Capítulo 4

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O grupo se aproximou, e o homem, que agora estava com ambas as mãos nas alças do mochilão que carregava nas costas, olhava ao redor, como se procurasse por uma vaga em meio às pessoas. Ele aparentava ter pouco mais de vinte e cinco anos, talvez uns vinte e oito no máximo. Ele tornou a virar-se para o grupo, seus olhos azuis perscrutando o quarteto.

Andrew não reconheceu o perfume que ele exalava, mas, como ele claramente tinha traços estrangeiros, suspeitou que pudesse ser importado. Becky, aproveitando que Greg olhava ao redor, lançou-lhe um olhar que ele conhecia bem. E tinha que concordar. A beleza do sujeito era quase angelical e hipnótica.

   – Vai ser difícil a gente conseguir montar nossas barracas aqui. – Greg colocou a bolsa aos próprios pés.

   – A gente dá um jeito. – Dean estendeu a mão para o loiro, que permanecia calado, observando a interação do grupo. – Viktor, estes são meus amigos. Becky, Greg e Andrew.

Viktor apertou-lhe a mão e cumprimentou o trio, parando o olhar em Greg. Seus olhos faiscaram, e ele disse:

   – Eu avisei que era pra gente chegar mais cedo, Dean. Mas não há motivo para pânico. Eu conheço esta floresta muito bem. Tem uma área aqui perto que dá para montarmos nossas barracas.

Apesar de não parecer com os moradores locais, Viktor falava Inglês muito bem e até polido demais para sua idade. Sua forma de falar era bem característica dos estrangeiros que aprendem um novo idioma com o que é ensinado em livros de gramática, porém, caso não prestasse atenção na maneira que ele pronunciava algumas palavras, seria possível acreditar que era um Americano de alguns séculos atrás.

   – Fofo, eu não vou andar nem mais um passo. Pior ainda, no meio do mato fechado.

O rosto de Viktor enrijeceu por um segundo, enquanto ele olhava Becky. Suas narinas se inflaram, e os olhos miraram o pescoço da garota. 

   – Becky, não tem como a gente montar as três barracas perto umas das outras. – Andrew coçou o queixo, observando um trio de garotas pegar o último lugar vago na clareira,  caminhou para os dois lados, esticando o pescoço, então, retornou. – Até as fogueiras já estão ocupadas. Você conhece mesmo esta área, Viktor? Não tem perigo de a gente se perder?

Com um sorriso de canto, Viktor balançou a cabeça e disse, com uma piada na voz:

   – O único perigo aqui sou eu.

Como se a desconfiança tivesse sido transmitida de um para o outro em milésimos de um segundo, Andrew, Becky e Greg trocaram olhares apreensivos, em seguida, olharam para Dean, que dava um risinho.

   – Corta essa, mano. – Dean estalou a língua, dando um empurrão no ombro de Viktor. – Esse cara adora esse tipo de piada. Vocês acham que eu sou mórbido, espera só até vocês conhecerem ele melhor.

   – Melhor a gente acampar outro dia. – Greg estava sério, e, pelo tom em sua voz, Andrew sabia que ele não estava confortável com Viktor.

   – Nós iremos andar muito mais se fizermos o caminho de volta do que se formos para o lugar que estou falando. – Viktor olhou para Becky e, dando de ombros, acrescentou: – Mas vocês quem sabem.

Como se uma lanterna tivesse sido direcionada para seus olhos, um cintilar sombrio os percorreu, e Becky, agarrando as bochechas de Greg, disse:

   – A gente vai com ele. Estas perninhas aqui não vão aguentar fazer todo aquele caminho de volta. – Ela apontou para a trilha, forçando uma expressão de dar dó, depois, ficando séria, continuou: – Mas um belo chute nessa sua bundinha linda, se me fizer voltar, elas aguentam dar. E aguentam muito bem.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora