| Capítulo 14 |

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Já tinha escurecido, e Sara estava deitada em sua cama, curtindo a repercussão do caso "As damas Darhk", quando alguém bateu em sua porta.

Ela olhou no relógio, onze da noite. Não fazia ideia de quem poderia ser, já que Ava avisou que ficaria com Nora, pois ela estava "arrasada" com o vazamento de sua vida pessoal e blá blá blá. 

Sara deixou o notebook ligado em cima da cama, ao lado de seu ursinho de pelúcia, e foi atender a porta.

Desejou xingar o porteiro, ele nunca interfonava, era pago para não fazer nada. 

Ao abrir a porta, Sara sentiu vontade de gritar e sair pulando por todo o apartamento:

— Eu posso entrar? 

Damien estava com a aparência devastada. O rosto enrugado, parecia ainda mais flácido, os olhos avermelhados estavam cercados por olheiras escuras, a roupa toda amarrotada.

Ele andou bebendo, Sara conseguia sentir o cheiro forte de whisky. Ele estava mesmo digno de pena, e Lance quase teve compaixão...

Quase!

— Damien, o que aconteceu com você? - Perguntou, abrindo passagem para ele. 

— Vai me dizer que não viu os jornais? – Ele se sentou no sofá. – Eu estou arrasado. 

— Sinto muito. – Falou, segurando uma das mãos dele. – Nem imagino como deve estar sendo duro. 

— Aquela vagabunda, mantinha um caso com o motorista. – Disse cabisbaixo. – Ela não tinha o direito de fazer isso. 

Sara reprimiu a vontade de revirar os olhos, tamanha a ironia dos fatos. Por que ele podia correr atrás de mulheres inocentes, e ela não podia dar para o motorista? 

— E a Nora? – Perguntou interessada. 

— Ela quase pirou. Se não fosse pela Ava... Por falar nisso, vocês já se conhecem? 

— Ava é uma velha conhecida, sua filha soube escolher. 

— Essas coisas não podiam ter vazado. – Ele se levantou e passou a andar de um lado para o outro. – Agora a mídia vai ficar em cima de mim. 

Sara perdeu o ar ao perceber o quão repugnante Damien podia ser. Ele não estava preocupado com sua família, estava preocupado com sua imagem:

— Não Damien, isso não poderia ter acontecido. – Sara também se levantou. – Sua mulher... 

— Me trai desde sempre. – Ele cortou. – Acha que eu sou o único adúltero? 

Aquela família era ainda mais imunda do que Sara imaginava, eram como um corpo em decomposição, quanto mais ela mexia, mais fedia e mais queria ficar longe.

Damien sabia da traição da mulher, já havia relevado o vício da filha. As manchetes nos jornais só serviu mesmo para acertar seu ego... 

E foi nessa hora, que Sara enxergou o que tinha deixado passar. O ponto fraco de Damien não era a família, era ele mesmo. Atacar a mulher e a filha não tinha adiantado de muito, o efeito não foi como ela esperava, mas já era melhor que nada. Lance já tinha feito o primeiro furo na armadura de James, e ela não pretendia errar os próximos disparos:

— Posso usar seu toalete? 

— Segunda porta à esquerda. – Sara explicou, pegando o telefone assim que ele virou as costas. 

Damien era um homem podre, egoísta, que se endeusava e se colocava acima de tudo. O alvo perfeito, e certeiro, era seu ego. Ele era tão cheio de si, que não notaria um golpe, nem que ele viesse de seu reflexo no espelho.

Ray atendeu no segundo toque:

— Ligando a essa hora? – Sua voz estava rouca, por causa do sono. – Aconteceu alguma coisa? 

— Mudança de planos. – Ela sussurrou. – Esquece as madames. O foco é ele. 

— Ué, mas por quê... 

— Só faz o que eu estou mandando. – Ela o interrompeu. – Investigue toda a vida dele. Se ele roubou uma borracha na escola, eu vou querer saber. Entendido?

— Sim senhora. 

— Tenha uma boa noite, Raymond.

Ray riu e encerrou a ligação.

Damien estava demorando muito, então Sara resolveu ver se tinha acontecido algo. A porta do banheiro estava aberta, mas o cômodo estava vazio.

Ela andou devagar até a porta de seu quarto e o viu em pé na beirada de sua cama, com Teddy nas mãos. 

Merda.

Ela se repreendeu mentalmente. Deveria ter trancado a porta do quarto, ou algo assim. Não podia ter dado um mole desses:

— Damien, o que você pensa que está fazendo?!

Ele se assustou com a presença dela, mas não soltou o urso:

— Eu estava curioso para conhecer seu quarto, confesso. – Ele franziu o cenho. – Esse urso. Onde conseguiu? 

O olhar desconfiado mostrava que ele não tinha esquecido daquela noite. Talvez ele a estivesse esperando, pronto para matá-la como fez com sua mãe, ou talvez a culpa não o deixou esquecer. Não importava.

Sara estava pressionada, será que ele sabia de algo e foi até seu quarto para ter certeza? Se fosse isso, ela estaria frita. 

Não, não era a hora de fraquejar. Se ele descobrisse, ela teria que matá-lo ali mesmo, usando a arma que estava em baixo de seu colchão. Isso seria triste, pois acabaria com toda a graça, Lance tinha em mente algo bem maior do que uma morte sem graça. Ela tinha um espetáculo planejado, mas abriria mão dos olofotes se fosse necessário. 

— Estou esperando sua resposta, Sara.

Revenge | Avalance VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora