O grito que ecoou da minha garganta o fez rir cada vez mais abertamente, principalmente com os tremores em minha carne enquanto meus gritos se desfaziam em um choro intenso.
Se não aguentar não vai ter graça meu bem. -- E assim se moveu, eu só queria chorar e pedir que me matasse, mas quando aquilo finalmente acabou eu ainda teria que conviver com as marcas deixadas por eles.
Acordei suando e respirando fundo, levei minha destra ao meu rosto e notei que estava molhado e ao virar para o lado vi Sanzu me encarando seriamente.
-- Desculpa, eu não queria ter te acordado. -- Foi tudo o que disse antes de levantar e segui para o banheiro, lavei meu rosto e apertei o mármore contando de um até dez, era só um pesadelo e não tinha por que sentir tanto.
-- Kim... -- O toque dele me assustou.
-- Você precisa de algo? -- Tentei ser o mais plausível possível.
-- São duas da manhã, apenas vá dormir quando conseguir. -- Encarei o espelho e vi algo que nunca imaginei em seus olhos: um misto de confusão e pena. Sanzu estava preocupado com essa reação quebrada, visto que sempre fui a mulher que entrou em conflito ele. Apenas assenti a esse pedido antes dele sair e apertei a borda da pia com força, me recusando a ver meu próprio reflexo agora que estou plenamente sozinha.
Em pensar que tudo ocorreu rápido demais durante aquela festa.
Eu bebi tanto que esqueci até mesmo onde estava, depois que aqueles olhos amendoados com um fundo tão âmbar apareceram em minha mente, por um segundo desejei morrer e me afogar no álcool parecia a opção correta, pois, nessa noite eu não tinha um sobrenome, era apenas a bonequinha do Haruchiyo, a noiva perfeita que seguia a risca as ordens dele. Pelo menos essa era a porra de imagem que devíamos passar e desde que eu pudesse encher minha cara sem ninguém me questionar, estava tudo bem e foi exatamente isso que fiz.
Bebi pela família inteira, ou como a expressão brasileira detalha: enchi o cu de cachaça. No caso whisky, vinho branco, vinho tinto e champanhe. Uma mistura e tanto para quem não curte fazer isso. Após perder praticamente os meus sentidos e sentir os olhos de Sanzu queimarem minhas costas, subi para a área de descanso que me era permitida trocando as pernas e depois disso apaguei. Quando acordei eu já estava no carro e não lembro de nada após subir os degraus daquela mansão, o fato é que a bebida me deixou extremamente agitada e quando chegamos em casa, fui direto para o banheiro me trancando nele, eu vomitei toda a porcaria que ingerir, tomei um banho de praticamente uma hora e exigi que a cozinheira preparasse algo delicioso e que curasse essa sensação de merda, tudo isso antes das duas da manhã. Parabéns, Kim, se sua mãe estivesse aqui provavelmente bateria na sua cara, dei um belo sorriso antes de encarar a realidade, no fim das contas, eu não tenho ninguém que se importe sem que veja algum tipo de vantagem e só posso contar comigo mesma.
OFF
Respirei pesado e encarei meu semblante no espelho, abri as portas dos armários atrás de um comprimido para dormir e depois de tomar, lavei meu rosto e retornei para o quarto, eu só tenho que descansar e esquecer que a pessoa em quem eu mais confiei foi a que acabou comigo. Preciso acabar de uma vez com essa missão antes que todo o meu Eu que tanto construí vá ao chão e para piorar, aqueles olhos não saem da minha cabeça, me causando cada vez mais temor, tentando me afundar em um poço ao qual não posso me permitir tocar.
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Karma | Sanzu
FanfictionEu tenho um problema que possui nome, sobrenome e vinte e três centímetros, fora o temperamento de merda. Haruchiyo Sanzu é a perversão em formato humano e eu sou aquela que vai tirá-lo do sério. Imagem: @kiui_oishi_ Twitter Dark romance - AU| +18 ...