Capítulo 21

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Que Greg era estudioso nunca havia sido novidade para Andrew, mas desde que Becky chegara com o notebook dela, ele não parava de fuçar a internet. Sempre que perguntado, dizia que estava acompanhando as notícias locais sobre os ataques e desaparecimentos recentes.

- Se a gente encontrar um padrão, pode ser um indício de onde Viktor está escondido. - Ele abaixou a tampa no notebook e trocou um olhar rápido com Becky. - Kai, sabe dizer se ele costuma ser cuidadoso em relação às vítimas ou se costuma ir para longe de onde se esconde quando precisa se alimentar?

- Acho que ele não precisa sair de casa para beber o sangue de alguém. - Andrew, passando um dos punhais para Becky, se interpôs. - Quando ele ligou pra gente, tinha um cara lá. Ele deve fazer o mesmo que vocês estão fazendo.

Ele olhou para Lindsay, depois para o dono da caminhonete, que descobriu se chamar George. Kai concordou com ele.

- O Muller tem razão. - Kai caminhou até a porta dos fundos e olhou para o céu. - Mas você também não está errado, Greg. Se ele fosse um vampiro iniciante, escolheria qualquer pessoa para sequestrar, mas, como pode ver, nem eu, nem sua mãe, escolhemos pessoas as quais muita gente daria falta caso desaparecessem.

-- Exato. - Eleanor, subiu as escadas do porão, com a aparência impecável de quem havia tido um sono revigorante. - O George, por exemplo, é um solteirão que vive em uma casinha no meio do mato. A única coisa que não está fazendo sentido pra mim é que, se ele não estivesse querendo chamar atenção, não deixaria alguns corpos para serem encontrados.

Becky balançou a cabeça, com o ar de quem já tinha pensado em tudo aquilo que eles estavam discutindo antes.

- Está na cara que é proposital. Com licença, fofa. - Ela pegou no pulso de Lindsay e o mostrou para eles. - Como o Kai disse, ele não é inexperiente. Segundo as notícias, os corpos que foram encontrados tiveram como causa da morte ataque animal. Se for mesmo ele o causador delas, está deixando aquelas marcas como cortina de fumaça. Ou os vampiros precisam mais do que sangue para se satisfazerem?

Agora acariciando Alucard, Andrew aguardou pela resposta de Kai, que se virava de volta para dentro da sala.

- De acordo com as coisas que eu já li, sangue é o suficiente. - Andrew disse, não tão seguro quanto estaria antes de ter contato com vampiros reais.

- Não me parece um comportamento que ele teria, julgando pelo tempo em que convivemos. Mas ela pode ter razão. Talvez ele esteja querendo desviar a atenção para outro lugar. - Kai estava sério. - Onde está o seu namorado?

Andrew cutucou o ombro de Becky, que não se dera conta de que Kai falava com ela. Com as sobrancelhas franzidas, ela deu um riso nervoso e disse:

- Ah, o Shawn? Bem... - Ela ficou de pé, andando até a porta da sala. - Ele foi visitar os familiares em Ohio. Ele disse que tinha comentado sobre isso com você, Drew. E ele não é meu namorado, querido. Não viaja.

Kai soltou um arzinho pelo nariz.

- Pode até não ser, mas vocês dormiram juntos.

Estranhando aquela afirmação, Andrew o encarou, perplexo, porém foi Greg quem respondeu:

- Nosso olfato. - Ele apontou para o próprio nariz, passando na frente de Andrew, e deu uma olhada de canto para ele. - Conseguimos sentir quando alguém está com o cheiro de outra pessoa nela.

Todos ficaram em silêncio. Aquela era a confirmação de que ele sabia o que tinha acontecido entre ele e Kai. Sem saber o que dizer, Andrew não conseguiu sustentar o olhar e olhou para os próprios joelhos, onde Alucard cochilava.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora