Capítulo 27

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Nada que Andrew tentava fazer surtia efeito contra Viktor. Como se previsse seus movimentos, o vampiro impediu com extrema facilidade sua tentativa de usar a arma para derrubá-lo.

   – Isto fica comigo a partir de agora – disse ele, e a arma pareceu evaporar por entre os dedos de Andrew. – Prometo ser bonzinho se você se comportar. Bem, acredito que bonzinho não será uma palavra que você vai associar a mim após ver o seu pai.

Tortura psicológica. Viktor dominava a técnica e tinha prazer de deixar claro. Andrew não conseguia ver seu rosto devido à posição em que estava, mas o sorriso na voz dele era perceptível.

   – Um trato, eu sugiro. – Viktor parou de repente, e Andrew foi lançado pela física contra a quina de algo que demorou a reconhecer ser uma lareira. – Proponho uma conversa civilizada entre nós dois. Eu não te machuco fisicamente, você não me faz perder tempo com suas tentativas inúteis de me atacar, e avançamos para o próximo passo.

Deitando-se sobre o lado que não latejava pelo impacto contra a lareira, Andrew trincou os dentes, pôs a mão sobre a dor e disse:

   – E por que eu deveria confiar em alguém que, minutos atrás, afirmou não ser confiável?

Viktor o olhou com interesse, como alguém que acaba de receber um xeque em uma partida de xadrez, então sorriu.

   – Não deve. – Ele dava batidinhas com a ponta da garra no próprio queixo, em uma atuação digna de óscar de alguém pensativo. — Realmente não. Mas que outra alternativa você teria, querido Andrew?

Os ouvidos de Andrew permaneciam atentos ao que ele dizia, seus olhos, porém, vasculhavam o local em que estava. Não chegava a ser tão imundo quanto a cabana em que acreditavam que ele estava se escondendo, talvez outra estratégia de Viktor para atrasar Kai e os outros.

Provavelmente era mais um dos lugares abandonados que por conta das histórias e lendas locais afugentaram até mesmo os adolescentes mais curiosos. Uma grossa camada de poeira cobria o chão do lugar,. Restos de serragem rodeavam o que sobrara dos móveis de madeira, agora roídos por cupins, misturado às vinhas que a cada ano digeriam a velha casa .

   – Eles vão acabar com você no minuto em que pisarem aqui! É questão de tempo. – Andrew conseguiu se sentar, encostando-se na parede.

   – Você tem o dom de me subestimar. – Viktor parou diante dele, que se encolheu, prevendo algum tipo de agressão. – Eu disse que não te machucaria. Só quero essa coisa no seu bolso. Não queremos visitas indesejadas antes da hora, certo? Apesar de estarmos em uma área remota, o sinal aqui funciona perfeitamente. 

Ele estendeu a mão, apontando para o bolso de Andrew. Lá se fora a chance de enviar a localização para um de seus amigos. Andrew retirou o aparelho do bolso e entregou para ele.

   – Obrigado. Viu como é muito mais fácil se você colaborar? – Viktor deu as costas e arremessou o celular contra a parede, partindo-o em vários pedaços. –Tenho plena consciência de que o Kai, por ser mais velho, é mais forte que eu. Por que acha que não mandei que seus amigos dissessem exatamente onde me encontrar? Vamos lá, você tem capacidade de chegar à essa resposta sozinho.

   – Porque não queria ser encontrado… Não ainda. – Andrew murmurou, olhando para uma das janelas cobertas por vegetação. – Antes de conversarmos, quero ver os meus pais. Quero garantir que eles estej…

Viktor debochou com um sorriso, agachando-se diante dele. O movimento foi tão rápido que Andrew bateu a cabeça contra a parede ao tentar recuar.

   – Gosto da sua petulância em achar que por algum motivo está em posição de fazer alguma contraproposta, rapaz. Mas tudo bem, eu levo você até eles. – Viktor o pegou pelo braço e o arrastou para um cômodo vazio. 

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora