Prólogo - Parte 1

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- Nome? - Aquele senhor perguntou de maneira corrida e desajeitada.

- Elizabeth. - Ele me olhou de cima a baixo e relaxou os ombros, com um semblante completamente enjoado.

- Só? - Eu sabia aonde ele queria chegar, mas fingi desentendimento quando lhe encarei nos olhos. - Nome do pai? Da mãe? Você pode até inventar um, preciso de um segundo nome no registro.

Respirei fundo. - Potts. Pode ser Potts.

Os professores começaram a me chamar de Beth ao longo que os meses passavam. Eu sou uma adolescente comum, moro em Los Alamos, no Condado de Otero, no Novo México. Eu tento tanto me destacar entre meus colegas de classe por que só isso que me resta fazer nessa situação. Diante disso, meu passado perturbador e inacreditável me atormenta todo o santo dia: Filha de Tony Stark, ou, como eu gosto de dizer, a filha perdida dele. Algo que eu achava clichê, mas era a mais pura verdade.

Eles me esqueceram aqui.

Eu recentemente tive um dialogo com meu único amigo na escola. A amizade com Gabriel é passageira, nos encontramos por que somos iguais e não temos amigos para fazer trabalhos ou conversar, mas eu sinto que ele não gosta de mim e eu também não me importo muito com ele. Mesmo com toda essa ignorância por parte minha e dele, ele descobriu quem são meus pais.

Ele disse algo como "Você passa fome? Sede? Se veste mal ou tem cabelo feio? Não, Beth, você não passa necessidades. Solitária, triste e depressiva? Talvez. Eles não esqueceram de você, docinho, mas com certeza é o que você quer que eles façam." e eu passei horas pensando sobre isso.

Fui mandada ao Novo México para estudar, mas a verdade era que o Sr. Stark com certeza não me queria por perto da área de trabalho dele, ou perto dele, ou perto daquele caos que ele vive todos os dias.

Em uma tarde aconchegante e fria quando eu voltava da escola, ficava longe de onde morava, mas o caminho era decorado por paisagens lindas, então valia a pena andar por ali. Essa cidade era pequena e cheia de pessoas que pareciam amar tanto a vida ao ponto de matar alguém sorrindo. Não era meu tipo de vida, eles me dão bom dia, ou tarde, ou noite, e me forço a sorrir pra eles pra não parecer que estou com raiva, ou triste, ou completamente entediada com isso tudo.

Nunca estive tão calma e despreocupada em toda minha vida, mas quando virei o olhar da paisagem para olhar um homem -que usava um jaleco e um óculos caído no rosto- quase me derrubar no chão, eu senti que me meti em encrenca. Ele parecia desesperado e eufórico. Ele gritava algo como corra, irá explodir! me deixando completamente em choque com a situação. O chão tremeu forte, as casas balançaram com o tremor, as pessoas correram assustadas para longe e eu cai de costas no chão, sentindo todo meu corpo formigar. Eu olhei ao meu redor e tudo estava embaçado pela fumaça cinza e destruído. O homem estava de bruços no chão com os óculos quebrados e o jaleco manchado.

- Você está bem? - Uma voz perguntou e eu me sentei no chão. Me senti estranha e completamente deslocada do mundo. E de repente, meu corpo todo começou a doer. Tudo ficou preto e as vozes ficaram mais altas e agudas. Eu senti que estava atravessando o chão.

Quando acordei, a primeira coisa que eu vi foi um teto branco. Eu olhei pra minha direita e uma máquina estranha mostrava minha pulsação, estava fraca e constante. Olhei pra minha esquerda e a janela mostrava que eu estava a vários metrôs do chão, já que a cidade estava logo ali, e os prédio pareciam insignificantes e pequenos.

- Ei. - Me recusei mentalmente de olhar pro lado e ver o rosto da minha mãe. - O que aconteceu?

- Precisou de tudo isso pra você finalmente vim e falar comigo? - Eu respondi e ela respirou fundo.

- Seu pai tomou uma decisão difícil. - Ela ponderou. - E eu sou uma mulher ocupada.

- Claro. - Disse. - Colocar uma filha no mundo é fácil, agora o resto... - Sussurrei, mas ela pareceu ouvir, mas fingiu que não.

Eu me levantei rapidamente sem entender em que situação eu estava. Meu corpo foi tomado por uma dor desconfortável e em vez de passar, começou a aumentar.

- Bruce! - Pepper simplesmente gritou no pé do meu ouvido no maior e mais sofrido tom de voz possível. Eu não entendi o porquê disso até ver que meu corpo inteiro estava praticamente se desfazendo na minha frente e eu não sentia nada além de dor. - Não toca. - Ela disse quando eu ignorei os pensamentos de que eu estava morrendo lentamente. Toquei minha perna, e a atravessei com a palma da mão.

- Elizabeth. - Bruce chamou, sua voz era firme como a de um cientista e assustadora como a de um vingador. Ele me encarou e analisou todo meu corpo. Eu não acreditava que o grande Bruce Banner, o qual eu estudava sobre, estava bem na minha frente. - Por favor. - Ele estendeu a mão para mim, mas eu a atravessei quando tentei tocá-la. - Desestabilização molecular, o corpo dela está destruindo todas as células do corpo e depois construindo, de maneira lenta. - Bruce disse. - Isso faz o corpo ficar intangível. E deve doer também.

- Não tanto como vocês pensam. Eu 'tô bem!

- Mas uma hora vai piorar. - Ele disse com um semblante sério. - Isso nos trará problemas, Tony! - Eu deitei na cama ignorando completamente que o grande Homem de Ferro estava parado na porta. - Ela está com altos níveis de radiação, ela pode virar uma bomba sem ao menos percebermos.

- Como? Eu estou com o quê!?

- Você ouviu, garota. - Tony disse. - Acho melhor você esquecer, deitar e dormir. Deixa comigo.

As coisas mudariam dali para frente por causa de uma explosão radioativa que acertou em cheio Elizabeth Potts Stark. No caso, eu.

A Filha de Tony StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora