, reassumindo o tom frio.

Ray colocou Nora para fora e pegou Ava no colo. Antes de chegar na porta, ele se virou para Sara com um olhar preocupado.

— Mate-o enquanto ele está desacordado. – Ele falou. – Olha o estrago que ele causou.

Sara olhou ao redor e sorriu antes de responder.

— Eu tenho algo muito melhor em mente. – Seu olhar era distante e doentio.

— Sara, olha o que ele fez com a Ava. – Disse aflito. – Ele é esperto e perigoso.

— Só que eu ainda sou bem mais. – Respondeu seca. – Não vou acabar com isso rápido, tenho algo grande em mente.

— Sara, por favor...

— Cale-se! – Gritou. – Cuide da Ava, eu cuido do resto.

Ray queria ficar e discutir, mas Ava tremia em seus braços, e ele sabia que se a garota morresse em suas mãos, Sara o mataria também... Então ele virou as costas, e escutou quando a porta foi fechada atrás dele.

— Que Deus te proteja. – Sussurrou, antes de correr até o carro.

Revenge | Avalance VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora