Capítulo 30: Painkiller

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“You’re my painkiller when my brain gets bitter you keep me close.”

Harry - Onze anos.

Em Emerald, a vida do jovem Alfa, Harry, parecia estar mergulhada em uma angústia quase insuportável.

Com apenas onze anos, ele era submetido a treinamentos rigorosos que desafiavam os limites da sua idade, enquanto seu pai, Edgar, permanecia implacável o suficiente para privá-lo de brincadeiras e atividades próprias de uma criança comum.

– Levante-se. - Disse Edgar, ensinando Harry a lutar com uma lança que parecia excessivamente pesada para os cachinhos nos olhos do garoto.

– Não dá… machuquei meu tornozelo. - Resmungou o pequeno, tentando esconder a verdade de que o pai o havia machucado acidentalmente durante o treinamento anterior, resultando em uma torção.

– A capacidade de resistir a dor é a verdadeira arma do guerreiro. Domine isso, e nada terá poder sobre você. - Edgar falou firme, sem se importar com a dor que o filho estava sentindo. - Agora, de pé!

O alfa até tentou se levantar, mas seu tornozelo estava começando a inchar, e apenas de tentar se mover já o fez sentir uma dor anormal.

– Eu não consigo. - Negou se arrastando para longe.

– Levante-se, Edward! - Seu pai gritou. - Os franceses conseguirão te matar com uma facilidade deplorável, garoto.

– Eu não sou fraco, estou em treinamento e o senhor deveria me proteger e não me machucar. - Se defendeu. - Eu sou uma criança.

– Você não vale meu sacrifício. - Edgar levantou sua correia de couro preto, para descontar suas amarguras no jovem que se tremia da cabeça aos pés.

– Pai! - Harry gritou com medo.

Outro acesso de fúria tomava conta dele, descarregando sua ira no cacheado de apenas onze anos na época. Harry não compreendia por que era alvo desse tratamento por alguém que deveria amar e proteger.

– Pare! Eu não vou deixar que o machuque mais. - Surgiu de repente a pequena princesa, Lucy, de nove anos, segurando firmemente a espada do rei.

Lucy era sua irmã mais nova, e já demonstrava uma coragem incomum ao enfrentar o próprio pai para proteger o irmão.

– Se virou contra mim, por ele? - O rei gritou surpreso e um tanto indignado, afinal a pequena ômega era sua querida filha, dona de todo o amor que ele guardava em seu peito sombrio.

– Edward é meu irmão, seu filho. Não pode machucá-lo. - Respondeu Lucy, determinada a fazer algo contra o próprio pai, mesmo que tardiamente. Aos onze anos, Harry já tinha quinze por cento do corpo coberto por cicatrizes feitas pelo homem que afirmava ser seu pai.

♔︎

Depois…

Tinha segredos obscuros que eu preferia manter enterrados no passado, coisas que não mudariam nada, mas Louis, como sempre, insistiu em saber mais do que deveria. Por alguma razão, ele quis conhecer uma das minhas piores memórias, e relutantemente, eu cedi.

Conforme eu compartilhava os horrores que vivi, observei a expressão dele se quebrar no meio, o arrependimento tomando conta, junto com um traço de medo nos seus olhos.

– Ai, meu Deus. - Seus olhos dispararam. - Ninguém deveria ter que passar por uma coisa assim.

– Saber o que você sabe sobre mim, só vai te causar morte. E eu não vou permitir isso.

O silêncio de Sapphire - ABO | LS ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora