| Capítulo 22 |

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Sara estava em casa, olhando para o inquérito em suas mãos e imaginando qual passo dar em seguida.

Ela simplesmente não sabia como prosseguir, Damien era tão sujo, que ela tinha várias armas contra ele, só não sabia o que fazer com elas.

Matá-lo já era certo, e ela não mudaria de idéia tão fácil, a não ser... Quentin! Ele era o único que podia fazer Sara mudar de idéia, ou adiar sua vingança.

Ela sorriu ao pensar no pai e na maneira que ele reagiu ao descobrir sobre a vida dela. Sara esperava uma reação pior, algumas acusações talvez, mas não. Quentin era um ser tão surpreendente, tão puro, que compreendeu a dor da filha e prometeu ajudar.

Ela não tinha idéia de onde o pai estava, ou do que ele faria. Depois da conversa, ele saiu desesperado da construtora e ainda não tinha dado notícias.

Estava preocupada, pois mesmo sendo brasileiro, ele não estava acostumado ao lugar, e não tinha metade da malícia dela. Não que fosse um problema, mas Quentin era tão bom, que não enxergava a maldade das pessoas.

— Sara! – Alguém bateu na porta. – Abre, eu sei que está aí!

A voz de Ava estava alterada, e um tanto rouca... Algo estava errado.

— Olha Sara, eu preciso falar com...

Lance abriu a porta, e ficou ainda mais confusa, ao notar a aparência de Ava. Sharpe estava com os cabelos bagunçados, os olhos vermelhos e inchados, o rosto marcado por lágrimas...

Algo estava muito, muito errado:

— O que está fazendo aqui? – Perguntou, ignorando a aparência dela.

Na verdade, Sara estava muito magoada com Ava, pelas palavras que dirigiu a ela em outra ocasião.

O fato de ela ser uma pessoa, um tanto má, não queria dizer que gostasse de ter isso jogado na cara. Palavras costumavam machucar bastante:

— Er... Sara, eu...

— Não. – Ela a cortou. – Se veio falar sobre a sua "aspirador", eu não quero...

— Não é sobre a Nora. – Disse olhando no fundo dos olhos dela. – Eu preciso que seja forte.

Sara sentiu o coração acelerar. Aquelas palavras não significavam coisa boa, muito pelo contrário, costumavam ser ditas quando...

— O... O que? – Perguntou, já com as pernas bambas. – O que tem pra falar?

Ava estava preocupada com ela, por mais que Sara se mostrasse inabalável, uma notícia como aquela, poderia fazer um grande estrago.

— Fica calma, tá?

— Eu não quero ficar calma! – Gritou, segurando Ava pela gola da camisa. – Diz, o que aconteceu?

— Para de gritar com...

— Mas que porra! – Ela a soltou. – Me diz o que veio dizer, ou vai embora.

Ela estava decidida a não ser influenciada por aqueles belos olhos verdes. Sara sentia tanta falta dela, dos beijos, do toque... De tudo.

Mas não podia ceder, ainda mais depois de tudo que ela falou.

— O Quentin...

Pronto.

Acabou.

Toda a pose, a marra e arrogância... Tudo por água abaixo. Sara desmoronou, ao escutar o nome do pai. Ava não iria até ela, se não fosse algo sério, e lá no fundo, Sara sentia que era grave. Só não queria ter que admitir.

— O que houve com meu pai? – Perguntou baixinho.

O coração de Ava se partiu em pedaços minúsculos ao ver Sara daquela maneira. Era a primeira vez que ela não gritava, ou usava de seu tom irônico na presença dela. A primeira vez que não tinha o que fazer, parou e ficou imóvel, esperando pelo golpe.

Aquilo a atingiu como um tiro:

— Você precisa ter fé, e ser...

— Não quero saber do que preciso, quero saber o que aconteceu com meu pai. É pedir demais?!

Fé. Era uma palavra sem significado para Sara. Ela não acreditava em Deus, em força divina e todo essas coisas.

Lance preferia acreditar em fatos, coisas que ela podia ver e provar.

— Tudo bem. – Ela jogou os braços, em sinal de rendição. – Seu pai está no hospital, ele infartou. Satisfeita?

Sara ficou sem reação. Ela sabia que a saúde do pai estava debilitada, que ele tinha que se cuidar, mas nunca imaginou algo tão grave.

Infarto?

Logo ele, que tinha um coração tão bom, e puro?

Ava ficou observando as reações da moça. Incredulidade. Entendimento. Negação. Dor...

Lance pegou a bolsa na mesa, e a chave do carro, e saiu, sem nem se preocupar com Ava ou em deixar a casa aberta. Ela queria ver o pai.

Ao chegar no estacionamento, Sara foi travada antes de entrar no carro.

— Onde pensa que vai? – Sharpe a segurou pelos braços.

— Ver o papai noel! – Ironizou. – Estou indo para o hospital.

— Você está nervosa. – Falou. – Não vou deixar que dirija assim.

— Que pena, pois não lembro de pedir permissão.

Ava revirou os olhos. Era incrível, como ela não perdia a ironia, nem num momento delicado.

— Não vou deixar você se colocar em perigo. – Ela tomou as chaves da mão dela, e se direcionou ao banco do motorista. –Vem comigo, ou vai ficar aí parada?

Ela descruzou os braços, bufou e entrou no carro.

Revenge | Avalance VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora