seventeen

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Natasha Romanoff não sabia se corria ou ajudava seus amigos. Não conseguia pensar em quem era mais importante agora: Kitty e eu ou Bucky Barnes. Com certeza, na vida de espiã dela, teve momentos como esse que ela soube reagir rápido, mas nesse ela estava lutando para tentar entender qual era a melhor decisão.

— Corram. — Ela disse rápido. — Corram o mais rápido que conseguirem. Corram para longe!

— Mas... — Minha mente se fechou, e algo tomou conta de tudo em mim: da minhas escolhas, do meu corpo e, principalmente, das minhas pernas. Ela mal terminou de falar e eu já estava longe. Estava tão em choque que eu não conseguia pensar no Harley ou na Kitty. Lágrimas quentes e doloridas desciam pela minha bochecha enquanto eu tentava me esgueirar para becos escuros e sujos.

— Me desculpa. — Eu sentei entre duas grande lixeiras e coloquei a cabeça entre as pernas. — Me desculpa, Harley, me desculpa. — Mesmo assim, lamentando comigo mesma, eu não conseguia me ver salvando ele. E lentamente, eu comecei a esquecer do que estava acontecendo.

— Ei. — Ouvi a voz baixa de Kitty. — Você está bem? — Foi estranho ver ela tão calma naquele mome depois de quase ter surtado anteriormente.

Mas eu notei. Ela estava transbordando em raiva.

— Você correu sem pensar duas vezes. — Kitty disse, derramando lágrimas atrás de lágrimas sentindo as maiores das raivas. — O Harley estava lá. Tão indefeso esperando por nós.

— O medo falou mais alto. Se o Zemo disser pro Bucky vim atrás de nós... Nós vamos morrer. — Kitty riu.

— Você não sabe de nada. — E continuou rindo. Eu notei, então, o quão desesperada Kitty estava. Não por, com certeza, o Bucky estar atrás de nós ou pelo fato de ele, sozinho, conseguir abater quatro Vingadores. E sim por causa de Harley. A doce e calma Kitty estava enfrentando seu primeiro demônio, que falava dentro de sua cabeça o quão egoísta foi deixar seu amigo para trás em meio a uma briga dos Vingadores, onde nada e ninguém saiam bem.

— Que os outros estejam bem.

— Você não ajuda em nada, sabia? — Kitty ficou cara a cara comigo. — Você não sabe usar seus poderes, você só reclama e nunca faz nada de útil a não ser falar, falar e falar.

Eu continuei em silêncio, deixando ela soltar aquilo que ela tinha a dizer.

— O mundo não gira ao seu redor só por que você é filha do Tony Stark. — Kitty falava tudo praticamente gritando. — Você é rica, tem pai e mãe que te apoiam e te ajudam quando você mais precisa. Você deveria ajudar de volta com ainda mais! — Ela saiu do beco batendo os pés no chão e com uma raiva imensa. — Eu fui uma X-Men, eu fui explorada até o fim por Charles Xavier, que prometeu me ajudar, mas acabou tirando tudo de mim!

— Você correu também. — Escolhi um belo momento para dizer tal frase. Ela me olhou em choque.

— Cala a boca! — Eu estava em êxtase agora com tudo que Kitty gritou na minha cara. Tudo estava claro agora, eu só precisava de alguém com raiva o suficiente para me mostrar isso. Eu me sentia a pessoa mais inútil do mundo.

— Você não entende. — Eu cobri meu rosto com as mãos. — Não tinha mais jeito. Nós perdemos ele.

— Eu não aguento mais! — Eu não tive tempo de reagir quando um carro preto acertou em cheio as costas de Kitty, que vôo metros de distância de onde estava.

— Kitty. — Eu corri até ela com pressa. — Não. Não. Se acalma. Não fala.

— Minhas pernas. — Sangue saia de sua boca, e ela estava em completo choque. — Eu não sinto. — Ela respirava pesadamente.

Do carro saia o Soldado Invernal, vindo em nossa direção devagarinho.

— Zemo! — Eu gritei. — Por quê?!

— Ela lutou o suficiente. — Ele respondeu, saindo do carro. Ele parou e ajeitou o sobretudo preto e longo. — Você não. — E analisou a situação. — Eu vou dar uma chance para você, Stark. — Ele começou, chamando minha atenção. — Eu ajudo essa menina se você entrar no carro e for comigo até Madripoor.

— Ou? — Eu perguntei.

— Ela fica ai, e eu levo você a força até lá.

E em um piscar de olhos eu me vi sentada no banco de trás do carro, com Bucky dirigindo e Zemo ao seu lado.

— Lizzie. — Por um instante, eu não conseguia ver Harley sentado ao meu lado. Eu não queria olhar para ele, eu estava tão envergonhada com a situação de deixar ele para trás que me deixou desconfortável. — Vai ficar tudo bem.

— Não, não vai mesmo. — Zemo se virou para nos encarar. — Bem vindos ao inferno. Agora, vocês trabalham para mim. Vocês são meus filhos. Vocês não tem nada a perder e nem a ganhar, qualquer passo em falso que você der, menina, o Soldado Invernal quebrará ele ao meio.

A Filha de Tony StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora