twenty three

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Eu encostei a costa na porta com força, como se ele fosse um ladrão, ou um homem mal. Eu respirei fundo várias e várias vezes, tentando organizar meus pensamentos repentinos que vinham como ondas na minha cabeça, e tentar entender se aquilo foi real ou não.

Passei minutos lá fora e não foi tempo o suficiente para alguém sentir minha falta, quando retornei, Lorna ainda estava sentada no sofá, e o resto do pessoal trancado em seus quartos.

Eu não perguntaria para ela se por acaso viu um Harley Keener fantasma no nosso quintal da frente, pareceria que era doente ou que minha tristeza se alavancou.

- Você está bem? - Eu ergui meu olhar e dei de cara com Luna, com seu olhar para baixo e feições suaves como sempre.

- Claro, querida. - Eu tentei sorrir, mas com certeza pareceu estranho. Meus músculos do rosto não pareciam funcionar direito, eu estava 100% tensa e paranóica e sem saber o que fazer.

Eu corri para meu quarto antes que alguém mais aparecesse e perguntasse se eu estava ótima ou não. Eu olhei todos os cantos do meu quarto, completamente confusa comigo mesmo.

- Por quê?! - Eu repetia isso milhares de vezes para mim mesma, cada vez mais alto, cada vez com lágrimas a mais descendo pelo meu rosto. - Se você estava vivo, por que só agora?! Por que depois de 3 anos?!

Meu corpo começou a doer, ou ele já estava doendo e eu não sentia a dor. Aos poucos as moléculas iam se desestabilizando novamente, como na primeira vez, e a dor veio mais aguda e intensa do que nunca. Eu não pude ao menos gritar. Eu só sentei no canto do quarto, entre a cama e a parede, e deixei a dor me consumir.

Minha cabeça esvaziou e eu me senti morta por dentro. Eu fechei meus olhos, já inchados do choro repentino que eu não soube controlar, foi involuntário, como se eu estivesse cansada e com muito sono.

- Você é tão perfeita. - Uma voz soou pacificamente pela minha cabeça. - Você é tão importante. - Era a minha mãe, parecia uma melodia essas palavras saindo de sua boca.

Eu abri os olhos, devagar, e ela estava ao meu lado, alisando meu cabelo com as mãos, e me analisando como se eu fosse uma boneca de porcelana. Quando ela notou que eu reagi, ela arregalou os olhos e se ergueu na cadeira.

- Tony! - Ela gritou enquanto se afastava da cama e de mim, eu reagi rápido: me ergui e encarei ela e ao ambiente com choque e confusão.

- O que aconteceu, mãe?! Como eu vim parar aqui? - Eu corri até a janela e vi a grande Manhattan se estender no horizonte. Eu estava na Torre dos Vingadores novamente.

Eu estava com as mesmas roupas na qual eu adormeci, eu fechei o pulso e tentei usar meus poderes e consegui atravessar a parede com o braço, então eu estava bem ainda. Eu encarei minha mãe, mas ela não estava mais lá, e sim Tony Stark.

- O que aconteceu?! - Eu fiquei frente a frente a ele.

- Aconteceu que você simplesmente sumiu do mapa e apareceu em Tennessee. - Ele respondeu bravo, com os braços cruzados. - Não era proíbido sair da Torre, isso não é uma prisão, mas vocês estão sendo perseguidos, caçados, entende?

- O quê?! - Eu divaguei. - Isso é um sonho?

- Elizabeth, isso é muito real, você poderia ter morrido. Vocês poderiam. Nunca mais faça isso.

- Me lembra do que eu fiz? - Eu perguntei com a voz baixa.

- Vocês sairam da Torre, houve uma briga e pessoas se machucaram. - Ele se aproximou de mim e tocou na minha cabeça com cautela. - Você bateu a cabeça? Do que você se lembra?

- Zemo me pegou, me levou pra Madripoor, Loki salvou o dia e você me deixou em Los Alamos. - Eu respondi, tentando eu mesma me lembrar disso. - Kitty está em Wakanda e Harley morreu.

- Eu morri? - e então ele apareceu novamente, de trás do Tony. Um sorriso estranho no rosto e uma mancha escura do tamanho do soco do Soldado Invernal na lateral do rosto.

Isso era realmente um sonho e o por que disso eu não soube pensar.

- Você realmente bateu a cabeça. - Ele chegou ao meu lado e passou o braço pelo meu ombro. - Docinho, você não vai me perder tão cedo.

Eu estava tão em choque que eu apenas comtinuei estática encarando Tony com os olhos arregalados e com lágrimas se formando lentamente.

- Isso não tá acontecendo. - Eu disse para mim mesma. Eu precisava acordar desse pesadelo.

- Alpha, o que foi?! - Tony perguntou, Harley me soltou e ficou ao lado dele e me encarou preocupado.

Com passos pequenos eu fui saindo da sala, sem cortar o contato visual com Tony. Minha respiração estava profunda e dificulta, eu não conseguia puxar o ar direito. As lágrimas saíram, uma por uma mas de forma lenta.

Eu cruzei cada corredor daquele andar, parecia um labirinto com paredes e decorações estupidamente idênticas. Eu estava ficando maluca.

E quando eu me virei para ir para outro corredor, um homem alto e musculoso apareceu bem distante de mim. Parecia o Bucky, o Loki e o Pietro conforme ele se aproximava cada vez mais rápido de mim.

Eu estava petrificada, minha mente não sabia quem ele era mas meu corpo pareceu saber. Ele parou bem diante de mim e eu ergui o olhar para olha-lo nos olhos.

Era ele. Um olhar profundo cheio de ódio e vingança, cicatrizes no rosto o deixavam cada vez mais assustador. Era ele. Um homem que eu nunca vi na vida, mas aprendi a teme-lo desde o primeiro minuto. Remy LaBeau, o Gambit, parado na minha frente, enfurecido e coberto de ódio.

Eu pulei. E acordei com o coração quase saindo pela boca.

- Me desculpa, Liz, eu tentei te acordar mas você não reagia então eu tive que entrar no seu sonho e... - Luna surgiu na minha frente, com sua mão tocando a minha, eu respirei fundo e com um leve ar de satisfação.

- Tudo bem, Luna. - eu levantei daquele canto e sentei na cama. Ela se sentou ao meu lado, ainda segurando a minha mão

Isso tudo aconteceu só para me lembrar que eu realmente estou ficando maluca e que meu luto e solidão acabaria comigo de um dia pro outro através de sonhos.

Eu preciso voltar.

A Filha de Tony StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora