Capítulo 8

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Arrumado para ir de encontro a Greg, ao passar pela sala, Andrew ouviu a previsão do tempo no jornal que o Sr. e a Sra. Muller assistiam. A temperatura cairia drasticamente e, durante a noite, uma forte tempestade aconteceria. A Sra. Muller, abraçada ao Sr. Muller, olhou para as roupas que o filho vestia e, com o tom que toda mãe tem, disse:

   – Nem pense em cruzar essa porta sem vestir um casaco, Andrew!

Ele olhou para a janela da cozinha, avaliando as nuvens cinzentas, então, por não querer se atrasar por uma discussão a qual perderia no fim, correu até o quarto e vestiu uma jaqueta do Chicago Bulls, time de basquete pelo qual ele e o pai torciam.

   – Não vai abusar com a bebida, hein. – O Sr. Muller lançou-lhe um olhar por cima da cabeça de Selena, dando uma piscadela.

Andrew sorriu, pois sabia que o pai só dizia aquele tipo de coisa toda vez que ele saía com os amigos para que Selena sentisse que tinha o apoio do marido em toda a sua preocupação.

   – Deixa comigo. O Greg tá me esperando. Amo vocês.

   – Nós também – disseram os pais, aninhando-se um no outro debaixo de um cobertor.

Becky o aguardava no corredor, com um penteado ondulado até os ombros e seu casaco com estampa de universo. Ela não tinha medo de ousar em suas roupas, tampouco, se importava com a opinião das pessoas. Característica que Andrew admirava na amiga.

   – O Dean perguntou se a gente tinha esquecido que a social era hoje. – Becky entrou no elevador, exalando a colônia de baunilha que usava. 

   – Ele não tá ansioso demais pro Dean que a gente conhece? Tem certeza que não trocaram ele por um clone ou algo assim?

Becky o olhou, sacudindo a cabeça, mas logo ganhou a expressão “ufóloga investigativa”, que precedia suas teorias. Andrew gargalhou e a cortou, dizendo que era só uma piada.

Dentro do Uber, a caminho do local marcado com Greg, Andrew observava os clarões no céu. Torcia para dar tempo de chegarem à casa de Dean antes de começar a chover. Becky não parava de digitar, conversando com dean pelo celular. 

Greg estava de pé na quadra abandonada que ficava na rua de trás da sua casa. Andrew observava como, mesmo usando as roupas mais discretas que encontrava, o namorado conseguia ficar atraente. Greg se juntou a Andrew no banco traseiro, dando um boa noite mal humorado para o motorista. 

“Será que ele não queria ir pra casa do Dean?”, pensou, colocando a mão sobre a perna dele. Greg entrelaçou os dedos nos dele, surpreendendo Andrew pelo gesto na presença de um estranho, e forçou um sorriso.

A casa de Dean tinha dois andares e um amplo jardim na entrada, o que Andrew imaginou ser coisa da mãe do rapaz, já que ele era mais voltado ao lado obscuro da vida. O vento frio bagunçava o cabelo de Becky, espalhando-o por seus ombros, enquanto ela caminhava até a porta de entrada.

A garota parecia uma criança abraçada à bolsa com as bebidas, sorrindo e tagarelando sobre as músicas que pedira para Dean acrescentar à playlist. A cortina da janela ao lado da porta foi afastada, e o rosto de Dean apareceu por um segundo, então sumiu. 

   – Até que enfim! – disse ele, antes mesmo de abrir a porta. Segurava um copo de bebida. – Entra aí. O Viktor também já tá chegando.

Ele recolheu as bebidas dos braços de Becky e deu-lhes as costas, passando por um móvel com louças mais antigas que os quatro juntos e indo direto para a cozinha. 

   – Animadinho, ele, né? – comentou Greg, em um sussurro.

Andrew deu uma cotovelada de leve em seu braço, e ele se encolheu, soltando um gemido. Andrew estranhou, pois nem tinha sido tão forte, mas Greg soltou sua mão e seguiu Becky até a cozinha.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora