Extra - Jiang Cheng

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Bom dia filhotes. Chegamos ao fim da revisão e como bem sabem, estou aqui para postar um extra para vocês. Como disse anteriormente, é o capítulo 28 versão super extendida, já que vou contar a história do Jiang Cheng na íntegra. Eu não quis dividir o extra, então serão quase 8k de palavras pra vocês chorarem e me xingarem.
Divirtam-se 😘

⚠️ Peço que não pulem uma linha, pois existem diferenças sutis entre alguns diálogos.

🌙☁️🌙

Jiang Yu era a mulher mais bonita que existia no prostíbulo da qual ela pertencia. Filha de um pai que só sabia beber e a espancar, se apresentou por vontade própria na porta do bordel, onde o cafetão do lugar, depois de a avaliar de cima a baixo, a aceitou.

_Sabe como é a vida aqui não sabe?

_Qualquer coisa é melhor do que viver com um bêbado. E se eu tiver que conviver entre eles, que pelo menos seja comigo ganhando algo.

_E o que te faz pensar que você vai ganhar algo garota estúpida?

_Porque eu estou me vendendo por vontade própria. O senhor jamais vai me ouvir gritar ou recusar um cliente sequer, eu só quero que me pague, não importa o quê.

_Tudo bem. Vou lhe pagar cinco porcento de tudo o que ganhar com os clientes, incluindo o dinheiro do seu leilão, mas te advirto, que se você engravidar, eu paro no mesmo instante de lhe pagar.

_Eu não irei! Tenho meus chás.

Mas ela engravidou. Depois de cinco anos, engravidou de um filhote da qual ela nem ao menos sabia quem era o pai. O menininho, um ômega, era absurdamente parecido com Yu e quanto mais ele crescia, mais parecido ele ficava com ela e ela começou a ver nele um potencial para a tirar da desgraça da qual havia caído ao engravidar dele, ela o ensinaria. O treinaria para ser uma vadia e o venderia.

Ela tinha liberdade de ir e vir por ser uma das que se apresentou no bordel. Nunca ficara presa, nem mesmo depois de se irritar com o cafetão, por ele parar de pagá-la e começar a cobrar dela pelas mínimas coisas, zerando as economias que ela tinha feito.

O pequeno Jiang Cheng mal completou dez anos e Yu começou a ensiná-lo a caminhar com postura. Costas retas, queixo erguido. O ensinou como segurar uma xícara, e o bule na hora de servir o chá, o ensinou a como servir bebida e teve a ousadia de beijar o próprio filho para o ensinar como se beijava e os tipos de beijos que ele deveria saber, o fazendo ter ânsia de vomito quando ela fez aquilo o que lhe rendeu uma surra e essa foi apenas a primeira.

Yu o escondia embaixo da cama dela e quando entrava com alfas em seu quarto, fazia o filho se ajoelhar e os chupar e eles não tinham pena, se enfiando até a garganta dele, o obrigando a engolir tudo o que soltavam na boca dele depois e ainda ouvia: “Você é péssimo nisso putinha, precisa de mais treino.”

O garoto não conseguia dormir. Quase sempre tinha pesadelos e acordava chorando muito e sua mãe simplesmente o pegava pelos cabelos e o jogava no corredor.

_Eu preciso dormir porra! Senão minha pele vai estar horrível! Vá choramingar em outro lugar.

E ele ia. Jiang Cheng quase sempre se encolhia diante da lareira quase apagada do salão de jogos quando a ômega fazia aquilo, e ela quase sempre fazia, quase sempre o expulsava.

_A-Cheng? – chamou uma voz baixinha e ao mesmo tempo grave e ele ergueu a cabeça. Ela Xiao Muqin. – Ela te colou para fora de novo filhotinho? Venha dormir comigo venha. – pediu o ômega que tinha um bebê nos braços e o amamentava.

Aquele belo e doce ômega ficou aliviado quando o bebezinho dele nasceu alfa. Não precisaria passar por nada do que ele passava ali naquele lugar.

O adolescente de doze anos se colocou de pé e foi com Muqin. Ele ainda chorava quando entrou no quarto do outro ômega, que pôs o bebê no cestinho ao lado da cama da qual ele dormia e deixou Jiang Cheng subir na cama dele e se deitou também, lhe fazendo carinho nas costas. Conseguia sentir os ossos de Cheng por ele não conseguir comer. Se sentia enojado por causa do que a mãe o obrigava a fazer. Enojado até demais.

_Eu gostaria de falar que vai ficar tudo bem meu querido, mas...

_Eu sei tio... – as crianças nascidas no prostíbulo tinham o costume de chamar os ômegas que ali viviam de tios e tias.

_Mas nesse momento, apenas nesse momento, eu posso te garantir que vai ficar bem querido. Depois de amanhã é seu aniversário de treze anos, vou pedir o que me tem como favorito para lhe trazer mini bolinhos se ele vier hoje à noite.

_Ele sabe que é pai do seu filhote?

_Sabe. Disse que se tivesse dinheiro suficiente me compraria, mas me contento com ele cuidando do meu pequeno Ming e o tirando daqui desse lugar infernal. Como ele é um alfa, eu posso simplesmente dá-lo e é o que farei.

_Queria que o senhor fosse meu mamã.

_Se eu fosse, eu o protegeria de tudo o que pudesse proteger. Agora tente dormir.

_Tudo bem.

Dois dias mais tarde, Jiang Cheng tinha um sorriso enorme e a companhia de mais seis crianças de idades variadas que cantavam parabéns para ele baixinho diante de uma mesinha no quarto de Muqin que tinha mini bolinhos e biscoitos sobre ela. Ele nunca esqueceria a gentileza daquele ômega com ele, do pouco de alegria que ele lhe trouxe e apenas os deuses sabiam que ele precisaria, pois três meses depois, durante um dos “treinamentos” de Jiang Cheng, tudo deu errado e ele se viu com um alfa enlouquecido, imprensando corpo magro contra as tábuas do casebre onde sua mãe o levara, o forçando a tudo e mais um pouco e quando ele dormiu, sabe-se lá quanto tempo depois, sua mãe entrou no lugar e o agrediu e o feriu e ele sabia que ela faria da vida dele um inferno muito pior e tomado de uma coragem que ele nunca tivera, pegou um pedaço de madeira e bateu na cabeça dela e mesmo sangrando e cheio de dor, ele correu sem rumo pela mata atrás do casebre. Correu até seus músculos arderem e seus pés doerem.

Jiang Cheng sentiu a chuva fina e fria que começara a cair enquanto ele pulava de pedra em pedra pelo leito do rio, o atravessando para o outro lado, voltando a correr, mas se freou quando a dor piorou e se escondeu no oco de uma árvore e se encolheu quando a chuva aumentou, o encharcando inteiro e permaneceu ali encolhido durante toda a noite e madrugada.

Amor que Cura (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora