Capítulo 28

53 6 10
                                    

Andrew já vira um dos acessos de raiva de Viktor, mas nunca um daquele jeito. O vampiro esmurrava a parede da casa, destruindo tanto a madeira quanto sua própria mão a cada soco. Sem contar os gritos que arrepiavam até a alma de Andrew. 

Em uma virada súbita, Viktor agarrou Andrew pela roupa e o pôs cara a cara com ele. Ele salivava de tão transtornado. Não parecia encenação dessa vez. 

Andrew previa que sua morte havia chegado. O terror o havia paralizado. Nem sequer conseguia erguer as mãos para segurar os braços de Viktor.

Para sua surpresa e o acréscimo da sua necessidade de deixar aquele lugar, Viktor o soltou, ajeitou suas roupas e, assumindo uma expressão mais branda, contudo, que ainda continha vestígios de sua ira no olhar, disse: 

   – O que mais aquele canalha baixo disse a você? – Seu tom beirava uma calmaria insana.

Contar que Kai lhe havia dito que o amava seria idiotice. Não queria que Viktor se aproveitasse daquela informação para ferir Kai como ele havia dito que Viktor faria. No entanto, Kai mentiu sobre seu passado pelo que tudo indicava. Precisava demonstrar a Viktor que o compreendia. Toda aquela fúria era obra de séculos de mágoa.

   – Viktor… – Andrew ergueu as mãos, tremendo mais que as folhas que se agitavam com o vento lá fora, e as colocou sobre os ombros do vampiro. –  Está mais do que claro que ele nos manipulou. O que ele tirou de você pra…

Viktor o olhou com desdém, tirando suas mãos dele.

   – Nem tente fazer com que eu acredite que agora está compadecido comigo, Andrew. Quando você sonhava em nascer, eu já tinha mais de 170 anos.

Droga! Já imaginava que não seria tão fácil, mas era óbvio que Viktor estava atrás de algo de extrema relevância para ele. Mas o que um vampiro, que pode ter o que quiser a qualquer momento, tentaria resgatar com tanta determinação?

   – Certo… Você me pegou. Chega de jogos. Tem uma coisa que não consigo entender, e preciso da sua inteligência para esclarecer isso.

Ego. Não tinha força física, mas ainda podia tentar fisgá-lo pelo ego. Viktor o olhou de canto, limpando a mão, já cicatrizada na camisa de Andrew.

   – Espero que tenha compreendido que eu não trouxe você aqui para dar aulinhas sobre vampiros para um…

   – Para quê ele precisaria de um conta-gotas com sangue? – Andrew percebeu o interesse tomar conta de Viktor. Até a postura dele indicava que era algo que lhe chamara a atenção. – É. Eu acordei um dia e tinha um desses, sujo de sangue sobre o móvel do quarto dele. Achei que era meu sangue, mas não tinha nenhuma marca em mim.

Viktor caminhava de um lado para o outro, fazendo sons enquanto pensava.

   – É óbvio que ele não usaria o seu sangue… – Falava praticamente sozinho, reunindo suas ideias. – Isso só prova que…

Andrew estreitou o olhar, achando que finalmente Viktor passaria a compartilhar suas suspeitas, porém ele apenas sorriu, como se acabasse de ouvir uma notícia maravilhosa. Acompanhar as alterações de humor dele tornara-se algo impossível.

– Ok. Não me conta. Mas posso saber o que fez você mudar de ideia? Você estar me usando pra ameaçar ele tem algo a ver com o lance que falou sobre não imaginar que ele tinha tanto medo?

Pela primeira vez, Viktor o olhou como se tivesse dito mais do que devia. Andrew não podia perder aquela informação.

   – Eu sabia! Você precisa de mim por algum motivo. Se é pelo fato de ele ter dito que me ama….

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora