Capítulo 5

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As narinas do vampiro se abriram e fecharam como se ele estivesse farejando sua presa favorita, e Andrew pôde ver um estranho cintilar naquelas íris quase inexpressivas. A pele daquele ser perigoso era tão suave quanto uma folha que aguarda para ser maculada pela tinta de seu desenhista. Andrew tentou empurrar a criatura, porém, antes que pudesse levantar a mão, sentiu seu pulso bater na parede e uma pulseira de dedos frios o imobilizar. 

Um sorriso medonho se formou naqueles lábios ensanguentados. O vampiro parecia apreciar cada segundo daquela tortura. Seus olhos negros, em um movimento lento, fixaram-se na jugular, que saltava no pescoço de Andrew. Novamente, aquele brilho psicopata se instalou naqueles olhos intrigantes. As pupilas se dilataram. Andrew não conseguia falar, muito menos gritar. Inalou profundamente e pôde sentir o cheiro doce e sedutor daquela criatura tão ironicamente mortal.

   – Calma! Não vou te machucar! – disse a voz, carregada de imponência.

Andrew piscou diversas vezes, a voz não podia ser daquele homem. Seus lábios não haviam se movido.  Uma calma inexplicável tomou conta de Andrew, e, então, os lábios do vampiro começaram a se mexer. seus olhos negros pareciam travar um combate contra o castanho dos olhos de Andrew, pois não piscou, nem desviou o olhar em nenhum momento.

   – Você não vai gritar e nem vai fazer perguntas! – disse o vampiro, soltando a mandíbula de Andrew, seus dedos deslizando pelo seu queixo tão leves que mais pareceram uma carícia. – Você vai recolher os gravetos que trouxe e vai retornar para o lugar de onde veio. Ao passar por aquela porta, se esquecerá de tudo que viu e sentiu aqui.

Andrew assentiu, encarando os caninos afiados à sua frente, e obedeceu às ordens que lhe foram dadas. Ao passar pela porta, o vento frio beijou-lhe a pele, arrancando-lhe um suspiro de alívio, pois sentia sua pele quente. Caminhou por alguns minutos quase como se estivesse sendo carregado, sem muita noção de seus movimentos.

   – Onde você tava, viado? – Becky veio gritando em sua direção.

Andrew piscou, como se tivesse sido tirado de um transe, e, abrindo um sorriso, respondeu:

   – Como assim onde eu tava? Fui pegar gravetos. –-Ele sacudiu o amontoado que carregava.

   – Pensei que você tivesse se perdido. – O cabelo de Becky estava bagunçado como os de quem havia coçado a cabeça diversas vezes de nervoso. – Achei até que tinha encontrado com o Viktor.

Andrew franziu a testa.

   – Ele não tinha ficado com o Dean e o Greg?

   – É, mas, quando fui até eles pra ver se você já tinha voltado, eles disseram que ele tinha ido procurar a gente pra ajudar a carregar os galhos. 

Galhos e folhas se agitaram atrás dos dois, e eles se viraram, assustados. Becky apontou a lanterna para a frente, iluminando o sorriso de viktor a poucos centímetros deles. ela deu um grito, recuando.

   – Aí estão vocês. – Viktor disse com a voz amigável. 

Andrew olhou para as mãos dele, procurando pelo celular, mas, quando ia questionar sobre ele estar perambulando na penumbra, Viktor disse:

   – Meu celular descarregou, e eu não tinha trazido a lanterna. – Ele pegou metade dos gravetos que Andrew segurava, e seus dedos roçaram em seu antebraço.

“Que mão gelada!”, pensou Andrew, virando-se para Becky, mas avistou Greg correndo na direção deles, com a lanterna acesa.

   – O que aconteceu? Eu escutei a Becky gritar. – Greg lançou um olhar desconfiado para Viktor.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora