Capítulo 12

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Andrew não sabia quanto tempo teria até que Kai retornasse, já que ele tinha toda aquela velocidade. Precisava aproveitar o tempo sozinho para avisar à Becky onde estava. Se ao menos soubesse onde estava…

Correndo pela sala, revirando tudo o que encontrava e tentando deixar do mesmo jeito de antes para não ser descoberto, ele tremia, pegando o celular do bolso. Deixou-o cair, mas, imediatamente, o recolheu e abriu a conversa com a amiga. Não estava tão isolado quanto achava, pois ainda tinha sinal. Foi então que teve a ideia de enviar sua localização para ela pelo GPS.

“Obrigado, tecnologia!”, pensou, enviando a mensagem, então colocou o aparelho de volta no bolso. Parou no meio da sala, olhando ao redor. Se ele tivesse que esconder um lugar daqueles, jamais deixaria as chaves em um lugar tão fácil. Por via das dúvidas, abriu as portas do andar em que estava, mas todos os cômodos eram normais. Quarto, sala, banheiro, cozinha…

   – Droga… Tem que estar em algum lugar aqui… 

Becky ligou. Ele atendeu, descendo as escadas até o lugar onde vira a armadura samurai.

   – Viado, que lugar é esse que você me… – Podia se ouvir música e vozes no fundo da ligação.

   – Becky, não tenho muito tempo. – Andrew atropelava as palavras, ficando mais desesperado a cada segundo que passava. – Eu estou preso aqui. Cuidado com o Viktor. O Greg tá morto.

Rebecca deu um grito do outro lado da linha, chorando e questionando em palavras indecifráveis, mas Andrew não tinha tempo para tentar acalmá-la. 

   – Só me escuta – disse ele e percebeu que Shawn estava perguntando o que tinha acontecido ao fundo. – O Shawn está contigo ainda. Ótimo. Vocês precisam me ajudar. Eu preciso tirar o Greg daqui.

Becky não conseguia falar e parecia estar tendo dificuldade para respirar com a notícia de que Greg havia morrido. Shawn assumiu o telefone.

   – Andrew, nós estamos indo até você. Não sei o que aconteceu, mas tenta ficar em segurança até chegarmos. – Ele desligou.

Era o que ele queria. Atraindo Becky para a casa, se Kai estivesse certo sobre Viktor não poder entrar, ela também estaria segura. Greg voltou a gritar. Sons de batidas, como se ele estivesse jogando o próprio corpo contra a parede, vinham de dentro da masmorra. As correntes se batiam. Aqueles eram gritos de dor ou de fúria? 

Andrew engoliu em seco, diante da porta de ferro, pensando se seria mesmo uma boa ideia soltá-lo. Seus instintos diziam que aquilo era um erro, mas não podia deixar Greg naquelas condições. Era desumano.

   – Andrew! – Greg berrou, fazendo-o dar um pulo. – Rápido! Me tira daqui! 

Então começou a chorar lá dentro. Aquele sofrimento todo estava torturando Andrew. Soluçando, passando a mão na cabeça, ele se esforçava para achar a tal chave. Revirou praticamente tudo o que tinha no lugar. Exceto uma coisa.

“Por que ele não queria que eu chegasse perto dela?” Jogou-se em direção à armadura, ignorando os calafrios que ela lhe causava, e enfiou a mão por dentro do capacete dela. Vazio. “Só pode estar aqui!”

Havia vasculhado cada centímetro daquela coisa velha, mas não encontrou nada. Perdia as esperanças, deixando as mãos caírem ao lado do corpo, quando virou-se para trás e percebeu uma portinha abaixo da escada. Seria uma espécie de armário de utensílios de limpeza? Mesmo achando que não teria nada lá, aproximou-se e puxou a maçaneta.

Em meio à escuridão, aranhas e pequenos insetos construíamm suas casas. Ele mirou a lanterna para os cantos, encontrando baldes e vassouras, como suspeitava. Soltou um suspiro frustrado e chutou o balde. 

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora