twenty four

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Eu precisava voltar e eu insistia em pensar que era pelo Peter. Mas não era. Eu tinha que voltar se não eu ficaria maluca.

— Você não pode. — Foi o que Cassandra disse. — Claro que não! Sua missão é nos proteger.

— Você acha que o hex que está em volta da casa é meu? — Eu a respondi com uma pergunta e ela se calou. — William é muito mais forte e capaz que eu, logo, você ficará bem. — Eu disse em um tom vulgar e irônico, ela bufou. — Não faz nenhuma sentido você me querer aqui.

— Elizabeth, você estando aqui é o que faz Tony Stark proteger todos nós.

— Não, Tony Stark protege vocês por que ele quer ser melhor que Nick Fury.

Ela se calou novamente e um silêncio reinou entre nós, ela me encarou com um semblante único que só ela sabia fazer: seus olhos redondos e escuros cintilavam o mais puro e severo rancor. Ela perdeu a discussão, logo, ficou com raiva.

— Eu não preciso do seu sim, eu vou e pronto. — me absti de mais palavras e caminhei até meu quarto com passos longos antes que ela falasse algo, mas não, nada ela disse, e continuou em silêncio por um longo tempo.

Eu entrei no cômodo com pressa e fechei a porta e a tranquei. Respirei fundo, pensando que não conseguiria chegar nessa parte da história sem desistir de tudo, igual como fiz muitas vezes lá atrás.

Eu encarei a porta com dúvida, esperando se ela viria ou não até aqui tentar falar algo. O silêncio continuou alto e agudo.

— Sério, Lizzie, que orgulho de você ficando cada vez mais dona de si. — Eu ouvi a voz do Harley e fiquei ereta em frente a porta. Não me virei, continuei estática. — Enfim, você vai pegar o ônibus das 17h hoje, que vai chegar em Manhattan lá pelo dia 25, nisso você vai ter que encontrar o Peter. Mesmo sendo noite de Natal, ele não tem com que comemorar, então é bem capaz dele ir para rua vigiar.

— Chega. — Eu disse baixo. — Por que você está aqui ainda?

— Lizzie, eu quero sua ajuda, eu já lhe disse, o Peter precisa. — Ele respondeu com uma voz calma.

— Não é isso. — Eu me virei e fiquei cara a cara com ele. Ignorando completamente a cicatriz manchada perto do seu olho esquerdo, eu me mantive de coluna ereta e respiração desregulada. — Me conta a verdade, por que você quer minha ajuda, Harley?

— Eu não sei aonde eu tô. — Ele respondeu. — Minha armadura está aqui, America diz que está sendo procurada pelo Doutor Estranho também. Eu coloquei 15 rastreadores na minha armadura, um mais escondido do que o outro, Tony é o único que sabe como me achar, e eu não consigo chegar até ele por que a Wanda tem um campo telepático sob todos os Vingadores para impedir do Professor X e a Fênix Negra de usarem os poderes contra eles. America ainda é fraca, não consegue passar por esse campo.

— E eu sou a única? Qual o resto da história? — Eu engoli em seco, tentando segurar as lágrimas. Ele se aproximou, e eu senti ele segurar minha mão, mesmo não fazendo tal ato.

— Lizzie, — Ele respirou fundo. — A ameaça do Caveira Vermelha não existe, ele está congelado em hidrogênio na prisão mais protegida do país. Nick Fury inventou tudo para sequestrar pessoas e vende-las para outras.

— O que?! — Minha voz falhou. — Não faz sentido. A localização... O Loki mentiu?

Ele estreitou os olhos, como se não entendesse o que eu dizia. Eu sempre culminei esta informação, o Loki saber onde o suposto Caveira Vermelha estava fez com que eu pensasse no que o Capitão America escondia. Por que eu estava ali, sendo trocada por informações, sendo que um aliado dos Vingadores já sabia de tudo? Por que Loki não falou com Nick Fury sobre isso?

— Gwen seria dada para o Agente Venom. Peter seria dado ao Osborn. Kitty e Marie seriam moedas de troca para acabar com os X-Men de dentro para fora. Kamala seria dada para a AIM. — Ele ficou em silêncio, como se pensasse se falaria mais ou não. — Morgan foi dada ao Remy LaBeau.

— Morgan? Quem é Morgan? — Eu fiquei confusa, e ele fechou os olhos com força, como se não quisesse falar sobre o assunto.

— Sua irmã mais velha, Morgan H. Stark, ela é o motivo de você estar no meio do nada sem apoio nenhum. Você iria sofrer o mesmo destino dela.

Eu fiquei paralisada, meu corpo formigava e eu não conseguia respirar. Eu estava sem palavras e uma onda de sentimentos me abraçou, e, como um flash, eu lembrei que não era mamãe que brincava de bonecas comigo, e que papai não lia livros infantis para ele mesmo. Era a Morgan, sempre foi ela. Eu comecei a chorar, eram lágrimas tão dolorosas que eu mal podia aguentar o peso delas.

Não chorando por luto ou pelo sentimento de perda. E sim pelos meus pais. Eu comecei a me sentir mal por tratá-los tão mal. Era luto. Sempre foi. Eles me amavam e eu deveria ama-los do mesmo jeito.

— Nick Fury matou minha irmã? — Eu perguntei, mais pra mim mesma, e ele me encarou como se quisesse me abraçar, mas não conseguindo.

— Eu sei que eu estou pedindo muito, Lizzie. — Eu queria poder abraçar ele também. — Mas é pelo Peter, por mim, pela América, e pelo seus pais. Eu quero que tudo volte ao normal.

A Filha de Tony StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora