Capítulo 19

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A casa estava silenciosa. Suas mãos estavam trêmulas, sua cabeça girava. Andrew abriu os olhos e encontrou o olhar de Kai.

O vampiro estava sentado ao lado dele, de braços cruzados, e colocou a mão em sua testa.

   – Está bem? Você precisa comer. – Kai se inclinou para olado e pegou uma bandeja com uma refeição completa.

O que tinha acontecido? Tudo o que Andrew se lembrava era de ter… “Meu Deus… Nós transamos!” Ele ergueu o corpo, então olhou para baixo, achando que ainda estava nu.

   – O que aconteceu? Que horas são?

   – Você desmaiou. Eu te dei banho, te vesti e coloquei você de volta na cama. – Kai empurrou a bandeja com a ponta do dedo. – Coma. Você precisa recuperar suas forças antes que eu traga o seu namorado pra cá.

Na travessa, havia um copo de suco de maçã, macarrão com queijo, almôndegas e um pedaço de torta de morango. Andrew passou a mão sobre a coxa, mas não sentiu dor no local da mordida. Kai se levantou e disse:

   – Nunca mais me peça pra fazer isso. – A voz era firme, mas continha um aborrecimento desconsertante.

Andrew pegou o prato, ainda estava morno, cutucou uma almôndega de um lado para o outro e sussurrou:

   – Desculpa… Eu só queria ajudar…

   – Eu sei. Não estou aborrecido com você, mas, sim, com a minha falta de controle. Fazia tempo que isso não acontecia. – Kai parou perto da porta. – Coma. Está de noite, e eu preciso sair para me alimentar. Coloquei seu celular no carregador. 

Se Kai havia se aproximado de Andrew antes ao ponto de parecer confortável em se abrir com ele, agora se comportava como se fossem dois estranhos. Mal o olhava.

   – Alguém ligou? – Andrew pegou o celular sobre o móvel de cabeceira, mas, ao se virar, Kai já não estava mais lá.

Enquanto comia, Andrew conferiu as mensagens e notou que Greg havia ligado duas  vezes. “Será que ele vai aceitar ficar aqui?”, pensou, mas, na verdade, o que o deixava preocupado era se Greg perceberia o que tinha acontecido entre ele e Kai. Terminou de beber o suco e ligou para o namorado.

   – Drew, por que não me atendeu? – Gregory soou quase histérico, então baixou o tom. – Você está bem?

Chegava a ser irônico ele questionar o motivo de Andrew não o ter atendido, se nem ao menos respondera suas mensagens.

   – O que você tem feito? Viu que eu te mandei mensagens ontem?

   – Eu vi.

   – E?

   – Andrew, não é hora de a gente brigar. Eu não respondi porque já tinha recebido notícias suas. 

   – E você quer que eu ache normal você preferir  ficar falando com a Becky pelas minhas costas do que falar direto comigo? – Andrew se levantou e saiu do quarto. Ainda estava faminto. – Eu conversei com o Kai, e ele sugeriu que vocês ficassem aqui. O Viktor disse que em três dias…

Gregory deu um risinho que Andrew conhecia muito bem, ele estava com ciúmes.

   – Muito generoso da parte dele. Tudo bem, nós vamos. Você tem certeza que está tudo bem? A Becky disse que você tá com a aparência abatida.

Era óbvio que aquela aceitação instantânea de Gregory era pela falta de confiança em Kai. Ignorando a coruja, que o seguia com a cabeça enquanto ele cruzava a sala, Andrew se surpreendeu ao ver sacolas de compras sobre o balcão. Kai havia feito aquilo. Ele sorriu de canto.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora